Capítulo 5

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Samantha o olhava atônita. Procurava entender por qual razão pela qual ele insistia em mantê-la ali. Aquele homem era realmente surpreendente com suas atitudes.
_ Eu não sei. Eu...- disse ela hesitante_ Eu nunca trabalhei como governanta antes, e não tenho referências para lhe dar e além  mais, não sei se volto pro Brasil...
Steve levantou-se e se aproximou dela e sua voz era enfática.
- Não preciso de referências.O fato de ter morado aqui e conhecer bem a casa é uma ótima credencial. Daqui a três semanas voltarei para Londres, mas  se você  não voltar para o Brasil, pode ficar aqui  pelo tempo que achar necessário. Até se recuperar totalmente.
Samantha levou a mão ao coração.
Meu Deus! e agora? Era uma proposta irrecusável.Ainda mais depois que ele  lhe falou a oferta de salário. Ela estava completamente sem dinheiro e sem rumo ou paradeiro. Era o arranjo perfeito para sua vida.
Um lar... seu lar... Um emprego, em Haibow Hill, o lugar que sempre amara...
O olhar de Steve parou nas mãos dela.
Ela retorcia as mãos nervosamente.
O olhar masculino subiu para os pequenos seios que subiam e desciam por causa da respiração arfante.
Ela sentiu seu corpo contrair-se e ele se afastou .
_ Então? _disse ele na expectativa _Eu confio em você Samantha, tenho certeza que dará conta de tudo. Aceite por favor.
Samanta sentiu um arrepio de medo.
Como ela lidaria com  toda essa confiança? Será que ele agiria da mesma maneira se descobrisse a verdade sobre seu passado?Seria tão cordato e gentil? Será que  lhe faria essa oferta de emprego?
Mas ela não estava em condições de recusar a oferta de emprego que  caíra do céu.
Além do mais, ele mesmo disse que em breve voltaria para Londres. Aí então, ela ficaria mais um tempo em Haibow Hill e depois seguiria sua vida, como ele mesmo sugeriu.
Não precisava lhe revelar seu passado, Aquele era apenas um emprego temporário. Quando chegasse a hora iria embora para o Brasil e ponto final.
_ Tudo bem. Eu aceito.
Por um momento seus olhares se encontraram. Steve a olhava tão intensamente que Samanta baixou a cabeça envergonhada.
Despediu-se timidamente e  o deixou no escritório sentindo  o olhar ardente e penetrante de Steve nas suas costas.

...

