CAPÍTULO 40: Paralisia do sono.

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(Tom)

Uma semana se passou, e tudo estava estranho, paparazzi fotografaram nos no hospital e fotos do rosto machucado da S/n circulavam por toda a internet, Celina tentou conter os repórteres e entrevistadores, mas os fãs estavam especulando demais.

Estávamos fazendo todo o possível para que esse assunto não chegasse até S/n e não a perturbasse, ela estava se tratando, e eu só queria que ela ficasse bem logo, eu sei que isso ia passar e independente do que aconteça, eu vou estar ao lado dela.

A polícia ainda procurava pelos criminosos, mas eles ainda permaneciam desaparecidos, e não tínhamos nem sinal deles, as investigações continuavam a todo vapor.

Passar pela antiga casa da S/n, me causava uma sensação estranha, a casa estava cheia de faixas amarelas e policiais, que mantinham o local fechado para investigação, fotógrafos, paparazzi, e repórteres logo acharam o local, e o rodeavam feito abutres atrás de algo para devorar, mas ainda não sabiam que essa era a casa de S/n, porém não demoraria muito para que eles descobrissem esse fato, que faria da vida dela um inferno.

Eu e Bill estávamos muito preocupados com a S/n, ela sempre esteve com a gente, e não tê-la por perto era estranho, os eventos da banda foram completamente suspensos por um tempo até tudo se organizar, e por mais que quiséssemos deixar tudo o que estava acontecendo oculto, era difícil, e é nessas horas que a fama é uma merda, quando não somos mais uma pessoa, um ser humano, e passamos a ser só um famoso, onde as pessoas acham que podem falar o que quiserem que nós não vamos nos ofender ou se chatear, logo as mentiras e fofocas já começaram também, falando que S/n se envolveu em uma briga ou coisas do tipo, e se continuar assim teremos que ir a público relatar o acontecido, mas ainda temos a esperança de que em alguns dias isso será esquecido, e finalmente ficaremos em paz, e S/n não precisará lidar com isso novamente.

Bill estava mal, eu podia ver, na verdade eu não via mais a alegria de sempre, e eu sabia que ele estava preocupado, eu sabia que ele precisava se ocupar ou enlouqueceria.

Eu também precisava me ocupar com alguma coisa, mesmo que fosse difícil pois a aflição e preocupação com S/n eram constantes, eu só queria vê-la, queria estar com ela, queria cuidar dela.

Bill retomou suas aulas de francês, foi a forma que ele encontrou de se ocupar, e eu, bem eu passava as horas do meu dia tocando minha guitarra e compondo versos, mas por mais que eu rodasse em meus pensamentos eu sempre voltava para o mesmo pensamento de sempre, e isso era uma tortura constante.

Estávamos em casa em mais um dia torturante, falamos com S/n por ligação um ou duas vezes depois de tudo, é difícil ver uma vida perfeita desmoronar, é difícil ver quem você ama sofrer.

Bill estava trancado no seu quarto, e a mamãe pediu para eu chamá-lo para o jantar. Eu o chamei e descemos as escadas, durante o jantar mamãe avisou que iríamos visitar S/n.

E esse foi o ponto mais alto do mês, a melhor notícia que recebemos em todo esse tempo.


(S/n)

Nos meus dias mais sombrios eu me via completamente sozinha, perdida em um mar enorme cercada por uma imensidão de água, que a qualquer momento me engoliria e me afogaria.

Meu pai tirou todo o seu tempo completamente para mim, ele ficava 24h do seu dia se preocupando comigo, Tom e Bill me ligavam todos os dias, mas eu raramente atendia, sabia que eles estavam preocupados, e acho que isso era o mais difícil, por que eu estava sofrendo e fazendo as pessoas que eu amo sofrer também, eu sempre tentava não parecer mau, quando ele estava por perto, mas falhava miseravelmente, eu só sentia sono, mas assim que me deitava era assombrada por pesadelos, e não conseguia mais dormir.

As conversas com o psiquiatra eram todas tão vazias, e sem sentido não me ajudavam em nada, talvez por que eu não quisesse ser ajudada, bom eu não sei, ao mesmo tempo que tudo me sufocava, tudo parecia tão distante.

Não suportava me olhar no espelho e ver os hematomas em meu corpo, que já estavam sumindo, mas ficariam gravados em mim para sempre, as memórias ficariam para sempre.

