Vizinhos

22. Doze de janeiro

Três dias inteiros.

Três dias inteiros se passaram desde o dia em que Harry realmente tomou a sua decisão e viu Gabriel saindo da sua casa - e da sua vida, de certo modo.

Três dias em que ele se viu trancado em casa na maior parte do tempo, evitando Louis de todas as maneiras, e tentando conseguir algum conselho útil sobre como conversar com Louis e dizê-lo que sua decisão estava tomada, que ela tinha um nome, sobrenome e um endereço muito semelhante ao de Harry - e ele não conseguiu.

Um dia depois de sua ficha cair naquela conversa com Gabriel, Harry chamou Niall para almoçar na sua casa. Eles conversaram sobre amenidades grande parte do tempo, até o momento em que Niall, ao terminar de comer, limpou sua boca com o guardanapo, bebeu um gole de água e encarou Harry com um sorriso de lado.

- Então, quando você se decidiu pelo Louis Hoje? Ou já tem alguns dias? - perguntou.

Harry franziu o cenho.

- De onde você tirou isso? - perguntou de volta.

- Eu te conheço bem demais, H. Você sempre fica falando e falando sem parar sobre coisas aleatórias, quando, na verdade, quer conversar sobre algum assunto sério.

- Eu não faço isso.

Niall suspirou dramaticamente.

- Você estava conversando comigo sobre as ações da bolsa de valores de Nova York. Nós moramos na Inglaterra e nenhum de nós dois entendemos merda nenhuma de preço de ações.

- Eu vi no jornal. - Harry deu de ombros, na defensiva.

- Desembucha logo, cara!

Harry revirou os olhos.

- Foi ontem. - respondeu, baixo e parecendo sem graça - Gabriel já sabe.

- Louis sabe? - Niall perguntou, empolgado.

- Ainda não e foi por isso que eu te liguei: - Harry pigarreou e se aproximou de Niall, apoiando os dois cotovelos na mesa - Como eu falo com ele?

O sorriso de Niall foi diminuindo aos poucos.

- É sério isso? - perguntou e Harry assentiu - Ah, Harry, pelo amor de Deus! Só levante essa bunda magrela da cadeira e bata na porta dele! Fale que você decidiu que quer dar uma chance a vocês dois de novo e pronto, felizes para sempre.

- Não é simples assim!

- Como não? É literalmente só andar até a casa do lado!

- Não é simples assim. Nós dois precisamos conversar, você não acha? Sobre... tudo.

- Então fale isso: vamos conversar.

- Mas...

Silêncio. Harry não terminou sua frase, apenas manteve os olhos no seu prato vazio.

- Mas...? - Niall perguntou, arqueando uma sobrancelha.

- Talvez eu esteja com medo. - Harry completou.

- Talvez?

- É, talvez.

Niall suspirou profundamente dessa vez.

- Harry, é o Louis. - disse - O Louis que uma vez cuidou por uma semana de um passarinho que bateu na janela do carro do pai dele, mesmo com o passarinho mais perto da morte do que tudo. É o Louis que escreveu uma música para você, que, com 15 anos, pintou a sua bicicleta no meio da noite só para você ficar surpreso no dia do seu aniversário. É o Louis que quebrou o braço correndo contra uma parede. Tipo... é o Louis. Ele não tem nada de assustador, por mais que ele tente ser. Principalmente, ele não é assustador com você, porque você sempre despertou o lado mais protetor dele, mas ao mesmo tempo o lado mais sensível e bobão. Fale o que o seu coração quiser falar, entende? Eu tenho certeza que vai ser mais do que suficiente para ele.