Capítulo 38: É como construir uma casa.

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Quando acordei na manhã seguinte, escutando meu celular despertar enlouquecidamente, Bernardo ainda estava dormindo do meu lado, com o braço preso ao redor da minha cintura, me mantendo presa contra ele. Ele acordou enquanto eu tentava alcançar meu celular para desliga-lo.

—Achei que ia acordar e você não ia mais estar aqui como da outra vez. —Falei, me virando pra olhar a expressão sonolenta e preguiçosa dele, que era incrivelmente adorável.

—Dá outra vez eu não sabia se você realmente me queria aqui ou se só estava me pedindo pra ficar porque estava bêbada. —Ele deu de ombros, se sentando na cama e passando as mãos sobre os cabelos. —Tenho certeza que o Edu roubou minha cama quando percebeu que eu não voltei pra casa ontem. Talvez eu tenha que dormir aqui mais vezes.

Soltei uma gargalhada, porque a expressão dele era super inocente, como se ele não estivesse praticamente me pedindo para dormir ali todos os dias. Pelo menos ele havia voltado ao normal. Aquele nervosismo de quando abriu minha porta tinha desaparecido por completo.

—Você não me deixou dormir na sua cama, então não vou deixa-lo dormir aqui todos os dias. —Afirmei, saindo da cama quando ele fez menção de me puxar pra ele. —Você não tem aula, não?

—Tenho, no mesmo prédio que você. —Ele piscou pra mim quando o olhei, vendo ele colocar os tênis para ir embora. —Coincidência, não é? Podemos ir pra lá juntos. —Eu ri, indo até o armário pegar as roupas pra me trocar, antes de sentir os braços de Bernardo ao meu redor e um beijo sendo depositado no meu pescoço, que me arrancou um suspiro pesado. —Vou te esperar lá embaixo. E só pra você saber, você pode dormir na minha cama, quando o Felipe não estiver lá.

Ele foi embora antes que eu conseguisse respondê-lo, deixando meu coração batendo super rápido, como se uma escola de samba estivesse dentro dele.

[...]

A Dra. Rafaela é uma mulher de meia idade, com uma pele negra tão iluminada e perfeita de dar inveja, porque ela aparentava ser muito mais nova do que era, além dos cabelos negros estarem sempre trançados e cuidadosamente colocados de um lado só dos seus ombros.

—Faz tempo que você não aparecia por aqui. —Ela estava sentada em uma poltrona de frente para a poltrona que eu estava sentada. —Fiquei feliz que tenha voltado.

Minhas mãos não paravam de se mover sobre meu colo, encontrando qualquer coisa para mexer, porque eu estava nervosa. Eu a conhecia desde os 9 anos, quando meus pais descobriam que eu tinha TDAH e então eu fui encaminhada para o acompanhamento psicológico.

—O que gostaria de me contar hoje, Manuela? —Indagou, usando um tom de voz tão calmo que eu soltei um suspiro e ergui os olhos pra ela.

—Meus pais adotaram um cachorro. Nina o nome. —Contei, vendo as sobrancelhas dela se erguerem de leve.

—O que você pensou quando eles te contaram?

—Eles não me contaram. Minha mãe me ligou há alguns dias porque a Nina havia sumido. Mas até então eu não fazia ideia. —Eu abaixei minha cabeça, fazendo círculos na minha calça. —Mas eu fiquei frustrada quando descobri. Depois irritada e por último me senti rejeitada e trocada.

Falar aquelas coisa pra ela era fácil demais. Queria poder ser sincera assim para falar as coisas para Bernardo. Ele havia mandado mensagem mais cedo, perguntando se iríamos estudar depois do meu trabalho. Eu ainda não havia o respondido, porque havia saído mais cedo do mercado para a consulta. Mas ele não sabia disso.

—Sua mãe queria que você ajudasse a encontrá-la? —Balancei a cabeça que sim, escutando ela soltar um suspiro quase inaudível. —Por que você sempre vai quando ela te chama?

Todos os "eu te amo" não ditos / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora