Capítulo 32: Fusão nuclear.

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Os lábios de Bernardo eram perfeitos. Doces, gentis, calorosos e necessitados. Seu gosto era como uma droga, causando uma reação química no meu cérebro e no meu coração, afetando todos os meus pensamentos e sentimentos de uma só vez.

Minha primeira reação foi o beijar de volta, agarrando seus ombros até uma das minhas mãos chegar a sua nuca e eu o puxar mais pra mim, com nossas bocas se moldando uma a outra como se tivessem esperado por aquilo a muito tempo. A possibilidade de sermos pegos ali deixava tudo ainda mais intenso, como se não pudéssemos parar nem para respirar para não perder qualquer segundo.

Bernardo me empurrou mais contra a bancada, fazendo as coisas atrás de mim balançarem. Nossos corpos pareciam estar entrando em uma fusão nuclear, tentando se fundir um ao outro enquanto uma energia eletrizante e quente explodia de nós dois. Tudo que eu queria era mais e mais. Queria que ele pegasse tudo de mim e queria que me desse tudo também.

Mas então nós dois finalmente desaceleramos, com selinhos e toques suaves até o rosto dele se afastar um pouco. Seus olhos me encararam, enquanto sua respiração estava tão pesada quanto a minha e seus lábios estavam vermelhos, tão atraentes quanto antes.

—Perguntei pra uma colega sua onde você estava. —A testa dele encostou na minha, enquanto meu coração parava de bater ao sentir seu nariz deslizar pela minha bochecha. —Passei em vários laboratórios até encontrar você.

—Era só ter me mandando mensagem. —Falei, quase sem fôlego.

—E aí você teria fugido de mim, de novo. —Ele balançou a cabeça negativamente, roçando os lábios nos meus de novo. Um segundo depois nós dois estávamos nos beijando de novo, com Bernardo quase me fundindo a bancada atrás de mim quanto mais me empurrava contra ela.

Ele me largou e se abaixou atrás da bancada quando a porta se abriu e o professor entrou. Me virei na mesma hora, começando a recolher minhas coisas como se tudo estivesse o mais normal possível. Ele parou na entrada da sala, franzindo a testa ao olhar ao redor.

—Eu não tinha deixado a porta aberta? —Indagou, me fazendo morder o interior da bochecha com força.

—Eu fechei um pouco depois que o senhor saiu, porque um grupo de alunos estava ali fora falando super alto... —Eu quase me engasguei quando senti a mão de Bernardo no meu tornozelo, tocando a pele por baixo da minha calça, fazendo círculos com o polegar. —Estavam me tirando a concentração.

—Ah sim, eu deveria ter fechado quando sai. Não pensei nisso. —Ele balançou a cabeça, soltando um suspiro pesado ao caminhar até sua mesa.

Olhei para baixo, fazendo uma careta para Bernardo, que sorriu e piscou pra mim. Ele foi abaixado até a porta, se escondendo atrás das bancadas. Quando o professor não estava olhando, fiz um sinal pra ele, soltando um suspiro de alívio quando ele conseguiu sair sem ser visto.

Guardei minhas coisas e limpei o que eu havia usado, pegando o óculos de proteção que Bernardo havia deixado ali, enfiando na minha mochila também. Meu professor me encarou um pouco confuso quando sai praticamente correndo da sala, dando um tchau um pouco animado demais pra ele.

Andei apressadamente pelo corredor, tropeçando nos meus próprios pés enquanto puxava minha mochila e procurava meu celular para ver se Bernardo havia me mandado alguma mensagem. Quase soltei um grito quando a porta de uma salinha de limpeza se abriu e ele apareceu, agarrando meu braço e me puxando ali pra dentro.

—Seu maluco! —Bati no peito de Bernardo quando ele me prensou contra a porta fechada e soltou uma risada. —Ele quase viu você. Estaríamos ferrados se tivesse visto.

—Mas não viu. —Retrucou, antes de segurar meu rosto e me beijar.

Deixei minha bolsa cair no chão, o abraçando pelos ombros e retribuindo o beijo. Estávamos em uma maldita salinha de limpeza, mas eu não queria mais nada além de beija-lo sem parar, sem me preocupar com nada. Deveria tê-lo beijado antes. Deveria ter falado com ele nesses dois anos que passei o evitando.

—Quanto tempo você tem? —Ele se afastou, me dando um selinho antes de olhar pro relógio no seu pulso.

—Entro no trabalho a 13:00. —Falei, observando ele se abaixar para pegar minha mochila, me afastando cuidadosamente da porta antes de espiar pelo corredor.

—Duas horas então. —Ele sorriu, segurando a minha mão e me puxando para sairmos dali.

Não o questionei quando deixamos o prédio de química, de mãos dadas, como se fôssemos um casal, e seguimos em direção ao nosso prédio. Ignorei os olhares que alguns alunos de química lançavam na nossa direção quando estávamos indo embora, porque Bernardo não parecia estar preocupado com nada disso.

Ele me perguntou sobre meu final de semana no caminho, me contando sobre a volta dos pais dele e sobre a prima que havia dado à luz a primeira filha. Escutei tudo com atenção, feliz por não estarmos citando minha noite de bêbada, porque sei que superei Júlia e sua tentativa de pegar uma árvore.

—Ainda estamos de jaleco. —Falei assim que entramos no elevador. Bernardo olhou pra mim e depois pra ele mesmo, se dando conta que realmente não havíamos tirado e fomos o caminho todo pra casa com eles. Nós dois nós olhamos e rimos, porque parecia a coisa mais natural pra se fazer naquele momento.

—O que você quer almoçar? —Indagou, me puxando em direção ao apartamento dele.

—Não sei. Os outros não estão?

—Eles vão almoçar no restaurante universitário e a Érika deve estar na escola ainda. —Ele abriu a porta, me deixando entrar primeiro, me observando com um sorriso preguiçoso que revelava aquelas covinhas.

Soltei minha mochila no corredor enquanto ele fechava a porta, me preparando para tirar o jaleco quando ele me puxou para perto e começou a me beijar de novo, como se não pudesse ficar sozinho comigo sem fazer aquilo. Não me importei nem um pouquinho, porque poderia mesmo substituir o almoço pelos beijos doces dele.



Continua...

Todos os "eu te amo" não ditos / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora