Capítulo 67

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Seo-joon narrando

Aquela notícia me causou um certo desespero. Minha mãe com uma doença rara ... Tinha apenas mais um mês de vida?
Já tinha passado dois dias desde que ela tinha ligado, ela já estava a caminho do Brasil. Ao chegar no penúltimo aeroporto, ligou dizendo que já estava perto.
Sun e eu fomos para o aeroporto espera-la. O avião pousou e logo a avistei no portão de desembarque.
Ela veio correndo em nossa direção, empurrando o carinho com as malas.

- Meu filho! - Ela chorava de soluçar. O abraço que ela me deu, eu nunca tinha recebido antes. Ela não era de abraçar e ter contato físico.

- Oi mamãe! Como a senhora está? - Eu tentava ser forte e não chorar.

- Estou bem filho, estou bem. E você... Que grávida mais linda. Vem aqui, deixa eu te dar um abraço. - Ela puxou Sun para um abraço.

- Oi senhora Nari, muito obrigada. - Sun retribuiu o abraço.

- Você está muito grande menininho. - Ela passou a mão na barriga de Sun. - Vovó vai ver você nascer, eu prometo. Desculpa não mandar mensagem, mas eu estava acompanhando tudo. Cada evolução.

- Isso tudo foi ideia da Sun. Ela que mandou eu te enviar as coisas.

- Obrigada Sunshine. - Ela juntou as mãos em forma de agradecimento.

- Por nada. Agora vamos, a senhora precisa descansar.

Fomos conversando durante todo o trajeto. Minha mãe falava muito, estava empolgada. Falou que tinha entrado em contato com meu pai e que o chamou para almoçar na casa em que eles moravam.
Ela estava disposta a deixar as coisas que carregava, do passado, para trás.
Nunca vi minha mãe tão comunicativa e com o rosto tão leve. Acho que a doença a fez mudar.
Saber que você tem só um mês de vida faz você fazer uma retrospectiva. Não vale a pena viver carregando as coisas do passado. Deixar de ser feliz porque alguém te feriu, porque alguém te traiu. Porque algo não saiu como você quis... A vida passa, a vida é curta.
Devemos nos agarrar naquilo que nos faz bem. Devemos viver como se fosse o último dia, porque pode ser o último dia.
A vida não para, quando nos damos conta as oportunidades se foram, a beleza se foi, a saúde se foi...

- Joon... - Sun me chamou.

- Oi meu amor! Estou aqui com os pensamentos longe.

- Sim, estou vendo. Desculpa. É que sua mãe quer comprar uma sobremesa e falou para você passar em uma loja específica.

- Tá bom, eu passo sim. - Dirigi até a loja onde vendia cupcakes. Aproveitei para comprar uns de frutas vermelhas.

Fomos para casa e preparamos juntos o almoço. Liguei para meu pai se juntar a nós, a idéia foi de Sun. Como ela podia ser tão doce com pessoas que só a machucou. Isso só podia ser um dom.
Nosso dia foi maravilhoso, Sun contava as lembrança que ela tinha da casa, como ela sonhava em casar comigo um dia... Contou como nos encontramos e sobre o sequestro.
Ela falava e segurava minha mão.
Quantas coisas passamos e ela sempre se manteve tão forte.

- Deixa eu te falar Sunshine, o motivo de eu não querer, no passado, que você ficasse com meu filho. Primeiro porque parecia muito com a sua mãe, eu não gostava da sua mãe. Ela era muito gentil, muito amável e eu era o oposto. Além disso era muito linda, eu me sentia diminuída quando estava ao lado dela. - Ela balançou a cabeça e sorriu. - O pai de Joon sempre dizia que eu tinha que ser igual a ela, na educação e na elegância. Aquilo me matava. Quando vi você a primeira vez em uma rede social, pensei até que fosse uma foto de sua mãe. Mas era você. Então transferi a raiva que eu tinha dela para você. O segundo motivo foi o medo de você querer se vingar pela a morte deles. Não sabia o quanto você estava ciente da morte de seus pais, tinha medo de você fazer Joon sofrer. Tentei a todo custo evitar o contato dele com você, mas vocês são prova de que as coisas acontecem como tem que ser. Aí estão... Casados e felizes.

- Era isso mamãe? - Eu pergunte e sorri.

- Sim, essa infantilidade toda.  Me desculpe pelos meus erros. Quando Joon falou que eu ia ser avó, nossa aquilo me derreteu por dentro. Como eu queria passar pelo telefone e dar um abraço em meu filho. - Ela secou as lágrimas do rosto. - Mas eu sempre fui essa pessoa difícil. Não julgo Woo-bin por não ter conseguido me amar, eu sempre fui muito seca. - Meu pai que ouvia tudo em silêncio respirou fundo.

- Mas eu te amei. Você que me rejeitava. - Meu pai falou e virou o rosto para olhar o horizonte. - Eu tinha muito planos para nós dois, só que você nunca me teve como seu marido, como seu amigo... - Ele respirou fundo novamente e olhou para minha mãe. - Eu te amei e ainda te amo.

- O quê? - Ela olhou para ele e seus olhos estavam cheios de lágrimas.

- Deixa eu fazer por você nesse um mês, o que você não deixou eu fazer em vinte e seis anos que eu te conheço?

- Woo-bin... Me perdoe. - Ela abaixou os olhos.

- Eu que te peço perdão. Peço perdão a você, ao nosso filho e a Sunshine. Eu quero ser uma pessoa diferente daqui para frente.

- Eu também peço perdão, por não ter sido uma boa esposa, uma boa mãe e uma boa sogra. Pelo menos quero ser uma boa avó , o tempo que eu tiver.

Sun chorava, ela se levantou e foi andando em direção a minha mãe. Levantou minha mãe pela mão e a abraçou, ali as duas choraram juntas. Logo em seguida fez isso com meu pai.

- Eu libero o perdão para vocês e torço que encontrem a cura para a senhora. Vou fazer de tudo o que eu puder, a senhora vai ver seu neto crescer.

- Obrigada minha filha! Eu estou me sentindo tão bem... Eu precisava disso para eu tirar um peso das minhas costas. Obrigada por amar meu filho e  curar os traumas dele. Obrigada por não deixar o nosso passado interferir no amor de vocês. Eu não posso pagar tudo o que você fez e faz por ele.

- É um prazer amar Joon. Eu que agradeço por terem feito esse homem tão perfeito. Não sei o que seria de mim sem ele.

- Vocês dois precisam um do outro. - Meu pai falou.

- Sim, precisamos um do outro. Não sei o que seria de mim sem essa mulher... Sou grato por sua vida. - Olhei para Sun e dei um sorriso.

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