25. Aprendendo sobre constelações

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Louis nunca gostou de domingos.

Durante a sua infância e adolescência, o domingo apenas significava as últimas horas de descanso antes de precisar voltar à escola. Durante a faculdade, o domingo se manteve como sinônimo de "fim de relaxamento", mas tudo se tornou ainda pior porque ele passou grande parte dos seus domingos fazendo trabalhos ou estudando em livros gigantescos. Porém, com a chegada de Maisie, seus domingos viraram de cabeça para baixo: trocar fraldas incontáveis vezes por dia, controlar choros de cólica, lavar roupas vomitadas de leite, arrumar casa...

A medida que Maisie foi crescendo, os domingos se tornaram mais divertidos, porque os passeios começaram, as brincadeiras duravam horas, eles - Louis, Lisa e Maisie - sempre almoçavam em algum lugar diferente, mesmo com o dinheiro sendo algo controlado, porque a intenção era criar as melhores e mais felizes memórias para Maisie.

Mas então, depois do término com Lisa, os domingos, para um Louis adulto e escritor, voltaram a se tornar uma experiência angustiante, afinal, Maisie sempre estava em Londres nos domingos. Com o passar do tempo, Louis foi se acostumando com a ideia de ficar sozinho aos domingos, passou a sair mais com os amigos durante a tarde ou aproveitar para tirar alguns cochilos no sofá da sala sem que ninguém o acordasse com um grito alto de "papai!" que quase lhe garantia um ataque do coração.

Contudo, naquele domingo em específico, apesar de Maisie não estar em casa - Lisa só iria trazê-la no final da tarde -, Louis estava surpreendentemente feliz. Na verdade, pela primeira vez em muito tempo, ele estava gostando de um domingo.

Ele estava feliz porque ele tinha um encontro. Um encontro que prometia ser muito romântico, porque aparentemente Harry havia levado muito a sério quando Louis deu a entender que ele não era tão romântico como gostava de se definir - foi até por conta disso que Harry, no dia anterior, novamente deixou um buquê de flores na porta do carro de Louis com um bilhete escrito a mão que dizia:

"Use sua melhor roupa (e com isso eu quero dizer algo que não seja um conjunto da Adidas, mas que também não seja um terno) e a gente se vê amanhã à tarde.

H."

Louis e Harry não haviam se visto muito naquela última semana porque Louis precisou dar um foco maior ao seu livro - Matt, seu empresário, desde a última reunião quando ouviu da boca de Louis que o livro estava "tomando forma", simplesmente não o deixava mais em paz, sempre cobrando por mais páginas e por uma data - e Harry estava totalmente voltado para Theo e seu braço quebrado (apesar de Theo não parecer nem um pouco preocupado consigo mesmo, porque Louis o viu todos os dias no ponto de ônibus e, mesmo ele não conseguindo colocar a mochila nas costas, o gesso cheio de desenhos dos amigos e adesivos só mostrava que ele estava adorando tudo aquilo).

Por esse motivo, Louis estava surpreendentemente feliz naquele domingo: porque ele iria passar mais tempo com Harry - de quem, ridiculamente, afinal só havia passado uma semana e eles se viram todos os dias por pelo menos dez minutos no ponto de ônibus com as crianças, ele já sentia muitas saudades. Mas, acima de tudo, ele estava ansioso.

Estava ansioso pelo romance.

Por isso, bateu na porta da casa de Harry exatamente dez minutos antes do horário que eles haviam combinado por mensagem (havia isso agora: eles conversavam quase o dia inteiro por mensagem, o que significava um grande avanço para duas pessoas que, tanto tempo atrás, não queriam nem mesmo trocar o número de telefone).

Estava usando uma calça de moletom preta e um suéter branco - inclusive, o seu único suéter de marca, que, claro, havia sido um presente de Zayn - e esperava ansiosamente, como era notável de longe pelo seu sorriso, pelo veredito de Harry se aquela era uma roupa adequada ou não... na verdade, ele só queria ouvir da boca de Harry que estava bonito (ele sabia que estava).

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