Ponto fraco.

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Começamos a caminhar pela floresta da ilha até nos darmos conta de que estávamos perdidas horas depois. Meu celular já estava desligado. Não se via uma luz sequer vinda do hotel. Estávamos exaustas, com medo, com frio. O céu aos poucos estava clareando.

- Eu não aguento mais caminhar. Preciso de um tempo. - falei, me sentando próximo a uma árvore.

- Aparentemente estamos bem longe do hotel. - Billie tirou do bolso um isqueiro, colocou um cigarro entre os lábios e acendeu.

- Eu não consigo acreditar que você está mesmo fumando agora.

- Anne, o que você espera que eu faça? Eu realmente não sei o que fazer.

Eu fiquei em silêncio. Billie não perdia sua postura inconsequente mesmo diante de uma situação como aquela. Aquilo me deixava completamente brava. Me levantei e sentei um pouco mais distante, me desvencilhando da fumaça.

- Ei. - ela se aproximou. - Me desculpa.

- Eu só... estou preocupada, só isso.

- Eu também estou. Eu só não sei lidar da forma como você lida. Meu cérebro ja me convenceu de que eu não tenho o que fazer. Só precisamos achar o hotel pra que você fique em segurança.

- Ja disse que não vou deixar você no meio do nada e...

- Anne. - ela me interrompeu. - Vai ficar tudo bem.

Ela tirou a mecha que estava caída no meu rosto e acariciou minha bochecha de um jeito doce. Seus olhos azuis me fitavam daquele jeito único que ela fazia. Parecia ler meus pensamentos.

- Não faz isso. - falei.

- O que estou fazendo?

- Tentando me fazer esquecer de tudo o que você fez.

- Eu não faria isso. Tenho consciência do que eu fiz... eu só queria aproveitar enquanto ainda posso olhar pra você e sentir seu toque, antes do nosso mundo virar ainda mais de ponta cabeça.

Me levantei, porque sabia que se eu ficasse ali, eu não resistiria.

- Vamos continuar, temos que encontrar o hotel.

Quando ia começar a caminhar, Billie me segurou pela cintura contra a árvore.

- Não fica assim comigo. - sua voz era baixa, melancólica.

- Billie... - preciso confessar que a vontade de beijar sua boca era gritante em mim, mas eu não podia ceder. Ela distribuia pequenos beijos na minha bochecha e maxilar enquanto abraçava de leve minha cintura. - Eu falei pra você que preciso de um tempo.

Ela rapidamente se afastou de mim.

- Ok, eu entendo...

Voltamos a caminhar pelo caminho que achávamos ser o certo até finalmente avistarmos as luzes do hotel.

- Precisamos pensar no que faremos. - falei.

- Todos estão me procurando.

- Eu vou na frente e depois venho te buscar, ok?

- Ok...

Me despedi dela com um longo abraço e fui em direção ao hotel pelos fundos. Assim que entrei, dei de cara com Lucy.

- Anne! - ela disse parecendo ter visto um fantasma. - Sua família está te procurando.

- Onde eles estão?

- Na sala do gerente.

- Lucy, eu posso confiar em você? - perguntei, eu não tinha escolha.

- Claro que sim, o que aconteceu? Isso tem a ver com tudo isso que estão falando da Billie?

Verão Azul (Billie Eilish)Onde histórias criam vida. Descubra agora