Capítulo 52: Eu não sou seu pai.

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Manuela

Meu coração estava completamente acelerado quando comecei a me aproximar de onde meu pai estava sentado bebendo. Não fazia ideia de como seria a reação dele por me ver ali. Ele e minha mãe haviam brigado feio e agora ele estava bêbado, duas combinações que resultam em um ácido pronto para queimar suas mãos.

—Pai? —O chamei assim que parei ao seu lado, vendo ele virar a garrafa na boca de novo, antes de girar a cabeça para me encarar, como se nunca tivesse me visto antes. —Oii... Eu vim te buscar. Mamãe está preocupada e...

—Pode ir embora.... Vou ficar aqui. —Gaguejou, bufando em desdém antes de beber mais um pouco. —Não quero saber daquela mulher e muito menos de você.

Umedeci os lábios com a língua, constrangida por Bernardo estar presenciando toda aquela cena vergonhosa. Não era a melhor forma de conhecer os pais de alguém. O garçom atrás do balcão estava negando com a cabeça, enquanto olhava para o meu pai com uma expressão de reprovação. Se eu não o tirasse dali, tinha certeza que eles iriam expulsa-lo.

—Você pode pegar suas coisas e ir dormir em algum conhecido. Sei lá. —Afirmei, puxando a garrafa das mãos dele quando ela ficou vazia, empurrando-a pra longe. —Mas vamos embora agora, pai. Ou eles vão jogá-lo no meio do asfalto se continuar a beber desse jeito.

—Eu já disse que não! —Ele rosnou as palavras, cerrando os punhos. Dei um passo para trás, ao mesmo tempo que Bernardo se aproximava mais de mim. Não achava que ele teria coragem de me bater, mas eu também não era tão confiante. —Quem... quem é esse?

—Sou o namorado dela. —A voz de Bernardo saiu dura, como se ele estivesse se segurando. Não tive tempo para absorver o que ele havia acabado de dizer. Do que ele havia acabado de me chamar. Bernardo segurou meu pai pelos braços e o ergueu. —O senhor já bebeu demais e está na hora de voltar pra casa. Pode fazer isso com nós dois, ou pode se sentar aqui e resmungar até que eles não o aguentem mais e chutem sua bunda lá pra fora.

Bernardo estava falando sério. Eu sentia seu tom duro e rígido enquanto segurava meu pai de pé, que cambaleou de um lado para o outro antes de soltar uma gargalhada. Meu coração se apertou, enquanto meus lábios se comprimiam de frustração. Ele estava completamente bêbado.

—Namorado? —A gargalhada dele ficou maior. —Você sabia que ela é burra, não é? Não deixe que ela engane você... Ela é uma burra que usa uma desculpa esfarrapada pra... pra...

—Já chega! —Bernardo o puxou na direção da saída, enquanto minhas bochechas queimavam ao ouvir aquelas palavras saindo da boca do meu pai, diretamente para Bernardo. Minha garganta se fechou quando me obriguei a segui-los, sentindo dificuldade para respirar quando sai daquele lugar.

—Me solte! —Meu pai tentou empurrar Bernardo, mas estava tão bêbado que suas mãos apenas giravam e socavam o ar aleatoriamente. Corri para alcançá-los, tentando ignorar a dor excruciante dentro de mim, chegando até a porta de trás e a abrindo para que Bernardo colocasse meu pai lá. —Eu não vou voltar para aquela... aquela casa imunda com aquela mulher.

—Pai, por favor, apenas entre no carro! —Supliquei, mantendo a porta aberta para que Bernardo conseguisse colocá-lo lá dentro. Mas ele se debateu, empurrando-o até conseguir apontar o dedo para o meu rosto, com os olhos pesados e furiosos, assim como o rosto vermelho.

—Eu não sou seu pai! —Exclamou, fazendo o ar escapar pela minha boca quando eu tropecei para trás quando seu dedo quase tocou no meu rosto. —Pare de me chamar disso, sua infeliz. Eu. Não. Sou. Seu. Pai. Você nunca vai ser ela. Nunca!

Todos os "eu te amo" não ditos / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora