Capítulo IX Más noticias (Yoru)

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Quase 5 anos... e quem diria que passaria tão rápido. Eu até poderia dizer que não foi tão difícil, mas quem diria que mesmo nessa gaiola apenas com mulheres eu ia encontrar tantos outros tipos de abuso.
Mas eu fiz oque foi preciso para me manter viva, nada diferente do que já havia feito com aqueles cretinos que passaram pela minha vida, a diferença é que agora eram mulheres que eu tinha que enfrentar, para minha surpresa encontrei tipos ainda piores que aqueles que encontrei lá fora.

Fazer contatos, amizades... e chantagens de todo tipo, um pouco de vitimismo de vez em quando e fui me mantendo firme um dia após o outro. Eu ainda tinha que me acostumar com as investidas desagradáveis de algumas delas, mas foi só me aproximar da minha colega de cela que convenientemente era muito "influente" por aqui que os assédios terminaram. Claro que como tudo na vida, teve um preço mas isso nunca me importou. Paguei e pagaria de novo, alguns favores, algumas tarefas, algumas brigas que me renderam algumas cicatrizes mas nada que não renda uma ótima história para contar depois.

Numa dessas, para buscar um pacote que essa colega influente precisava acabei arrumando uma confusão no refeitório que me fez parar na enfermaria por uns dias, mas de certa forma foi bom... pelo menos algumas delas viram que eu sabia me defender muito bem. Eu levei uns pontos, ao contrário da minha oponente, que aparentemente vai precisar respirar por um tubo por um bom tempo. Depois disso precisei contornar, afinal se eu tivesse apenas me defendendo, essa situação não seria um problema. 

Pelo menos esse tempo por aqui me trouxe um pouco de experiência que talvez eu tire proveito lá fora. Eu já estava prestes a terminar minha pena, e hoje recebi uma visita muito gratificante, a policial que me prendeu veio me contar pessoalmente que o meu querido príncipe encantado havia sido encontrado e que houve um confronto com a polícia.

(...) Encontramos ele numa boate que ele havia aberto a pouco tempo. Para nossa surpresa ele estava mantendo meninas menores de idade em cárcere privado, usando-as como escravas nas boates dele.

Yoru: Eu sabia que era um monstro mais isso... (dessa eu realmente não sabia, pelo menos enquanto estive com ele nunca tive conhecimento desse tipo coisa.. Mas confesso que não me surpreende.)

(..) Eu estava no comando da equipe que invadiu o lugar, e ele confrontou a polícia e no meio da ação eu me defendi... Bom, minha arma disparou. Ele atirou, eu atirei... Mas a minha mira foi melhor.

Ela me deu o jornal com a notícia, e aquele ar irônico dela quando contou, me fez ter certeza que aquela empatia dela pelo meu tão sofrido relato influenciou muito no contexto da "ação" dela.

Yoru: Eu acho que agora, talvez eu possa dormir... (Pra falar bem a verdade eu queria ter atirado nele, mas de qualquer forma eu já não durmo de verdade a muito tempo mesmo. Mas nesse momento minha expressão de sofrimento e um pouco de gratidão caiam bem.)

(...) Bom, isso era sobre isso que eu queria falar com você também. Você já está terminando sua pena, colaborou com informações importantes e tem se comportado bem. Tirando alguns casos isolados. Logo você já vai poder dormir tranquila, longe daqui.

Yoru: Eu nem sei oque dizer... (Na verdade eu podia até jurar que ela estava flertando comigo, mas isso era o de menos. Oque importava era que eu precisava sair e isso estava mais perto de acontecer).

Depois daquela visita não demorou para minha pena acabar, muito só precisei esperar mais um pouco, e eu ganhei o direito de sair do meu "hotel cinco estrelas", esperei tanto por esse dia e quando ele chegou eu nem sequer podia dizer que estava feliz. Eu estava preocupada, apreensiva, desconfiada, com raiva mas...feliz? Acho que não. Peguei meus pertences, que se resumiam as roupas que eu estava usando quando vim pra cá. E saí de lá pensando nas únicas pessoas que eu tinha... Eu só me perguntava se a Amaya estava bem. E também pensava se a minha tia ainda estava bem, se ela ainda estava vivendo naquele inferno e por um instante tive que controlar pra não voltar e atirar naquele monstro que ela chamava de marido. 

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