21. A (óbvia) escolha

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Na tarde daquela terça-feira, Louis estava agindo de uma maneira que, caso ele fosse visto por algum vizinho desconfiado demais, ele teria com certeza policiais batendo na sua porta a qualquer instante.

O motivo disso se dava pelo fato de ele estar simplesmente parado na cerca que dividia a sua casa com a de Harry, na ponta dos pés, enquanto tentava enxergar alguma coisa pela janela da sala da casa do seu vizinho. Ele já havia tentado enxergar pelo jardim dos fundos, pela janela do seu quarto e pela varanda de casa, mas Harry tinha uma mania terrível de deixar as cortinas sempre fechadas - e Louis, aparentemente, tinha acabado de adquirir a mania terrível de espionar o seu vizinho.

Entretanto, o real motivo de tudo isso se dava por um único fator: Gabriel estava na casa de Harry.

Louis apenas ficou sabendo disso porque estava colocando o lixo para fora e viu Gabriel entrando na casa de Harry e não porque passava realmente todo o seu tempo espionando Harry.

Tudo isso irritou Louis a um ponto preocupante, não apenas pelo fato de ser Gabriel, mas também porque - e Louis ouviu isso da boca de Harry - ele acreditava que o quase-casal estava afastado, assim como Harry disse que precisava se afastar de Louis, já que ele necessitava de um tempo para colocar sua cabeça no lugar. Então por que raios Gabriel estava na casa de Harry?

Isso era o que Louis queria saber e por isso ele estava agindo como um... bom, ele parecia um stalker com a camisa da seleção da Inglaterra.

Louis continuou parado, na ponta dos pés, tentando enxergar algo pela vidro da janela que não estava tampado pela cortina branca, quando a porta se abriu abruptamente e ele se agachou de uma só vez, torcendo para que a cerca o tapasse e que o gesto de estar mexendo na grama funcionasse como disfarce - apesar de ele não saber absolutamente nada sobre jardinagem. Alguns segundos depois, Louis ouviu o barulho de motor de um carro e, lentamente, foi ficando de pé, vendo o carro de Gabriel se afastar pela rua.

Os olhos de Louis vagaram novamente na direção da casa vizinha, mas dessa vez ele não deu a sorte de ter tempo para se esconder e disfarçar, porque Harry já estava parado no batente da porta de casa, de braços cruzados, encarando Louis de cenho franzido.

- O que você está fazendo? - perguntou, parecendo confuso.

- Eu deveria te perguntar a mesma coisa. - Louis respondeu, também cruzando os braços. - O que ele estava fazendo na sua casa?

Harry saiu devagar de casa, demorando quase vinte segundos para descer as escadas.

- Louis, você estava me espionando? - perguntou, com um sorriso petulante aparecendo no seu rosto.

- Não! - Louis exclamou - Eu estava cuidando da minha grama e vi esse cara chegar. Eu pensei que você tivesse pedido um tempo para ele?

- Eu pedi.

- E ele estava na sua casa só de passagem?

Harry suspirou e se aproximou de Louis, parando do outro lado da cerca.

- Apesar de eu não ter dito nada sobre você e a nossa... situação... - Harry franziu o cenho, estranhando a palavra na sua boca - Gabriel chegou a conclusão de que a minha necessidade de um tempo tem a ver com você e acha injusto que você esteja ao meu lado praticamente o tempo inteiro, então resolveu vir até aqui.

- E você apenas aceitou isso?

- O que você queria que eu dissesse? "Por favor, saia da minha casa?".

- Sim, mas sem o "por favor".

Harry revirou os olhos.

- Louis, eu não tinha como fazer isso. - respondeu, cansado.

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