Capítulo XVII Retorno (Yoru)

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O caminho até Tóquio foi praticamente todo em silêncio,  Amaya ficou o tempo encarando a estrada enquanto eu dirigia, e quando eu tentava puxar assunto só recebia respostas curtas. Nada além de algum sim, ou não, um pode ser e às vezes um: você decide. Eu sei que tudo que está acontecendo tem sido complicado, mas desde que nós começamos a nos preparar para viagem ela se fechou completamente. Nos últimos meses ela se focou completamente nos treinamentos e me surpreendi com o quanto ela realmente aprende rápido, não que eu duvide da capacidade dela, mas ver como ela desenvolveu o manuseio com armas chega a me chocar, talvez esteja melhor que eu... oque definitivamente não é um problema. Oque me preocupa mesmo é o comportamento dela, ela se tornou uma sombra, mal vejo ela pela, perdi as contas de quantas vezes ela me assustou chegando do nada sem fazer nenhum barulho, quase um fantasma! Minha irmã estava perdendo um pouco mais de si a cada dia, e eu nunca vou me perdoar por isso. Fico repetindo pra mim mesma que isso é necessário, e que ela vai ter uma chance no final de tudo isso. E quanto antes começarmos a colocar isso em prática, mais cedo ela vai estar livre disso. Eu consegui uma casa, propositalmente escolhida num bairro próximo o suficiente de uma das boates que pertence a Bonten, a boate em questão tem sido onde eles costumam se encontrar com frequência. O contato que fiz me garantiu duas vagas para trabalhar lá dentro, depois disso precisamos conseguir chamar a atenção deles o mais rápido possível. De acordo com as informações que consegui, os Haitani estão lá com mais frequência, supervisionam o funcionamento do lugar, Kokonoi e Sanzu frequentam bastante, mas o líder e os demais apenas quando precisam realmente se reunir com eles. O problema é o líder Majiro, esse quase nunca é visto lá. Ainda tem algumas coisas que não consegui entender com plena certeza, eles tem muitos vínculos, contatos e informante e desses eu não tenho muitos nomes, oque pode gerar contratempos. Por mais que eles não saibam quem somos, ainda podemos ter problemas com algum espertinho desconfiado. Eles são bons, eu sei, mas nós também somos e eu confio muito na Amaya... Olhar pra ela assim tão diferente, me faz perceber o quanto ela está determinada em resolver isso como eu. Ela não mudou apenas a aparência, mudou também a forma de agir, de pensar e de sentir e mesmo que tenha sido devido a situação, ainda sim ela colocou tudo de si nisso e isso me faz ter mais confiança nela. Ela nunca me abandonou nem nos momentos em que ficamos distantes ela estava comigo, eu sei.

Yoru: Vamos parar para comer alguma coisa logo...

Amaya: Tudo bem!

Yoru: Acho que vamos chegar antes de anoitecer.

Amaya: Que bom.

Yoru: Você podia falar mais que duas palavras...

Amaya: Que bom então!

Yoru: Qual o problema?

Amaya: São vários Yoru..

Yoru: Se você não falar não vou saber...
Ela ficou em silêncio, com aquela expressão que eu já conhecia, ela queria dizer alguma coisa mas não sabia como!

Yoru: Vou refazer a pergunta: Qual problema com Tóquio? Você sempre ficava estranha quando falamos daqui e agora só piorou... me fala Amaya!

Amaya: Eu morei aqui Yoru, estudei aqui, pessoas me viram aqui... eu tenho receio disso interferir no seu plano.

Yoru: Acha que não pensei nisso? Bom, acho que não vai interferir em nada, isso foi a muito tempo. Você sempre disse que tomou cuidado para não chamar atenção e você está muito diferente... mudou o cabelo, está usando lentes... ficou muito bem por falar nisso.

Amaya: Ainda sim podem me reconhecer...

Yoru: Acho difícil, eu quase não te reconheço... Você não mudou só a sua aparência Amaya... tudo está diferente. Você é uma mulher agora, e mesmo que quisesse não seria mais a mesma.

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