Capítulo 50: Eu estava lá por você.

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Bernardo

Manuela havia visualizado minha mensagem já fazia um tempo, mas eu ainda estava olhando para a tela do celular, esperando pelo momento que ela fosse me responder. Um sorriso se abriu nos meus lábios quando a vi digitando, enquanto tentava imaginar o que mais elas estariam falando de nós.

Manu — Me desculpa por fazê-lo pensar que eu te odiava e por ter nos feito perder dois anos.

Bernardo — A gente não perdeu, Manu.
Eu estava lá por você.
Mesmo quando você não me via ou não fazia ideia, eu estava lá por você.

—Vocês dois vão ficar trocando mensagens a noite toda? —Eduardo indagou, estalando os dedos na frente do meu rosto pra chamar minha atenção. —Quando você vai pedir ela em namoro? Eu estava pensando que você ia fazer isso já nas primeiras semanas, de tão doído que é por ela.

—Isso não é da conta de vocês. —Afirmei, fazendo uma careta tanto pra ele quanto para Felipe, que estava balançando a cabeça negativamente enquanto olhava para tv onde estava jogando Super Mário. —Você não pode falar nada se nem tem namorada e Felipe está nos escondendo as coisas que se não fôssemos mais amigos.

—Isso eu concordo. —Eduardo se virou para Felipe, cruzando os braços na frente do peito. —Você anda nos evitando e não está nos contando mais nada.

—Não tenho absolutamente nada pra contar. —Felipe deu de ombros, continuando a jogar. Mas eu podia ver o leve tremer em suas sobrancelhas, que deixava claro que ele estava mentindo. —Quando eu tiver, eu conto.

—Fonte: vozes da minha cabeça. —Eduardo soltou, pegando o controle das mãos de Felipe quando ele morreu.

Balancei a cabeça negativamente, observando Felipe continuar com a sua expressão mais tranquila de todas, mesmo que parecesse estar um pouco tenso. Quando Manu nos chamou pra ir no mercado, ele se recusou a ir dizendo que precisava fazer algo. Tenho quase certeza que era por causa de Júlia, mesmo que ele estivesse em casa quando voltamos.

—De toda forma, o assunto aqui era você, Bernardo. —Eduardo continuou, me fazendo revirar os olhos com a insistência deles, mesmo que eu fosse igual quando o assunto era eles. —Você já levou ela até pra conhecer os seus pais. Isso ficou sério muito rápido.

—Faz um mês desde que nos falamos pela primeira vez. Não foi rápido. —Rebati, soltando um suspiro pesado. Um mês que eu não estava esperando, porque nunca pensei que Manu fosse falar comigo em algum momento. Acreditei mesmo que iria me formar sem nunca trocar uma única palavra com ela. —Comprei uma coisa pra ela. E não, não é uma aliança, antes que vocês perguntem. Não tenho certeza se ela gostaria de uma.

—Então o que é? —Felipe indagou, me fazendo olhar pra ele com as sobrancelhas erguidas.

—Você não conta as coisas, mas quer saber das minhas? —Falei, fazendo ele soltar um grunhido de frustração que arrancou uma gargalhada sincera de Eduardo.

Voltei a olhar pro celular, abrindo um sorriso quando vi que Manu estava digitando. Não contei a eles o que havia comprado, porque não tinha certeza quando daria a Manu. As coisas entre nós estavam super bem e eu queria aproveitar isso ao máximo. Não importa o que Manu pense, ela é única pra mim, desde o primeiro momento que eu a vi.

[...]

O treino daquela noite estava me matando. Estava irritado com meus colegas, porque um deles havia me derrubado no chão e eu acabei sentindo meu joelho. Agora toda vez que corria com um pouco mais de força, sentia uma fisgada nele, o que é uma merda completa. Pra piorar, parecia que todo mundo ali não estava no clima pra jogar, porque todos estavam errando passes e discutindo com mais facilidade do que deveria acontecer.

Olhei para a lateral do campo, abrindo um sorriso ao ver Manu sentada na grama, com as pernas cruzadas embaixo de si e o rosto escorado no punho fechado, enquanto observava nosso treino. Ela sorriu quando percebeu que eu a estava observando, o que causou uma sensação eletrizante no meu peito.

—Ah, já chega, galera! —Felipe gritou, parecendo muito frustrado naquele momento. Como nosso capitão, já tinha o visto ficar frustrado, irritado e cansado de tudo aquilo. —Não sei o que está havendo com todo mundo hoje, mas é melhor pararmos o treino por aqui. Coloquem a cabeça no lugar até o próximo dia, por favor.

Todo mundo começou a sair do campo, pegando suas coisas para ir embora. Tudo que eu queria era chegar em casa, tomar banho, jantar e então ficar com Manu até ela pegar no sono nos meus braços. Isso sim iria melhorar meu humor a um nível indescritível. Era sempre assim quando ela estava por perto.

—Você está bem? —Ela indagou assim que eu me aproximei, me jogando na grama ao seu lado, o que a fez rir.

—Acho que machuquei meu joelho. —Fiz uma careta, segurando a mão dela para trazê-la até meus lábios e a beijar. —Acho que vou precisar de uma enfermeira hoje.

—Tenho certeza que posso fazer isso por você. —Manu apertou minhas bochechas, provavelmente por causa das minhas covinhas, que ela já havia deixado claro que gostava muito. —Vem, vamos pra casa, camisa 10.

Ela ficou de pé, estendendo as mãos para me ajudar. Olhei ao redor para chamar Felipe para irmos, mas fiz uma careta quando percebi que ele havia sumido. Sempre íamos embora juntos, então aquilo era estranho. Peguei minhas coisas do chão, enquanto Manu pegava as dela, ainda procurando por Felipe.

—Droga! —Manu começou a revirar a mochila quando seu celular tocou, comprimindo os lábios quando pegou o aparelho e encarou a tela, antes de olhar pra mim um pouco hesitante. —É a minha mãe.

—Você vai atender? —Indaguei, querendo muito dizer pra que ela não fizesse isso, porque eu já tinha percebido que seus pais eram uns merdas sem nem conhecê-los. Mas também não podia mandar em Manu. Não conseguir imaginar como ela iria reagir se eu a dissesse para não atender.

—Eu... eu não sei. —Ela gaguejou, enquanto o celular parava de tocar e então recomeçava de novo. —Pode ser uma emergência, né?

Não respondi, porque ela já estava atendendo a ligação e se afastando enquanto colocava o celular no ouvido.



Continua...

Todos os "eu te amo" não ditos / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora