Areia e vinho.

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Depois do que tinha acontecido no elevador, fomos praticamente em silêncio até a porta do meu quarto, onde Billie me deu um último beijo rápido. Dava pra notar a tensão sexual que estávamos sentido a cada passo que dávamos. Seus olhares me deixavam fraca. Eu sabia que se eu dissesse sim, ela entraria comigo no quarto, mas por algum motivo aquilo parecia errado.

Quando ela foi embora, eu deitei na cama e fiquei olhando para o teto por alguns segundos, sem acreditar no que tinha acabado de acontecer. O que foi aquilo? Ainda podia sentir a euforia que seu toque havia me causado e as borboletas no estômago. Eu estava me sentindo completamente extasiada com um simples beijo e confesso que teria a beijado mais. Mas eu não posso dar esse gostinho para uma completa estranha. Onde estou com a cabeça?

Fui ao banheiro tomar banho para tirar o cheiro de cerveja e cigarro que ficou impregnado em mim na cabana. Quando retirei minha calcinha, me senti completamente envergonhada com o estado que eu estava: vergonhosamente molhada com um beijo. Eu sabia que tinha ficado excitada, mas não sabia o quanto até ver o estado da minha calcinha. Isso era inadmissível. O que essa garota está fazendo?

Tentei me desvencilhar dos meus pensamentos e tomei um rápido banho, ajudando aquela sensação ir embora. Quando sai do banheiro percebi que ja estava amanhecendo e tentei dormir.

                                              ***

Acordei com alguém me ligando incansavelmente.

- Alô?

- Você ja perdeu o café da manhã, quer perder também o almoço? - minha mãe parecia furiosa do outro lado da linha.

- Mãe... que horas são?

- São 13h! Tentamos te acordar a todo custo mais cedo.

- Er... já estou descendo.

Me levantei ainda morrendo de sono. Rapidamente me lembrei da noite anterior o que me fez sorrir involuntariamente. Por algum motivo, naquele dia acordei bem. Achei que fosse estar com uma ressaca miserável.

Desci e encontrei meus pais almoçando no restaurante do hotel. Olhei para todos os lados a procura de Billie, mas não a vi.

- O que você tanto olha? - perguntou John, meu irmão.

- Não é da sua conta. - falei em tom de brincadeira.

- Uau, bom dia pra você também. Ou deveria dizer boa tarde?

Mostrei a língua para ele e comecei a procurar meu pedido no cardápio.

Alguns minutos depois um funcionário trouxe meu almoço e eu confesso que esperava ver Billie nesse momento, até lembrar que hoje ela estaria de folga. Onde ela ficava quando estava de folga?

Ok, não me importo.

Naquela tarde tomei banho de piscina, tomei alguns drinks e vi o pôr do sol na praia. Não vi a garota de olhos azuis o dia inteiro. Ela também não deixou nenhuma mensagem no instagram. Eu não queria, mas confesso que me senti um tanto frustrada.

Decidi fazer uma pequena caminhada pela ilha, nos vastos espaços decorados ao redor do hotel. Onde estavam todas aquelas pessoas que estavam na cabana no dia anterior? Estávamos literalmente em uma ilha, eles não poderiam ter ido muito longe.

Enquanto caminhava senti meu celular vibrar no bolso e logo desbloqueei a tela.

"Me procurando?" - era Billie no instagram. Olhei a minha volta, pois com certeza ela estava me vendo. Não consegui vê-la.

"Onde você está?" - respondi.

"Olhe para sua esquerda." - vi Billie acenando para mim em uma pequena janela. Era um local com entrada restrita apenas para funcionários. Acenei de volta. "Infelizmente você não pode entrar aqui, não com tantas pessoas olhando."

Verão Azul (Billie Eilish)Onde histórias criam vida. Descubra agora