Capítulo 44

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Sunshine narrando

Quanto mais as horas passavam, mais eu me desesperava. Tinha medo do que podiam fazer comigo e com o segurança. Um dos capangas, que tinha um olho branco, voltou após alguns minutos e viu Matias acordando. Ele colocou um soco inglês e começou a espanca-lo, o sangue escorria por seu rosto.  Seu supercílio abriu e seu rosto estava todo inchado, após muitas pancadas ele desmaiou novamente.

Eu gritava para ele parar com aquilo, queria levantar e soltar minhas mãos, mas minhas pernas também estavam presas.

- Ei gracinha, se eu fosse você ficava quietinha. Daqui a pouco sua hora chega. - Ele pegou no meu rosto e apertou, me deixando toda ensanguentada da mão dele. - O chefe tem alguns planos pra você, espero ser chamado para participar. - Ele deu uma risada tenebrosa. As lágrimas começaram a escorrer, só de pensar no que podiam fazer comigo.

- Deixa ela em paz! - Falou Pablo.

- Eu acho que você não está em condições de dar ordens aqui não. Vê se faz logo o que você tinha em mente e espere o chefe chegar. Assim que ele chega você vai embora, pra não sobrar pra você. - Ele andou na direção de Pablo e colou a testa na dele. - Você não sabe onde se meteu. - Ele deu outra risada e andou até o canto do quarto, pegou uma pá e saiu.

- O que você pensou que estava fazendo Pablo? - Eu falei com ele depois do homem ter saído.

- Eu só queria conversar com você, me explicar.

- Ah é?! Daí decide chamar a máfia italiana? Você estudou onde estava se metendo, pesquisou sobre esses caras?

- Eu não pensei direito, tá? Eu estava cego de ciúmes. Agora não adianta me culpar, o que está feito está feito.

- E agora ? Como vai ser? Você vai ter que carregar óbitos nas costas? Você  viu como está Matias? E se ele tiver filhos, esposa, pais? Você pensou na sua família, Pablo? 

- Não pensei! Não era pra ser assim, tá? Não era!

- Por que você não sai e pede ajuda? Aproveita que não tem ninguém.

- Eu não posso, tá? Se ele voltar e eu não tiver aqui, ele vai me procurar até no inferno. Além de matar todos.

- Por que você fez isso? Isso que dá só encher a cara e ficar nas noitadas rodeado de mulheres. Você é um moleque mimado, que não sabe ouvir não. A situação entre já estava péssima, agora eu nem sei o nome que eu dou. - Eu comecei a chorar desesperadamente.

- Eu só queria te pedir desculpas pelo ocorrido, dizer que você é diferente. Dizer que eu te amo desde que eu tinha quinze anos. Por isso te repeli tanto. Mas a droga do ciúme me cegou, desculpe te fazer passar por isso. Eu estou acostumado com as coisas do meu jeito, quando você me ignorou eu tive que arrumar um jeito de contar isso pra você. Eu te amo Sunshine.

- Você acha que isso é amor? Sério mesmo que você acha? Eu estou toda machucada, com a boca estourada, estou com frio, com fome e com sede. Você acha que isso é amor? Você tem que se tratar Pablo. Você se aproveita da fragilidade das pessoas, isso é doentio. Quando eu sair daqui e nunca mais quero olhar na sua cara.

- Nem eu sei se vou sair daqui. - Ele falou de cabeça baixa, virou as costas e saiu do cômodo. 

Comecei a puxar minhas mãos, tentando solta-las. Senti o enforca gatos entrando no meu pulso, quando puxei senti meu pulso rasgando. O sangue começou a molhar minha mão.

- PABLO, PABLO! - Eu comecei a chamá-lo o mais alto que eu podia,minha garganta estava muito seca. A cada grito a tosse vinha, devido a sequidão. Chamei até não ter voz pra mais para gritar.
Meu corpo começou a pesar, quando me dei conta estava caída de lado no chão. Estava amarrada na cadeira com as mão pra trás. Comecei a me tremer, sentindo muito frio. Meu batimento cardiaco acelerou e foi caindo aos poucos, senti meus olhos pesando e fiquei inconsciente.
Acordei algum tempo depois, ouvi algumas vozes, alguém veio e coloco a mão no meu pescoço, procurando meu pulso.

- Ela está viva! - Gritou o homem pra alguém.

Eu tentava me manter consciente, tentei abrir os olhos e vi que o dia estava clareando, vi também que Matias não estava mais ali.
Fechei os olhos e comecei a pensar em Joo. Lembrei daquele sorriso lindo e caloroso que ele tem, isso me trouxe paz. Como eu queria que ele estivesse cuidando de mim agora. Lembrei do jeito que ele dormia abraçado comigo, de como cuidava de mim.

- Ei, já está querendo adiantar a passagem pro além? Ainda nem começou nossa brincadeira, depois de eu terminar você pode morrer. - Aquela era a voz de Gates. - Levanta ela! - Um homem veio e levantou a cadeira comigo e tudo. Eu estava tão fraca que minha cabeça ficou pendurada.

Gates me deu um tapa tão forte no rosto, que senti como se minha mandíbula tivesse saído do lugar. Aquilo era novo pra mim, nunca tinha apanhado, nem sabia como me defender. Minha boca encheu de sangue, respirei fundo e tentei ser forte. Cuspi o sangue e tentei abrir os olhos pra olhar pra ele.

- Por que você está fazendo isso? - Falei com a voz muito baixa.

- Fica acordada, ou vou te bater mais forte. A brincadeira nem começou e você já está cansada? - Ele chegou perto de mim e levantou meu rosto com uma mão, com a outra ele agarrou um dos meus seios e apertou, parecia que ia estourar na mão dele.

- Por favor, não me toque! Pode me matar, mas não me toque por favor! - Eu gritava de dor.

- Que graça teria só te matar? - Já volto, só vou me certificar que aquele idiota do Pablo não vai dar com a língua nos dentes. Vou mandar entregar esse dedinho aqui. - Ele foi atrás de mim e pegou meu dedo com a aliança. - Vou mandar entregar na casa dele, pra ele saber que não pode abrir o bico pra ninguém. Assim que eu acabar, volto pra termina com você.

SunshineOnde histórias criam vida. Descubra agora