Capítulo 8

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Memórias de Adam

Fomos para o meu apartamento, Serenity levou a roupa para se arrumar lá. Caso ficasse tarde para voltar, ele poderia ficar comigo, até porque não iríamos trabalhar no dia seguinte.

- Pode entrar e fique a vontade. - Abri a porta e ela entrou com uma cara de surpresa. Eu já imaginava o que era.

- Seu apartamento é lindo, mas por que não tem cor? É tudo branco e cinza... - Ela olhou pra mim. Eu já esperava por essa reação.

- É porque assim era minha vida, antes de você. Eu sempre fui muito fechado, após  a morte de meus pais piorou. - Ela veio andando em minha direção e me abraçou. Cada abraço dela, me curava.  - Serenity, obrigado por existir na minha vida. Posso te dar uma tarefa? - Ela se afastou um pouco pra me olhar nos olhos.

- Pode sim...

- Você deixa esse apartamento com mais vida? Você pode comprar tudo do seu gosto, eu vou com você.

- Sério? Você tem alguma cor preferida?

- Eu gosto de azul, pois me lembra o mar. - Sorri e passei a mão em seu rosto.

- Então tá, amanhã vamos fazer isso. - Ela sorriu e bateu palma, animada.

- Vem, vou te mostrar os quartos. - Ela me deu a mão e fomos andando. - Esse é o meu, fico daqui olhando a cidade a noite, tem tempo que eu não sei o que é dormir. - Meu quarto tinha uma parece de blindex. - Eu vejo o pôr do sol por aqui também.

- Sua vida é vazia, igual a minha. Por isso trabalho tanto. Pra preencher os espaços.

- Agora temos um ao outro. - A puxei pela mão e dei um abraço apertado nela.

- Estou aqui pensando em uma coisa, que tal ficarmos aqui? Eu faço a comida. Vamos vê um filme juntos? Quanto tempo você não liga a televisão?

- Tem tempo que não sei o que é isso.
Só fico aqui no quarto, sentado na cama.

- Então vamos sair daqui, você já fica demais aqui nesse quarto. - Ela viu o outro quarto e colocou suas coisas lá.

- Vamos até a cozinha. Temos que ligar pra alguém trazer comida. - Eu sorri e abaixei a cabeça.

- Como você se alimenta? - Ela olhava boquiaberta a dispensa vazia.

- Não tenho apetite. Quando estou com fome, peço o restaurante do prédio pra trazer pra mim, ou desço pra comer. Já te falei... Uma vida vazia, vivendo por viver.

- Ah, mais agora isso acabou! - Ela falou rindo. - Eu vou cuidar de você. E você vai cuidar de mim?

- Com toda certeza que sim. Eu sou louco de não cuidar? - A puxei  e dei um monte de beijos no seu rosto, isso a fez sorrir.

- Adam, você me faz muito feliz. Eu amo você! - Eu congelei nesse momento.

- O que você disse?

- Que você me faz muito feliz.

- Depois disso.

- Que eu te amo?

- Repete novamente?

- E.U T.E A.M.O. EU TE AMOOO

- Eu também te amo, Serenity. Sempre pensei que eu iria dizer isso primeiro, mas você me surpreende mesmo. - A puxei e tomei seus lábios.

Muitos podem dizer que estamos indo rápidos demais, mas temos experiência que a vida é muito curta. Não sabemos quando vamos dar o último suspiro. Não tenho tempo para formalidade, o jeito é me entregar.
Estou mergulhando de cabeça nessa relação, não tenho nada a perder, só quero ser feliz como nunca antes fui.

Entrei no app do supermercado e Serenity pediu as coisas. Ela comprou coisas pra um mês, falou que se for preciso ela vem cozinhar pra mim todos os dias. Como fizemos um trato de comermos todos os dias juntos, vou pedir pra esposa de Carlos vir cozinhar pra mim. Ela já limpa meu apartamento, agora será minha cozinheira também. Carlos tem duas filhas, Laura e Lua. Laura já está na faculdade, Lua ainda está estudando. Tenho eles como minha família, Carlos e sua esposa me conhecem desde que eu tinha cinco anos. Meu pais confiavam muito neles, eles também sofreram muito com a morte deles e decidiram não me deixar só.

Serenity fez escondidinho de mandioca com carne moída, eu nunca tinha comido. Por um momento lembrei dos momentos de reunião familiar. Sua comida tinha um gosto de comida caseira, coisa de mãe.

- Posso comer a segunda vez? Isso realmente está bom. - Ela me olhava com um olhar de amor, enquanto comia.

- Pode comer até tudo , se você quiser. Só quero vê você saudável.

Após o jantar, eu lavei as louças e ela secou. Depois sentamos na sala pra vermos um filme. Meu sofá da sala parceria uma cama de casal, dava pra dormir umas cinco pessoas ali. Fui no quarto e peguei dois cobertores e alguns travesseiros. O tempo já estava começando a esfriar, realmente esse inverno veio com tudo.
Ela escolheu um filme de comédia, disse que tínhamos que sorrir um pouco. O filme era realmente bom, nem sei quanto tempo fazia que eu não dava tanta gargalhada.

- Quer vê outro? - Ela me perguntou após o filme acabar

- Sim.

- Agora você escolhe. - Coloquei um de ação, deitei na frente dela, virado para a televisão e de costas pra ela. e
Ela se aconchegou e me abraçou por trás. Isso me trouxe tanto conforto.

O filme foi passando e em alguns minutos os meus olhos começaram a pesar, não sei se pelo acolhimento ou pela barriga cheia. Eu estava me sentindo realmente bem.
Quando eu acordei já era às nove da manhã, nove da manhã...
Procurei Serenity na sala e não encontrei. Ao chegar na cozinha, lá estava ela, fazendo nosso café da manhã e cantarolando. 
Tinha suco, café, frutas, ovos com bacon, bolo... Quando deu tempo dela fazer bolo? Misto quente, panquecas...

- Bom dia seu lindo! Dormiu bem? - Ela estava com um coque alto e com avental. Com espátula em uma mão e um prato na outra. - Não quis te acordar, você é lindo até dormindo.

- O que você me deu ontem, heim? Nem meus remédios de dormir nunca fizeram esse efeito. Tem meses que só durmo no máximo três horas por noite. Eu até sonhei... - Comecei a rir. - Vou no banheiro rapidinho, ninguém merece eu te beijar com a cara toda babada. Eu babei! - Sai rindo , enquanto ela ficou lá arrumando a mesa rindo de mim.
Parece que estou flutuando. Parei em frente ao espelho no banheiro e fiquei olhando meu rosto de felicidade. Ainda estou sem acreditar que eu  dormi doze horas.
Que mulher espetacular é essa?
Obrigado Deus!

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