Capítulo 27: É complicado pra mim.

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Eu estudei com Bernardo na segunda à noite, como combinado. Dessa vez não esqueci, porque coloquei um lembrete no meu celular e um post-ir no meu espelho para me lembrar. Na terça eu arrastei Júlia para o treino dele depois do trabalho, depois de receber uma mensagem de Bernardo com o endereço do ginásio onde eles costumavam jogar.

Havíamos encontrado Eduardo sentado nas arquibancadas observando o jogo, porque segundo ele, ele era um torcedor melhor que jogador. Júlia ficou revirando os olhos sempre que Felipe passava na nossa frente, enquanto os meus não deixavam Bernardo um único segundo. Quando ele fez gol, ele olhou pra mim, como se quisesse deixar claro que aquilo era pra mim e pra mais ninguém.

Depois, nós todos fomos pra casa. Arrastei Júlia para o apartamento deles também, porque Eduardo nos chamou para jantar lá e comentou sobre Érika estar com saudades, apesar de moramos na frente dela. Tinha certeza que ele só estava tentando ajudar os dois melhores amigos.

Na quarta e na quinta nós dois estudamos juntos de novo, criando uma rotina boa o suficiente que não me deixava distrair tão facilmente com outras coisas. Ele se ofereceu para me ajudar a terminar de pintar o quarto, que ainda estava com uma única parede roxa. Eu aceitei, mesmo que ficasse entediado só de pensar em pintar de novo.

A sexta feira havia chegado rápido demais, de uma forma que me deixava feliz por as coisas estarem começando a se assentar aos poucos. Bernardo havia me chamado para ir vê-lo tocar e pareceu idiotice dizer não, já que tudo que tínhamos feito era passar todo tempo que podíamos juntos.

—Ei? —Entrei na salinha pequena onde Diogo estava descansando, sentado em um sofá velho e tomando um café em um copinho de plástico. —Sua cara está péssima para uma sexta à noite.

—Estou contando os segundos pro meu horário acabar. —Me sentei ao lado dele, recusando o café quando ele me ofereceu. —Qual os planos de hoje?

—Júlia e Melissa vão no cinema. —Escorei minha cabeça no ombro dele, brincando com as rodinhas do meu patins no chão. —Estava pensando, você quer ir em um barzinho perto da universidade comigo?

Diogo hesitou por alguns segundos.

—Hm... você está me chamando pra sair? Porque isso é meio esquisito, Manu. —Afirmou, me fazendo soltar uma risada constrangida.

—Tem razão. Me expressei mal. Os rapazes vão tocar lá e eu pretendo ir assistir de novo. Júlia não quis ir, assim como a Melissa. —Esclareci, sentindo Diogo descascar a bochecha no topo da minha cabeça. —Faltava chamar você. Além do mais, odeio chegar sozinha nos lugares.

—Parece uma boa. Tô precisando mesmo beber alguma coisa. —Ele suspirou, antes de terminar o café. —A irmã do Eduardo vai estar lá? —Eu me afastei dele e o encarei com as sobrancelhas erguidas. —Não me olhe assim, não estou pegando a garota. Na verdade, quero evitá-la exatamente por isso.

—Traduz, amigo, porque eu acho que pedi alguma coisa. —Falei, fazendo ele soltar uma risada.

—Ela me seguiu nas redes sociais depois daquele dia na praia e então me chamou pra conversar. Eu pensei que ela tivesse 18 anos, sei lá. Não imaginei que fosse tão nova. —Ele esfregou a nuca, parecendo frustrado. —Mas acho que eu não tenho muita sorte mesmo, porque ela me disse que tinha 16. Isso foi o suficiente pra uma luzinha vermelha se acender na minha cabeça.

—Eu disse pra ela não tentar. —Falei, balançando a cabeça negativamente. —O que você disse pra ela?

—Que não ia rolar nada. —Ele deu de ombros. —Não estou afim de encontrar o Edu, o pai dele ou a polícia na minha porta porque fiquei com uma menor de idade. —Ele torceu os lábios, me lançando um olhar confuso. —Ela me respondeu um mísero "ok" e não conversamos mais. Só que sei lá.

Todos os "eu te amo" não ditos / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora