Realidade.

629 87 14
                                    

Nota da autora:
Olhaaaa quem voltou!
Peço desculpas pela demora, a história continua e vai ter um final sim, não se preocupem.
Essa história ja estava "pronta", mas tenho TOC eu tenho feito algumas alterações kakaksj.
Boa leitura! Comentem e votem ♥️
—————————————————————————
Anne's POV

Não queiram saber qual a sensação de ter uma arma apontada para sua cabeça. Um filme da minha vida passava como se fossem flashes, acompanhado de medo e vários arrependimentos.

Justin parecia nervoso, apesar de nitidamente ser uma pessoa calculista. Shawn foi se aproximando de mim aos poucos, até segurar em meu braço e me levar em direção a uma cadeira um pouco distante de onde Billie estava, onde me amarraram.

- O que vão fazer com a gente? O que está acontecendo? - eu perguntava com dificuldade, as palavras falhavam, nunca havia sentido tanto medo em minha vida.

Eles não responderam, apenas subiram a escada de volta para a cabana e eu conseguia ouvir ambos discutindo sobre o que fariam com a gente. Nós precisávamos sair dali.

Não sei se por sorte ou esquecimento do Justin, mas eles não haviam tapado minha boca, apenas amarraram minhas mãos atrás da cadeira e meus pés. Olhei para Billie, seus olhos lacrimejavam. Gritar não ajudaria, estávamos muito distantes de tudo, só faria com que eles acelerassem o que eles fossem fazer com a gente. Eu precisava pensar.

- Eu vou tirar a fita da sua boca, mas não grita, ok? - sussurrei para Billie e ela assentiu.

Fui tentando me aproximar dando pequenos pulos com a cadeira até ficar ao seu lado. Minhas mãos estavam presas, então precisei retirar a fita dela com a minha boca. Nesse momento nossos olhos se encontraram, me trazendo uma sensação de alívio.

- Anne, me desculpa... - Billie sussurrava com o rosto próximo a mim. - Por favor, eu...

- Billie, esse não é o momento, precisamos sair daqui primeiro...

- Como faremos isso?

- Tenho uma ideia.

Para a minha sorte, as cadeiras estavam em cima de um grande tapete velho, o que abafava o barulho. Dei mais alguns pequenos pulos com a cadeira até que eu e Billie ficássemos de costas uma para a outra. Desamarrei suas mãos e ela desatou os nós das minhas, deixando nossas mãos livres.

Rapidamente desamarramos nossos pés. Billie pegou um extintor preso a parede e eu peguei uma garrafa velha que encontrei no chão. Nos posicionamos próximo a escada, a espera de que eles descessem.

Meu coração estava muito acelerado, eu sentia muito medo, mas meu instinto de sobrevivência era maior que tudo aquilo. Ficamos alguns minutos ali próximo a escada vertical presa a parede, até ouvirmos um barulho. Um deles iria descer.

No momento em que Shawn começou a descer, de costas para nós, eu o acertei com a garrafa na cabeça. Eles tentou pegar sua arma, mas tropeçou, caiu da escada e desmaiou.

Billie rapidamente pegou a arma.

- Shawn!? - Justin gritou da cabana.

Billie já o aguardava com a arma apontada para a escada. Ele começou a descer se apoiando na escada e apontando a arma para Billie.

- Vocês estão fodidas por terem feito isso. - Justin dizia furioso. Eu me escondia atrás de Billie, segurando um vidro afiado. Shawn estava desmaiado e sangrando no meio do tapete. - Vamos, Billie, largue a arma.

- Vocês estragaram a minha vida. - Billie dizia.

- O que vai fazer? Se você pensar em puxar esse gatilho, você morre também.

- Onde está o Finneas?

- Ele fugiu.

- Eu não acredito em você.

- Ele fugiu e deixou toda a merda para você. Aceite esse fato se quiser.

Billie parecia atordoada, sua raiva apenas crescia.

- Onde está o meu irmão?!

- Eu já te disse, porra!

