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Capítulo XXII Família (Mikey)

Tive uma conversa rápida com Kokonoi e Kakucho, e voltei para o meu quarto. Eu não estava nem um pouco disposto e a ter que ficar numa sala cheia das mesmas pessoas e ter que ouvir o de sempre de novo! Reclamações, troca de farpas e bobagens que pra mim não tinham sentido. Eu só precisava resolver aquilo que só eu podia resolver. 

Cada dia era mais complicado que o outro e eu sinceramente tentava não me importar só queria que acabasse logo. Mas sempre tinha um problema, e agora tinha mais um. Eu tentei durante horas levantar daquela cama mas só oque consegui fazer depois de todo esse tempo foi ir até a janela olhar a vista. O céu estava limpo, a noite fria e o quarto mais ainda... Só queria voltar pra cama, mas fiquei reunindo energia pra ir até o compromisso que nós tínhamos hoje, foi quando ouvi as batidas na porta e logo depois a voz da Emma:

Emma: Estou entrando...

Ela entrou e fechou a porta. Eu já imaginava oque ela queria mas não queria saber desse assunto agora.

Emma: Quando eu soube não acreditei. Quer dizer que agora trabalhamos com as prostitutas das boates? Qualquer um vai entrando e fazendo o que quer por aqui?

Mikey: Está gritando porque?

Emma: Eu ainda não estou gritando...

Pra mim ela estava gritando, eu não queria mais barulho.

Emma: Vai me dizer o porque disso?

Mikey: Pode ser útil...

Emma: Pra quem?

Mikey: Nós temos um problema para resolver e vamos usá-las nisso...

Emma: Você não acha arriscado deixar duas completas estranhas resolver nossos problemas.? Eu acho..

Mikey: Você não precisa achar nada agora.

Emma: Olha pra mim enquanto fala comigo Mikey.

Eu me virei e enquanto fui até a cama continuei olhando pra ela, me sentei e esperei ela falar.

Emma: Você lembra quem eu sou? Sabe porque eu estou aqui?

Mikey: Quer mesmo que eu responda?

Emma: Eu te segui e seguiria até a morte Mikey, porque você é minha família... Você e o Izana são tudo que me restou... Eu passei muito tempo querendo morrer. Depois que tudo aquilo aconteceu, nós passamos por tanta coisa juntos... vocês foram tudo que me manteve viva. Eu seria capaz de qualquer coisa por você sabia, mais do que qualquer um daqueles seus capachos.

Ela se aproximou, parou na minha frente e se ajoelhou e olhando nos olhos dela, cheios de lágrimas e de mágoa eu pensava em tudo que ela perdeu. Eu não evitei nada daquilo, e arrastei ela até aqui. Quando foi que você se tornou alguém como eu, Emma? Eu me perguntava enquanto ela me encarava... Se eu tivesse feito algo diferente, talvez você estivesse em outro lugar agora, com alguém que você queria de verdade ao lado e que merecia a sua dedicação. Por minha causa você perdeu o amor da sua vida, e tudo que eu merecia de você era ódio, mas mesmo assim você está aqui.

Mikey: Você não precisa se preocupar. Está tudo sob controle.

Emma: Eu e o Izana estamos preocupados Mikey....

Mikey: Está tudo bem. Elas estão sob supervisão.

Ela se levantou, e no mesmo instante aquele olhar triste se tornou raiva:

Emma: Sob supervisão? Os cachorrinhos de estimação delas estão de olho nelas então é isso?

Mikey: Eu sei oque eu estou fazendo.

Emma: Você não aprendeu nada com tudo que aconteceu até agora? A única coisa que nós temos é a nossa família! Não era isso que o Shinichiro gostaria de ver... Eu acho que se ele estivesse aqui, ele estaria dizendo o quanto eu e o Izana nos dedicamos a você. Ele veria tudo que temos feito por você e não deixaria qualquer desconhecido se aproximar desse jeito!... Ele...

Mikey: Mas ele não está aqui! Eu estou...

Eu não queria alterar a voz com ela. Mas não pude evitar quando percebi já tinha gritado e ela ficou ali pensando no que responder:

Emma: Eu tenho feito tudo que é necessário por você Mikey... Coisas que talvez nem você faria. Eu já perdi muito, mas desisti de muito mais por você. E eu não vou deixar duas estranhas estragarem tudo que a sua família fez por você. Eu não posso te perder também... não dá... eu não ia aguentar isso. Parece que você não entende, o único que enxerga isso é o Izana. E ele também faria tudo por você... e tem feito mais do que você imagina..

Mikey: Eu entendi Emma... Chame o Sanzu.

Emma: Às vezes eu acho que sou a única aqui que realmente sabe oque tem que ser feito.

Ela terminou de falar e saiu batendo a porta. Ela mudou, e eu não podia julgar, eu também mudei, mas ela não merecia tudo que aconteceu e eu gostaria de ter conseguido mudar algumas coisas, gostaria de ter sido eu a morrer naquele dia, não ele. Ela perdeu o amor da vida dela, e eu perdi o amigo que era o meu coração. De certa forma uma parte de mim morreu com ele. 

Assim que esse pensamento surgiu ele se perdeu, quando as duas batidas na porta confirmaram que ela fez o que eu pedi.

Sanzu: Me chamou?

Assim que ele abriu a porta eu fiquei esperando que ele dissesse oque ele sabia que eu estava esperando ouvir.

Sanzu: Tive que resolver as coisas do meu jeito. Tem algo de errado acontecendo mas ainda não consegui achar oque é.

Mikey: E até você achar, vai continuar cometendo erros desse tipo.?

Sanzu: Não...

Mikey: Vamos ter que resolver isso, vamos agir com cautela com os Yoshida. Você entendeu?

Sanzu: Sim. Mas acho que assim vai demorar demais...

Mikey: Nem sempre pode ser rápido, ainda mais depois de situações como as que a sua impulsividade gerou.

Sanzu: Eu fiz oque foi necessário para...

Mikey: Não perguntei o porquê... Você vai seguir o combinado. E dessa vez se algo der errado, se você agir por conta própria de novo eu mesmo vou corrigir a situação.

Sanzu: Mais alguma coisa?

Mikey: Eu preciso continuar contando com você.

Sanzu: Você sempre pode.
Antes dele sair, eu precisava falar mais uma coisa:

Mikey: Você está envolvendo essa garota demais, essa situação é complicada. E você sabe muito bem como as coisas acabam nesses casos.
Ele continuou parado encarando a porta antes de sair até me responder:

Sanzu: Eu sei oque estou fazendo...

Mikey: Você parece muito envolvido... Isso pode comprometer seu trabalho?

Ele se virou e me encarou enquanto respondia:
Sanzu: Envolvido? Só o suficiente...Nunca a ponto de prejudicar você!

Ele saiu sem dizer mais nada. Mesmo com toda impulsividade ele era o meu braço direito, disso eu tinha certeza, eu só não podia deixar que ele cometesse mais erros tolos como esses que me geram dor de cabeça. E eu não aguento mais tudo isso. Eu precisava descansar, só que por mais que repetisse isso, meu corpo entendia mas minha mente não aceitava, e eu seguia naquela tortura. Essa viagem era a última coisa que eu queria, mas precisava ser feito.