Se na semana passada alguém estivesse me dizendo que eu, Manuela Campos, estaria indo em um barzinho porque Bernardo chamou, eu daria uma bela gargalhada, porque era algo completamente impossível. Talvez não tão impossível assim, já que é isso que eu estou fazendo no momento.
Júlia e eu estamos caminhando pela rua de braços dados até lá, porque Melissa e Diogo não puderam vir. Eu não deveria me sentir aliviada por isso, mas estou evitando mais Diogo desde o ultimo convite para sair, porque estou com medo de confundir as coisas entre nos pra ele. Odeio ter que dizer não, mas também não fico confortável quando ele me elogia, porque sei que é mais do que só um elogio.
O barzinho está quase lotado quando chegamos. Estamos um pouco atrasadas e quando entramos os três já estão no palco tocando. Não consigo evitar de sorrir quando vejo Bernardo com uma guitarra na mão, tocando perfeitamente bem. Eduardo está mais atrás, tocando bateria, enquanto Luiz Felipe está com o baixo, cantando "Mulher de Fases". A voz dele é simplesmente de outro mundo e faz mais da metade das pessoas ali pularem e cantarem junto.
—A doida tá me beijando à horas. Disse que se for sem eu não quer viver mais não. —Júlia começou a cantar ao meu lado, junto com todo mundo, me puxando para irmos mais perto do palco. —Me diz, Deus, o que é que eu faço agora? Se me olhando desse jeito ela me tem na mão. Meu filho, aguenta, quem mandou você gostar, dessa mulher de fases?
Paramos perto do palco e Érika, que estava sentada em um canto lá em cima, desceu correndo, vindo me abraçar com um sorriso enorme, como se nos conhecêssemos a anos. Soltei uma risada ao aperta-la contra mim, olhando pro palco quando Bernardo olhou na nossa direção e sorriu ao me ver.
—Complicada e perfeitinha, você me apareceu. Era tudo que eu queria. Estrela da sorte. —Meu coração disparou quando ele começou a cantar junto com Felipe, olhando pra mim como se não tivesse mais ninguém ali além de nos dois. —Quando à noite ela surgia; Meu bem, você cresceu. Meu namoro é na folhinha. Mulher de fases.
—É impressão minha, ou ele tá cantando pra você? —Júlia exclamou, falando um pouco alto por conta das pessoas cantando junto com eles.
—Ele com certeza está. —Érika se virou para Júlia, estendendo a mão pra ela. —Prazer, Érika, fã número um do casal.
Júlia soltou uma gargalhada, enquanto eu me dava conta que estava completamente ferrada ao juntar aquelas duas no mesmo lugar. Eu não iria sobreviver, tinha certeza. As duas estavam se apresentando, já engatando uma conversa animada sobre Bernardo e eu. Me afastei das duas, precisando pegar alguma coisa pra beber, enquanto tentava me recuperar. Porque meu coração ainda estava meio doido no meu peito e meu rosto estava pegando fogo.
Fui pro bar, pedindo uma água pra mim e uma cerveja pra Júlia, porque tinha certeza que ela iria encher a cara hoje de novo. Não que eu a julgue por isso. Sou a favor das pessoas aproveitarem a vida o máximo possível, apesar de eu não fazer isso por vários motivos específicos.
—Não corre que não adianta, Manuela. —Júlia apareceu do meu lado e Érika do outro. Mostrei a língua pra ela, empurrando a cerveja na sua direção antes de me virar para a irmã de Eduardo.
—Quer alguma coisa?
—Você vai me pagar uma cerveja? —Ela ergueu as sobrancelhas e eu soltei uma gargalhada com a cara de pau dela.
—Uma água ou uma coca. —Afirmei, vendo ela fazer uma careta e escolher o coca. Se Eduardo daria cerveja pra ela depois era outra coisa, mas eu preferia não me responsabilizar por isso.
Nós três achamos uma mesa livre para nos sentarmos, enquanto os três engatavam outra música animada em cima do palco. Bernardo ainda dava uma olhada ou outra na minha direção, apesar de parecer estar concentrado em tocar guitarra naquele momento. Ele tinha dom pra música e os três juntos tocavam bem demais.
—Ei, Érika? —Júlia se inclinou na mesa pra perto da garota. —Seu irmão tem namorada?
—Não. —Érika fez uma careta, enquanto Júlia olhava na direção de Eduardo no palco, cheia de interesse. Mas eu não demorei a notar os olhos de outra pessoa sobre o palco nela.
—Ele também não é gay? —Indagou, me fazendo olha-la com incredulidade. —O que? Melhor eu perguntar antes de tentar, né?
—Na verdade... —Érika hesitou. —Ele é gay sim.
—Mas que merda, eu não tenho sorte! —Júlia resmungou, enquanto eu via Érika esconder o sorriso atrás da latinha de coca cola, deixando claro que estava mentindo. E pela cara dela, estava claro que ela estava sacaneando o irmão e não a Júlia.
—O Luiz Felipe não tem namorada. —Falei, me virando pra minha amiga. Felipe estava olhando pra ela do palco, então talvez ela tivesse mais sorte com ele do que com Eduardo. —E pelo que eu saiba, ele não é gay.
—Eu desisto dos homens, Manu. —Ela começou a olhar ao redor. —Talvez eu tenha mais sorte com as mulheres hoje.
Balancei a cabeça negativamente, vendo os rapazes deixarem o palco depois de terminarem mais uma música. Meus lábios se comprimiram e eu desviei os olhos quando os três se juntaram com um grupo que estava ali, que eu conhecia muito bem.
—Chernobyl. —Érika resmungou, me fazendo olhar pra ela e ver sua cara de desgosto naquela direção. —Também não gosta deles?
—Não tive uma boa primeira impressão. —Dei de ombros, me segurando pra não olhar naquela direção. —Eu costumo ignorar todos eles na universidade.
Mas simplesmente não aguentei e olhei, sentindo uma pontada desagradável no peito quando vi Bernardo conversando com uma garota. Desviei os olhos na mesma hora, porque Bernardo também olhou pra mim naquele momento. Meu rosto esquentou, porque era idiotice me incomodar com aquilo. Ele havia pedido desculpas e estava tudo bem. Eram amigos dele no final das contas.
—Espero que essa carinha não seja porque você achou que eu toco muito mal. —Bernardo apareceu ali, puxando uma cadeira para se sentar ao meu lado, antes de se inclinar e beijar minha bochecha. —Bom ver você, Manuela.
Continua...
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Todos os "eu te amo" não ditos / Vol. 1
RomanceManuela tem certeza de uma coisa na sua vida, ela não quer ser um peso pra absolutamente ninguém. Ser independe é seu maior sonho e ela sabe que pra isso precisa se concentrar 100% no curso de química que sempre foi o seu maior sonho desde pequena...