Com os olhos lacrimejando, Billie atirou no ombro de Justin, que no mesmo segundo, por instinto também atirou. O tiro foi certeiro, do mesmo lado em que ele estava segurando a arma, que logo caiu ao chão. A bala que ele atirou passou de raspão ao lado da minha orelha.

Com Justin e Shawn caídos, nós rapidamente subimos a escada e corremos desnorteadas rumo a floresta da ilha. Estávamos tão desesperadas, que já tínhamos perdido as contas de quantos minutos havíamos corrido, até não aguentarmos mais.

Paramos gradativamente abaixo de uma grande árvore e nos sentamos. Estávamos ofegantes pelo cansaço. Olhamos ao redor e estávamos distante de tudo, no meio do nada.

- Precisamos cuidar desse machucado. - Billie disse rasgando um pedaço da sua camiseta para limpar onde sangrava, na lateral da minha orelha.

- Na verdade, precisamos saber o que faremos essa noite. - eu disse, preocupada.

- Você vai voltar para o hotel e ir embora com sua família. Eu dou um jeito.

- Eu não vou simplesmente deixar você aqui. - falei.

- Você não entende... acabou pra mim, Anne.

- Billie, me explica o que aconteceu.

Ela parou por alguns segundo e algumas lágrimas acabaram escorrendo dos seus olhos. A partir daí, ela me contou do início tudo o que aconteceu, como tudo chegou naquele ponto.

- Então você basicamente me manipulou... desde o início... - eu falava em choque. Inacreditavelmente eu não sentia ódio, mas sentia um misto de angústia e decepção.

- Anne, por favor... eu preciso muito que você me entenda. Eu não tive escolha... Era a vida do meu irmão que estava em jogo...

- Aparentemente, ele não pensa o mesmo. Olhe em volta. Onde ele está? Quem está aqui por você?

- Eu sei, eu sei... - ela chorava muito e ao mesmo tempo despedaçava o meu coração. - Eu não mereço que você me perdoe. Mas só escuta o que eu vou dizer, ok?

- Eu não sei se quero ouvir, Billie.

Eu não sabia como reagir diante de tudo aquilo. Eu sempre me privei de esboçar sentimentos justamente por esse motivo. Porque era assim que eu me sentia no final. Dessa vez, tudo está em um sentido bem literal. Eu me sentia devastada. Comecei a questionar todos os momentos daquela viagem, desde que nos conhecemos. Eu sequer deveria estar me sentindo tão mal.

- Anne, me escuta. - ela segurou em meu maxilar e olhava fixmente em meus olhos. - Sim, eu manipulei você. Sim, no início eu calculei cada palavra, cada passo. Mas eu sequer sei a partir de qual momento eu me apaixonei por você. - confesso que depois dessa frase meu coração disparou. - Eu não sei a partir de qual momento você se tornou meu principal pensamento no dia, a partir de qual momento a minha preocupação começou a ser morrer antes de poder te dizer que apesar de tudo, foi real.

- Billie...

- Só deixa eu terminar. Eu não suporto a ideia de você pensar que não é importante pra mim. Eu não sei aonde isso tudo vai levar a gente, mas eu preciso que você saiba que o que eu sinto vai muito além dessa superficialidade. Nossos mundos são muito distintos. Eu me odeio por ter trazido você pra toda essa bagunça. Eu me odeio por ter feito você se importar comigo a ponto de ter vindo me procurar e literalmente ter salvado a minha vida. Você deveria ter me deixado ir...

Tudo aquilo me deixou exageramente confusa e extasiada ao mesmo tempo. Eu deveria acreditar? Eu deveria dizer o que eu sinto?

- Eu precisava te procurar, porque eu precisava de respostas. Eu não me conformei com tudo que estavam dizendo sobre você... Eu precisava de uma razão... - falei.

- Essa é a razão... mas a razão deixou de ser só razão desde o momento em que você apareceu.

- Eu preciso de um tempo... eu preciso...

- Não precisa dizer nada. Você só precisa ficar a salvo. Volta para o hotel. O problema é comigo...

- Billie, eu já disse que não vou te deixar aqui. Vamos dar um jeito.

Verão Azul (Billie Eilish)Onde histórias criam vida. Descubra agora