10. Theodore

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No sábado seguinte, Louis se sentou na varanda de casa com o notebook no colo, decidido, mais do que nunca, que terminaria aquele capítulo do livro e também decidiria um título (já que não aguentava mais se ver abrindo o arquivo com nome de "PATÉTICO - segundo livro"). Contudo, apesar das boas intenções, estava há mais de quarenta minutos apenas sentado observando Theo, que usava duas galochas amarelas com desenho de patos nos pés e pulava pelas poças que haviam se formado na grama por conta da chuva do início da tarde.

A imagem era divertida, porque Theo tentava pular de uma poça para outra, mas geralmente suas pequenas pernas não conseguiam cobrir a distância total e ele acabava apenas pulando na grama e fazendo com que pingos de terra molhada caíssem sobre a sua capa de chuva transparente. Apesar da visão ser até mesmo fofa, Louis não poderia estar perdendo tanto tempo do seu sábado naquilo - afinal, ele tinha um capítulo para terminar, um livro para nomear, uma cozinha para limpar e cervejas para beber com Zayn e Liam no final da noite -, mas ele simplesmente gostava muito de Theo.

Gostava de quando Theo saía de casa com suas roupas extravagantes - como na vez em que ele foi para a escola com dois pares de meia, uma comprida laranja e uma curta branca por cima - enquanto Harry tentava fazê-lo mudar de ideia, apesar de isso raramente acontecer. Gostou ainda mais de Theo quando, alguns meses atrás, soube por Maisie que ele havia defendido a filha de algumas garotas implicantes durante uma festa de aniversário dizendo, com exatamente essas palavras:

- Maisie pode até não ser muito bonita, mas vocês não podem falar isso só porque ela está sem um dos dentes!

E apesar de Louis ter achado que Theo não havia tido o menor tato para lidar com a situação (mesmo achando tudo muito engraçado), Maisie ter lhe contado tudo aquilo com tanta empolgação e se sentindo agradecida, até mesmo segura, perto de Theo, já que ele a defendia - da sua maneira única e singela -, foi o suficiente para Louis gostar ainda mais do garoto,  por saber que, apesar das atuais desavenças, sua filha estava segura com ele. Além disso, ele ainda conseguiu conversar um pouco mais com Harry, no meio de um momento em que eles mal trocavam duas palavras e apenas discutiam, e os dois passaram bons minutos rindo juntos (e por vários dias) quando se lembraram de toda a situação, o que também foi um bônus, por mais que Louis não admitisse.

Louis simplesmente achava Theo uma criança "viva" na maneira mais pura da palavra. Uma criança que se sujava na chuva e na terra molhada, que tinha opinião própria, que usava fantasias pelo bairro sem nenhum medo do que pensavam dele e, ainda por cima, tinha um coração bom a ponto de saber quando precisava cuidar de outra pessoa.

Além disso, Theo ainda tinha a sua personalidade única: a de um grande tagarela. Ou fofoqueiro. Na verdade, Theo era os dois. Louis sabia que isso era um problema - e sabia também que Harry e Ryan estavam perdendo fios de cabelo para tentar controlar a boca do filho, apesar de Ryan levar tudo com uma leveza mais significativa do que Harry - ele ainda achava isso uma das coisas mais cativantes em Theo.

Louis sabia de uma coisa: se ele tivesse um filho em algum momento da sua vida, ele esperava que seu garoto se parecesse com Theo.

Alguns minutos depois, Theo cansou da sua brincadeira e se sentou na escada da varanda de sua casa, enquanto mexia em uma mochila com várias peças de Lego, e Louis decidiu que esse era o momento de voltar a sua atenção ao seu trabalho. Seu foco não durou tanto tempo assim, porque quando um carro prata parou em frente a casa de Harry foi para lá que os olhos de Louis se moveram.

Niall saiu de dentro do carro ajeitando o terno, na sua melhor pose de advogado, logo abrindo o portão da cerca de Harry e gritando:

- E aí, bonitão! - Niall chamou, atraindo a atenção de Theo, que logo ficou de pé.

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