Capítulo 5

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Memórias de Adam

Entramos no carro e eu comecei a dirigir, estava tão nervoso que parecia que era meu primeiro encontro.

- E então, está tudo bem com você? - Dirigia e olhava de soslaio para Serenity.

- Está sim, obrigada. E com você, está tudo bem? - Ela virou o rosto pra mim pra perguntar.

- Sim, estou bem. Melhor agora , com você aqui. - O que eu estou fazendo? Tenho que ser tão sincero assim? Menos Adam... Menos... Repetia pra mim mesmo.

- Que bom que minha companhia te faz bem.  Eu também amei sua companhia.

- Sério?! Quer dizer... Que bom. - Sorri e balancei a cabeça coçando a testa. - Eu não sei o que está acontecendo comigo, eu não sou sempre assim. Por favor, não fique com medo. - Continuei rindo.

- Eu sei como é, estou mais sincera do que o normal. Eu também não costumo ser assim, não fuja de mim... - Ela juntou as duas mãos como alguém que intercede e virou em minha direção.

- Só se eu enlouquecer... Não tenho planos de fugir de você. - A olhei nos olhos e dei um sorriso de lado.

Ela congelou um pouco olhando meu sorriso, e tudo foi acontecendo em câmera lenta.
Eu a olhei e pude admirar aqueles lindos e grandes olhos verdes . Me recompus e voltei a atenção para a direção.

- Já te falaram que seu sorriso é lindo? - Ela ainda me encarava e as palavras saiam naturalmente de sua boca.

- Já sim, minha mãe. - Ri e olhei para ela.

- Mentira, nunca elogiaram esse sorriso? - Ela abriu a boca em formato de O e colocou a mão em cima.

- Não sou muito de sorrir e com o tempo isso foi ficando mais escasso ainda. A culpada de tantos sorrisos é você, estou esgotando o meu estoque  de sorrisos. - Sorri novamente pelo o que eu tinha acaba de falar.

- Você deveria sorrir mais então. Não pode privar o mundo de ver isso! - Ela sorriu e olhou para frente.

- Ah, muito obrigado. - Durante a viagem ela foi contando como cresceu , o que gostava de fazer... Ela morava sozinha, assim como eu.  Tínhamos muito em comum.

Após uns minutos chegamos na cafeteria. Ninguém me conhecia naquela cidade, já que estava morando ali há pouco tempo. Após colocar minha casa a venda, comprei o apartamento que ficava mais próximo da minha empresa.
Estacionei o carro e fiquei um tempo parado olhando pra fora, eu queria que meus pais estivessem aqui comigo, conhecendo essa pessoa magnífica que é a Serenity. Meus olhos ficaram rasos de lágrimas e eu respirei fundo pra não começar a chorar.

- Adam, está tudo bem? - Ela me olhava com um olhar de preocupação. - Adam! - Ela colocou a mão no meu braço, eu ainda estava segurando o volante.

- Oi, desculpa! - Limpei os olhos com as costas das mãos. - Estou pensando nos meus pais, eles me fazem muita falta.

- Entendo, eu também fico assim em relação aos meus avós. No caso, eles foram meus pais.  Mas temos que entender que nem tudo é como nós queremos. Tem coisas que não estão no nosso controle, mas as que estão devemos cuidar com amor e sabedoria.

- Verdade! Ah, lembrei. Comprei umas coisas pra mim hoje, daí lembrei de você. Espero que não se ofenda ou crie uma imagem ruim de mim... É só que... Eu não tenho ninguém e não sei muito bem como agradar as pessoas, daí pensei que gostaria de uns agasalhos, já que tem feito muito frio.

- Como você adivinhou? Eu ia hoje comprar uns agasalhos. Eu nem vi , mas já gostei. Você é uma pessoa extraordinária Adam. Sou muito grata por ter conhecido você. Muito obrigada por tudo que você está fazendo, não tenho como te agradecer.

- É só você permitir eu fazer parte da sua vida. Não digo nem como namorado ou coisa do tipo. Pode ser como amigo mesmo, só não deixe eu perder o contato com você. Você me traz muita paz e aquece meu coração. - Dei um sorriso pra ela.

