Capítulo 17

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Sunshine narrando

Ficar com Joon me trazia tanta alegria, tanta paz. Tinha medo dele arrumar uma pessoa que não entendesse nossa relação.
Ao falar que sua mãe, que não ia deixá-lo casar, me causou preocupação. Como ela reagiria sabendo da minha relação com Joon?
Tinha tanto medo dela me proibir de ver meu amigo. Talvez fosse alguma paranóia minha.
Mas como ele disse, vou viver um dia após o outro. Vou aproveitar como se fosse o último dia.

- Então, está confortável em dormir comigo. - Falei e entrei no banheiro pra tomar banho.

- Estou, a cama é bem espaçosa. - Escutei ele rindo lá de fora. O celular dele começou a tocar. - VOU ATENDER AQUI, É MINHA MÃE. - Alô, oi mãe...

Tomei banho, escovei os dentes e coloquei minha roupa de dormir.
Sai do banheiro e me sentei na cama. Meu celular estava descarregado, fui na mala pegar o carregador e escutei Joon falando com sua mãe, a porta do quarto estava entre aberta.

- Mãe, eu não entendo porque disso agora. Eu nasci no Brasil, eu posso escolher o que fazer da minha vida. Eu não vou casar com quem eu não amo. Lembra da senhora  e do papai? Sempre falou que se arrependeu de ter casado com ele. Fala pro vovô que eu o respeito muito, mas não vou casar com quem eu não amo. Fica bem, eu te amo. Agora vou deitar pra dormir, boa noite.

Ele desligou e sentou no sofá, segurou a cabeça com as duas mãos e ficou por uns minutos assim.
Coloquei o celular pra carregar e decidi ir até ele.

- Oi... Está tudo bem?

- Oi Sun, está sim. Minha mãe com uma nova agora.

- Vai vir morar com você ou quer que você vire monge? - Falei rindo pra ele.

- Quer arrumar um encontro as cegas para mim. Meu avô quer que eu case com uma pessoa que eu nem conheço.

- Você tinha que ter falado que você já tem namorada. - Levantei a mão.

- Quem me dera! - Ele sorriu e colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. - Vou tomar banho agora.

- Tá bom. - Segurei seu braço antes dele sair. - Tenta não pensar nisso, você não precisa casar com quem não ama. Essa não é uma cultura do seu país de origem.

- Eu sei, mas eu fico mal por magoar meu avô. Tomara que ele entenda. - Seu semblante era triste.

Ele foi tomar banho e eu fiquei da janela olhando pro lago. Será que eu poderia fazer algo pra ajudar meu amigo?
Joon merecia ser feliz, viver uma vida feliz sendo amado.
Me perdi em meus pensamentos.

- Oi... Está tudo bem?

- Oi, está tudo sim. Estou aqui pensando e me perdi nos meus pensamentos.

- Quer conversar? - Ele fazia uma cara de preocupação muito fofa. Quando colocava a boca pro lado fazia uma covinha, assim como quando sorria.

- Não, quero deitar, estou exausta. Vem... - Peguei sua mão e caminhei em direção ao quarto. - Você tem lado preferido?

- Não, mas sempre durmo do lado esquerdo.

- Que engraçado, eu durmo sempre do lado direito da cama.

- Está brincando?

- É sério. Desde criança.
- Deitamos e eu me virei de frente pra ele. - Joon, eu desejo do fundo do meu coração que você seja muito feliz.

- Muito obrigado, Sun. - Ele estava deitado de barriga pra cima, com as mãos atrás da nuca.

- Joon, e se você falar que está comigo? Vai que isso te ajuda.

- Eu não posso te envolver nisso, tá bom? - Ele virou de frente pra mim. - Eu não quero que você sofra, ainda mais sendo por minha causa. Não me perdoaria nunca se eu fizesse algo de ruim pra você. Eu vou resolver.

- Então vamos parar de pensar nisso e vamos dormir, vamos viver um dia de cada vez.

Puxei a coberta e nos cobri. Perguntei se Joon deixava eu dormir segurando sua mão. Eu deitei de bruços e segurei sua mão, ele virou de lado, virado de frente pra mim.
Dormi como uma pedra, por volta das três da manhã acordei com Joon tenho um pesadelo. Ele se debatia na cama e falava umas coisas emboladas.

- Não, para...

- Joon, Joon, acorda. - Eu tentava acorda-lo. - Joon... -Segurei em seus braços e sacudi ele. Ele acordou e seu olhar era de medo.

- Onde estou?

- Calma, você está comigo, está tudo bem. - Só a luz do abajur estava acesa, levantei e fui acender a luz do quarto. - Tá vendo, não tem mais ninguém aqui.

- Desculpe Sun! Eu tenho esses pesadelos. Desde que descobri que meu pai foi preso. No fundo eu não acredito que ele foi preso por fraude, tem algo que eles não me contaram.

- Fica em paz, eu sei o que é ter pesadelo. Vem aqui... - Deitei de lado e levantei a coberta pra ele deitasse. Ele deitou de costas pra mim. Eu o cobri e passei meu braço por sua cintura. - Lua sempre dormia assim comigo quando eu tinha pesadelo. Está confortável pra você?

- Está sim, muito obrigado. Nunca ninguém me abraçou quando eu tinha pesadelos, é reconfortante. Minha mãe me dizia sempre que era palhaçada e que eu já era um rapaz. Que deveria aprender a lidar com isso. Obrigado por fazer isso por mim.

- Sempre que precisar, estarei aqui. Só quem passa por dores pra entender outra pessoa na mesma situação. - Enfiei meu nariz em seu cabelo e respirei fundo. - Seu cabelo é muito cheiroso, tem cheiro de lavanda. Meu perfume preferido.

- Isso mesmo, é a fragrância do meu shampoo. Que bom que gostou.

- O cheiro fica melhor ainda em você, dizem que é coisa da pele. Cada pele exala de um jeito. Depois eu te conto sobre minha empresa de cosméticos, estava pensando em por algo de lavanda. Agora já sei o que por.

- Obrigado por cuidar de mim. - Ele se acomodou em mim e eu o abracei forte, ele segurou meu braço que estava na altura de seu peito e ficou em silêncio até dormir.

Enfiei meu nariz em seu cabelo e fique ali, me sentindo bem por poder acolher alguém. Ao mesmo tempo me sentia acolhida.
Meus olhos começaram a pesar, senti uma onda de paz tão grande. Para quem não dormia bem há um tempo e estava com insônia há alguns dias, eu estava sonolenta demais.

Dormi grudada em Joon e foi uma das coisas mais incríveis que já me aconteceu.

SunshineOnde histórias criam vida. Descubra agora