Nos dias que se seguiram, eles mantiveram um relacionamento distante e formal.
Steve passava o dia trancado no escritório enquanto ela passava o dia arrumando a casa, trabalhando no jardim ou lendo.
Só se viam na hora das refeições.
Samantha lhe servia a comida na belíssima sala de jantar, enquanto ela comia sozinha na cozinha.
Steve não gostava de comer sozinho, mas era melhor assim.
O melhor era não manter nenhum contato com aquela mulher. De alguma maneira o olhar triste e inocente de Samantha lhe penetravam na alma de maneira intensa e estranha.
Ela tinha um jeito muito especial. Era charmosa e seu sorriso era caloroso e genuíno Ela era bem diferente das mulheres inglesas e de outras nacionalidades que havia conhecido.
Sua presença era suave e doce e já se espalhava pela casa nos pequenos detalhes. Havia flores, cheiro de bolo , pão fresco, e mesmo nas manhãs geladas, ela saía para cuidar do jardim e parecia muito feliz com essa simples tarefa.
Steve acompanhava seus movimentos no jardim pela janela do escritório.
Ela chegara há apenas cinco dias, mas sua aparência, entretanto, já apresentava uma sensível melhora. Ela havia perdido o ar de cansaço e tristeza e desabrochava como uma flor ao sol.
Steve estava muito consciente da presença dela, da intensidade da sua fragilidade, da sombra de angústia em seus olhos.Ficara atraído por ela desde o primeiro olhar e isso nunca lhe acontecera antes.
Ele era um homem acostumado a manter o controle rígido sobre a sua vida.
Controlava seus negócios, seu dinheiro, e suas emoções com muita severidade, nunca agia impulsivamente. Mas desde que conhecera Samantha, vinha agindo de forma diferente, e ele não sabia se estava gostava disso ou não. Não gostava assentavam de perder o controle sob a sua vida,muito menos por uma mulher que era completamente diferente de tudo que relacionava a si mesmo. O melhor que tinha a fazer era tratá-la o mais distante possível e esquecer aqueles adoráveis olhos verdes dourados.
Samantha se distraía cuidando da casa e do jardim. Isso a ajudava a não pensar nos seus problemas.Ainda não tivera coragem de ir até o chalé, mas sabia que mais cedo ou mais tarde, teria que romper com essa barreira e ir até sua antiga casa.
Sentia um pouco de remorso pela sua insegurança, mas simplesmente não conseguia ir até o seu antigo lar.
Ela passava muito tempo sozinha já que Steve se trancava no escritório a maior parte do tempo. Não que isso a desagradasse. Muito pelo contrário, a presença marcante e atraente dele a amedrontava e encantava ao mesmo tempo. Ela não sabia se estava gostando disso ou não.
Durante o dia enquanto trabalhava no jardim, Samantha sentia os olhos de Steve seguindo-a por toda parte. Ansiosa, ela sempre procurava sair rapidamente do seu campo de visão. Estava vivendo um momento péssimo, mal sabia administrar sua dor, quanto mais lidar com aquele estranho e forte sentimento que sentia por Steve. Ela havia sofrido muito com Ryan e a dor ainda dilacerava-a por dentro.
O melhor a fazer era manter-se afastada de Steve. Não saberia lidar com todo aquele sentimento que inundava sua alma quando se via perto dele.
Uma noite, Samantha estava na cozinha cortando os legumes, quando sentiu um leve arrepio na nuca. Não precisou olhar para trás para saber que ele estava ali. Uma sensação quente tomou conta do seu corpo, deixando-a em estado de alerta.
Parando perto da pia, Steve a olhou de modo penetrante.
_ Hoje eu não quero jantar sozinho. Você vai me fazer companhia.-Ele disse olhando-a fixamente.
Sua vontade era gritar que não. Como poderiam jantar juntos? Será que somente ela pressentia a atração que se instalava no ar quando ambos se encontravam?
Ela não respondeu nada, continuou cortando os legumes quando sentiu os dedos de Steve acariciando levemente seu braço. Era uma carícia gentil e ao mesmo tempo sensual.
Sentindo arrepios pelo corpo ela quase derrubou a vasilha com legumes dentro da pia. Não! Aquilo não podia acontecer! Não podia estar sentindo todas aquelas sensações estranhas de desejo. Sim! Ela se sentia atraída por ele! Mas com todas as forças de sua alma, sabia que não podia se deixar envolver com ele.
_Você é uma mulher de poucas palavras Sta Gomes.
Olhando-o nos olhos, Samantha puxou seu braço libertando-se do toque perturbador de Steve.
_Não tenho muito para falar Sr. Burten.
Steve pegou uma maçã e deu uma mordida, sem deixar de fita-la.
_ Todos nós sempre temos algo para falar._Ele indagou tenso. Porque ela sempre o repelia?
Samantha continuou fazendo seus afazeres  procurando manter-se aparentemente calma.
_Pode ser._ Ela murmurou.
Ela então colocou os legumes para cozinhar sob o olhar atento de Steve.Para seu desespero, ele sentou-se na cadeira observando-a preparar o jantar.
_Você não confia muito em mim não é mesmo?
Fingindo não ouvir, Samantha colocou a carne para descongelar no microondas. Ela estava muito confusa. O que falaria? Estava muito perturbada com o rumo daquela conversa. Afinal de contas, o que ele queria?
Um frio tomou conta de seu coração, e ela sentiu que o suor se formava em sua fronte, nem se quisesse conseguiria responder alguma coisa a Steve.
_ Vou fazer você confiar em mim._ Steve falou baixinho.
Samantha corou ao ouvir aquela afirmação dita num tom tão íntimo. Ele não iria tirá-la de seu centro. Precisava se manter isenta de demonstrar qualquer tipo de emoção com as palavras que ouvia.
_ Senhor Burten, servirei seu jantar e depois irei me recolher - ela disse ansiosa.
_ Não. Você vai jantar comigo.
Samantha torcia nervosamente o pano de prato nas suas mãos.
_ Sr. Burten. Por favor, eu não poderia. Não é certo...
Não sabia porque, mas a insistência dele a fez sentir-se ameaçada por aquele homem poderoso. De repente sentiu vontade de desaparecer dali e nunca mais voltar.
Steve não estava disposto a ouvir  um não como resposta.
_O que não é certo? Aqui é a minha casa, e eu estou lhe convidando amistosamente para me a acompanhar no jantar, onde está o problema?
Samantha manteve os olhos baixos. A insistência dele, a fez  suar frio  debaixo do casaco. Ela sentiu-se acuada e obrigada a fazer algo que não queria. Talvez por conhecer tão bem aquela cena, ela sentiu que sua ansiedade começou a fazê-la sentir-se mal.
Ryan sempre a tratava  da mesma maneira arbitraria, com a  mesma imposição cortante, que sempre acabava em agressões físicas muito violentas.
De repente, sentiu uma pequena vertigem. Tentando se controlar, Samantha pegou os pratos para servir a mesa. Mas seu corpo foi amolecendo, e os pratos escaparam de suas mãos antes que seus olhos ficassem escuros e ela caísse na mais profunda escuridão.

O segredo de Samanth_ Revisado!!!!Onde histórias criam vida. Descubra agora