- Combinado! - Ela esticou a mão pra eu apertar. Demos um aperto de mãos e eu entreguei a embalagem a ela. Ela pegou a embalagem e abriu.

- Espero que goste das cores. - Sentei de lado, virado pra ela. - Como ela era perfeita, eu estava perdidamente apaixonado por aquela mulher sentada no meu banco de carona. Como isso acontece em dois dias?

- Adam, você acertou em cheio. Eu amo tricô e essas cores são lindas. - Ela se inclinou para a frente e me deu um beijo no rosto. - Muito obrigada. Tenho que te pagar algo em troca, o café é por minha conta.

- Não, que isso? Eu te convidei. Eu pago. - Eu não estava acostumado com pessoas pagando coisas pra mim.

- Não, eu faço questão.

- Eu que fiz o convite, então eu que tenho que pagar.

- Então tá, vou fazer uma janta para nós dois hoje. O que  você  gosta de comer? - Ela guardou os agasalhos na embalagem e se virou pra minha frente.

- Eu não tenho uma comida preferida. Mas não sou fresco para comer.

- Pois bem, vou fazer bife com batatas fritas. Você faz dieta, ou coisa do tipo? - Eu balancei a cabeça de forma negativa. Se ela me desse pedra, eu comeria .

- Não faço dieta, ultimamente quase não tenho apetite.

- Deve ser porque você se alimenta sozinho. Também me sinto assim por vezes. - Ela abaixou os olhos.

- Já sei como você pode me compensar... - Ela olhou pra mim rapidamente.

- Como? - Um sorriso apareceu em seu rosto.

- Podemos almoçar todos os dias juntos. Daí um da forças pro outro. O que me diz?

- Mas, não vai ser desgastante pra você?

- Não, eu te busco todos os dias. Eu pago pelas refeições, e você me faz companhia. Pode ser assim? E daí o Sr. Jonas não vai achar que você está desperdiçando sua juventude trancada na fábrica. A minha empresa fica há três minutos daqui, vinte minutos de onde você trabalha.

- Combinado, mas eu ainda tenho que achar um jeito de te compensar por tudo isso. - Ela fez uma cara de pensativa.

- Deixamos isso pra depois, por enquanto só seja minha companhia. Você me faz muito bem.

- E você a mim... - Eu respirei fundo.

- Vamos?

- Sim. - Ela sorriu pra mim. Sai do carro e dei a volta para abrir a porta pra ela sair.

- Está muito frio aqui fora. A loja em que comprei os agasalhos estereliza as roupas , você quer vestir algum?

- Realmente está muito frio, vou por esse aqui. Ela pegou um tricô marsala de gola alta e vestiu. Parecia que aquela cor tinha sido feita para ela, a cor realçou seus olhos. Ao vesti seu cabelo bagunçou todo.

- Deixa eu te ajudar. - Arrumei seu cabelo e coloquei uma mecha atrás de sua orelha. Foi nesse momento que minha mão congelou em seus rosto e eu me perdi em seus olhos.

- Adam... - Ela falou suavemente mergulhada em meus olhos também.

- Sim ... - Falei quase sussurrando.

- Se eu quiser te beijar agora, você vai achar que eu sou uma pervertida? Ou interesseira?  Eu estou me segurando. - Ela olhava para meus olhos e para os meus lábios.

Eu estava tentando me controlar, mas foi ela falar isso que todo meu esforço foi por água abaixo.

- Eu quero mais que você não se controle mesmo.

Me aproximei vagarosamente, caso ela não quisesse daria tempo de parar.
Ela fechou os olhos e veio em minha direção, daí tive certeza de que ela realmente queria.
Minha mão desceu para seu pescoço e eu a puxei tomando seus lábios com delicadeza.
Aquele sabor era o melhor sabor do  mundo. Seus lábios macios e quentes. O tempo literalmente parou.
Ela era tão delicada beijando, eu só retribuía.
Como uma pessoa podia passar tanto amor, tanto cuidado em um só beijo?



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