Escuto uma batida na porta que estava trancada, me levanto e vou até lá para abri-lá.

–Filha, você não desceu para jantar de novo, então resolvi trazer a comida no quarto pra ver se você come um pouco. –Meu pai falava enquanto entrava no quarto com a bandeja do meu jantar.

–Não precisa, eu estou sem fome. –Eu respondia voltando pra cama.

–Filha você não comeu nada ontem o dia todo, e hoje também. –Ele falava e eu notava um tom de preocupação em sua calma voz. Eu apenas o olhava com um olhar distante e vazio.

–Só um pouco, por favor. –Ele falava e me olhava com um olhar apelador, enquanto colocava a bandeja do meu lado, e o silêncio constrangedor predominava.

–Tudo bem, eu vou deixar aqui caso você queira. –Ele dizia e se afastava indo em direção a porta.

–Eu te amo filha. –Ele falou uma última vez antes de sair e fechar a porta, assim que ele saiu eu me levantei correndo e tranquei a porta, não por que tinha medo do meu pai, mas sim por que eu só conseguia dormir se eu tivesse me certificado que a porta estava trancada, teve vezes de eu me levantar mais de uma vez para conferir, parece que se não estiver trancada algo fica piscando na minha cabeça como um alerta, isso é torturante.

Não consegui comer, só tirei a bandeja de cima da cama e tentei dormir, fiquei me debatendo na cama virando de um lado pro outro, então vejo a porta se abrir lentamente, e uma figura assustadora vindo em minha direção, meu coração acelerou e eu tentei me levantar, ou gritar, mas eu não conseguia, eu estava congelada, não conseguia me mover ou falar, e eu via aquela figura findo até mim, e quanto mais perto chegava ia tomando forma de um homem, e logo ali na minha frente estava ele subindo pelas minhas pernas lentamente, Marcel estava ali, era tão real, e eu não me movia ou gritava, mas sentia tudo, conseguia sentir o toque que me fazia embrulhar o estômago, acorda acorda acorda, era o que passava pela minha cabeça, e a sensação de não poder se mexer e horrível, eu sentia meu coração acelerado palpitando no meu peito, e minha garganta fechava impossibilitando a minha respiração e eu sufocava lentamente ia perdendo meus sentidos, tudo ia se apagando.

Acordei com as luzes do sol entrando pelas cortinas, olhei para o relógio do meu telefone e marcava 14:36 da tarde, me levantei ainda meio desorientada, minha cabeça doía de mais e meu corpo também, eu queria apenas voltar pra cama mas tinha que ver meu psiquiatra que chegaria em breve, eu optei por fazer os atendimentos em casa, ficava mais cômodo pra mim, depois que a consulta acabou, eu voltei correndo pro meu quarto e me tranquei, deitei na minha cama e me afundei cada vez mais no meu inferno.

Passou cerca de uma semana que eu estava nessa, e por mais que me cortasse o coração ver o meu pai desesperado sem saber o que fazer, eu simplesmente não sabia como melhorar pra não deixá-lo preocupado, todos os dias ele vinha até meu quarto trazer algo pra eu comer, eu só conseguia comer quando estava desmaiando, e já não conseguia mais ficar em pé, mas eram raras as vezes.

–Filha, eu não aguento mais ver você desse jeito. –Meu pai dizia sentado na cama ao lado da bandeja do jantar, e seus olhos enchiam de lágrimas. Eu não tive reação, fiquei ali olhando ele e me culpando por isso.

–O que eu faço pra te ver melhor? Eu não sei o que fazer. –Ele continuava falando, e parava pra pensar um pouco.

–Vou chamar a Simone e os meninos pra ficarem aqui em casa uns dias, vou ver se você se anima na companhia deles.

Isso realmente chamou minha atenção, eu imediatamente ergui minha cabeça e olhei fixamente, balançando minha cabeça dizendo que sim.

–Agora você pode comer um pouco? –Meu pai perguntava atencioso. Eu apenas peguei o prato, e remexi um pouco a comida com um garfo, comi um pouco, e pela primeira vez eu senti prazer em estar comendo, em sentir o gosto maravilhoso desse jantar. Meu pai se levantou e deu um beijo na minha testa.

–Vou ligar para Simone agora mesmo. Boa noite querida. –Ele falava enquanto saia do quarto. 

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