Steve ficou calado com as mãos no bolso, vendo-a correr para seu quarto.
Ele não era adepto de relações que envolviam algum tipo de emoção, mas raios! Samantha mexia realmente com ele. Ela reagiu aos seus carinhos de maneira tão apaixonada, tão delicada... tudo fora tão intenso que o deixou meio desnorteado. Esse era seu estado agora.
Mas porque ela o tratava como um inimigo? O que teria acontecido afinal de contas com esta mulher?
Caminhou até o bar e serviu-se de uma dose dupla de uísque.
Não podia negar. Suas defesas caíam diante de Samantha, como um raio que devasta os campos em dia de tempestade.
Seu mundo cartesianamente organizado e previsível fora rompido quando por uma ação do destino, quando esta mulher apareceu no seu caminho. Em tão pouco tempo, ela tomava conta do seu pensamento, provocando-lhe sentimentos que nunca havia sentido antes.
Todo o vazio de seu peito desaparecera assim que Samantha lhe sorriu, rompendo com a sua couraça que insistia em manter firme como a disciplina de um atleta. Nunca em toda sua vida, sentira aquele tipo de conexão com nenhuma outra mulher.
Steve andava de um lado para o outro, se sentindo encurralado.
Se serviu de outra dose de uísque.
Não conseguia esquecer os momentos em que estivera com ela em seus braços braços, da maneira delicada e quase inocente que a doce mulher havia se entregado aos seus carinhos.
Seu corpo latejou de desejo.
Ele era o tipo de homem acostumado a ter tudo o que sempre quis, a ter todas as mulheres que sempre desejou. E se via ali assim: trêmulo de desejo por uma mulher que fugia dele como o diabo da cruz.
Bebendo seu uísque de um gole só, ele olhou para as escadas que o levariam até o objeto de seu desejo. Ele a queria desesperadamente, mas o pouco de bom senso que lhe restara dizia-lhe para afastar-se dela. Sentia que havia barreiras ali que ele não estava disposto a romper. E definitivamente, Samantha não era uma mulher para brincadeiras ocasionais.
Steve pegou a garrafa de uísque e trancou-se em seu escritório.
..
No outro dia, enquanto ele ainda dormia, Samanta tratou de estar bem longe de casa.
Caminhou até a praia para colocar seus pensamentos em ordem. Queria compreender o que estava acontecendo com ela.
O contato com Steve a fez tomar consciência de que estava carente dos carinhos de um homem. Não conseguira dormir a noite inteira lembrando-se do calor do corpo dele, das suas carícias sensuais e principalmente das sensações maravilhosas que sentiu em seu próprio corpo. Mas ela não podia se enganar.
Era melhor esquecer tudo aquilo. Não devia ter nenhum tipo de expectativa em relação àquele homem.
Sabia que nunca teria espaço na vida de um homem como Steve Burten. Eles eram muito diferentes.
E como se conhecia muito bem, sabia que não conseguiria ter apenas um caso passageiro para depois ser descartada como uma qualquer.
Não. Nunca daria certo. Diante de todas essas certezas quase ditas voz alta, seu coração se apertou.
Sentando-se na areia, ela ficou um longo tempo olhando o mar. Adorava o ar frio do outono, o cinza do mar revolto, aquela sensação de liberdade que lhe invadia a alma e lhe fazia tão bem.
Se pelo menos tia Lily estivesse ali ela não se sentiria tão sozinha. A velha senhora saberia o que lhe dizer, e certamente seu conselho seria para se afastar daquele homem o mais rápido possível.
O peso da angústia a da solidão pensavam sobre seus ombros, e somente o bom senso a impediu de sair correndo pela praia como louca, sem destino.
Distraída, não notou que o próprio Steve caminhava devagar em sua direção.
_ Procurei você em todos os lugares -Disse ele sério sentando-se ao seu lado na areia da praia.
Samanta o olhou timidamente.
Notou que seus olhos estavam com olheiras como se ele não tivesse dormido bem à noite, mas mesmo abatido ele era muito lindo. Nervosa, ela apertou as mãos para não tocá-lo.
_Eu...Desculpe...Mas...._ ela murmurou abraçando os joelhos
Steve a examinava com um interesse perturbador.
_ Não precisa se desculpar.Eu é que gostaria de pedir desculpas por minha conduta de ontem á noite Sta Gomes.
Voltamos ao tratamento formal -Pensou Samantha com amargura. Passaram os minutos seguintes no mais completo silêncio.
_Aceito suas desculpas Sr. Burten.
Depois de uns instantes, Samantha continuou.
_Eu também agi impulsivamente.Mas espero que aquilo que aconteceu ontem não aconteça novamente Sr. Burten. Não... gosto de ser tocada daquela maneira.- Disse ela enrubescendo.
Aquela simples observação dita de maneira baixa e tímida fez Steve desistir de levantar-se e ir embora. Ele encarou-a e uma imperceptível onda de raiva o invadiu.
_ Isso não é verdade Samantha, e você sabe muito bem disso. Não está sendo sincera comigo e nem com você mesma. Você é uma mulher sensual, cheia de paixão e demonstrou isso ontem.Você me desejou tanto quanto eu a desejei.
Samanta levantou-se num salto e o olhou com os olhos injetados de raiva.
_ Não! Não é verdade!
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O segredo de Samanth_ Revisado!!!!
HorrorSamanta é uma jovem frágil, bonita, imigrante brasileira em Londres. Saiu do Brasil ha dez anos, numa busca desesperada pelo seu lugar no mundo. E agora, ela espera que o mundo seja realmente seu amigo, pois o seu terrível segredo do passado é um...