Já perdi as contas de quantos sorrisos ele conseguiu arrancar de mim com essas respostas que ele me dá, como se pudesse fazer qualquer coisa que eu quisesse. Mas isso era impossível. O que estava rolando ali era improvável e caótico para os meus sentimentos.
—E qual seria um pedido meu que você teria que dizer não? —Indaguei, porque queria apenas provocá-lo. Mas Bernardo olhou pra mim, fazendo meu coração errar algumas batidas quando vi que ele tinha uma resposta para aquilo.
—Se você pedisse pra eu me afastar de você, eu teria que dizer não. —Afirmou, tão confiante sobre o que estava falando, que me deixou completamente sem fôlego. —Se você me pedisse pra eu me sentir menos atraído por você, eu também teria que dizer não. São duas coisas completamente impossíveis pra mim.
Meu coração parou de bater. Talvez ele tenha até explodido dentro do meu peito. Meu cérebro ainda estava tentando acreditar no que estava ouvindo, enquanto meu corpo reagia aquilo criando milhares de borboletas na boca do meu estômago. Agitadas e animadas.
—Você nem me conhece, Bernardo. Não pode ficar me falando essas coisas. —Sussurrei, com minha voz saindo mais baixa do que eu queria. Ele podia sim falar essas coisas, mas eu queria que ele pelo menos me beijasse depois de dizê-las, porque eu não era tão corajosa a ponto de fazer isso.
—Conheço você a dois anos. —Rebateu, sem desviar os olhos de mim, como se estivesse me desafiando.
—Eu mal olhava na sua cara nesse tempo. Só está convivendo comigo a quatro dias. —Retruquei, respirando fundo quando ele umedeceu os lábios com a língua, concordando com a cabeça, enquanto eu me perdia completamente nos seus lábios.
—Tem certeza que são só quatro dias? Porque pra mim parece que faz muito mais tempo, desde que você passou na minha frente e virou esse rostinho bonito pra não olhar pra mim. —Afirmou, fazendo meu rosto corar, o que fez um sorriso muito grande surgir nos lábios dele. —Uma pena que você mandou a Júlia e o Felipe para aquele banheiro ontem. Eu passei a noite toda desejando que fosse nós dois.
Tinha alguma coisa muito errada com meu coração naquele momento. Acho que eu também havia perdido a capacidade de falar. Me inclinei pra frente, só um pouco, vendo os olhos de Bernardo escurecerem quando ele percebeu o que eu queria. Deveria estar exposto no meu rosto o quanto eu queria beija-lo naquele momento.
—Manu? —A voz de Melissa fez tanto eu quanto Bernardo nos afastarmos. A decepção criou um buraco no meu peito, enquanto Bernardo torcia os lábios em frustração e voltava a atenção pro violão, enquanto eu me virava para ver Melissa e Diogo se aproximando. —Ei, achamos vocês. Cadê a Júlia?
—Ela foi comprar alguma coisa pra beber eu acho. —Comentei, quando os dois finalmente chegaram até nós. —Ah, gente, esse é o Bernardo. —Eu gesticulei para ele, com meu rosto tão quente naquele momento e a mente ainda ligada nos últimos minutos. —Bernardo, essa é a Melissa e o Diogo. Os amigos que eu te falei.
Os três se cumprimentaram e eu podia ver toda a simpatia que Bernardo abriu ao falar com os dois, por mais que Melissa parecesse um pouco constrangida e Diogo um pouco tenso demais ao olhar pra ele. Tentei regular minha respiração, por mais que fosse impossível com Bernardo tão perto de mim.
—Eu vou dar um mergulho. —Bernardo ficou de pé, deixando o violão de lado. Ele olhou pra mim e hesitou, antes de virar as costas e ir. Melissa se sentou ao meu lado, enquanto Diogo permanecia segurando uma prancha e olhando pro mar.
—Vocês conseguiram uma carona? —Indaguei, tentando ignorar a sensação estranha no meu peito, com todo aquele constrangimento no ar.
—Eu peguei o carro do meu pai emprestado. Pensei em oferecer carona, mas a Mel disse que vocês já tinham conseguido. —Diogo olhou pra mim, abrindo um sorriso fraco. —Vocês estão se dando bem. —Constatou, um pouco infeliz. —Ele está te dando aulas?
—Sim, sim. Não consegui com outro colega, então pedi pra ele e ele aceitou. —Dei de ombros, vendo Melissa roendo as unhas, olhando para qualquer coisa menos pra mim.
—Que bom. —O sorriso dele ficou maior, antes dele indicar o mar. —Vou pegar umas ondas. Querem vir?
—Mais tarde. —Melissa passou o braço pelos meus ombros, como se deixasse claro que eu deveria ficar ali. Diogo franziu a testa, antes de balançar a cabeça e caminhar em direção ao mar. Soltei uma respiração pesada, escondendo o rosto entre as mãos. —Foi mal, mas achei que as coisas poderiam ficar esquisitas demais se vocês dois se beijassem bem na frente dele.
—Somos só amigos, Mel. —Afirmei, porque era verdade. —Eu nunca dei qualquer sinal pra ele.
—Eu sei, Manu. Acho que ele vai superar. —Eu a olhei, vendo ela balançar a cabeça positivamente sem parar, o que me arrancou uma risada.
—Puta merda, Melissa! —Júlia chegou até nós, com uma expressão indignada. —Os dois estavam quase se beijando, sabia? Manu perdeu outra chance.
—Outra chance? —Melissa se virou pra mim, enquanto eu encolhia os ombros. —Ontem a noite?
—Ele cantou pra ela e tudo. —Júlia se sentou do meu outro lado, enquanto o queixo de Melissa caia.
—Eu deixei de ficar com ele pra ajudar a Júlia com o Felipe. —Eu me virei pra Júlia, soltando um suspiro pesado. —Só pra hoje vocês dois estarem se provocando igual crianças.
—Nem vem. Já deixei claro o que eu penso e você me conhece. —Júlia retrucou, enquanto Melissa ficava completamente confusa com o que estávamos falando. —O assunto era vocês dois. Eu vi as trocas de olhares, ok? Não sei o que foi que ele te disse, mas com certeza ele mandou muito bem.
—Ele só foi super sincero. —Dei de ombros, umedecendo os lábios com a língua, enquanto me sentia um pouco cansada naquele momento, porque eu também gostaria de ser sincera, pelo menos uma vez na vida, mesmo quando tudo sobre mim fosse ruim.
Continua...
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Todos os "eu te amo" não ditos / Vol. 1
RomansManuela tem certeza de uma coisa na sua vida, ela não quer ser um peso pra absolutamente ninguém. Ser independe é seu maior sonho e ela sabe que pra isso precisa se concentrar 100% no curso de química que sempre foi o seu maior sonho desde pequena...