Capítulo 12

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Seo-joon narrando

Por tempos quis entrar em contato com Sun. Minha mãe sempre me convencia que não era uma melhor opção, pois não sabia como ela reagiria ao passado. Pois podia se lembrar de seus pais e causar dor nela. Eu nunca soube realmente de que eles morreram, minha mãe não entrou em detalhes, até porque eu tinha oito anos de idade.
Meu pai foi fazer a tal viagem e nós fomos para Seoul. Depois de anos descobri que ele estava em uma prisão, quando questionei minha mãe ela disse que foi algo que ele quis roubar de um sócio. Entendi que devia ser alguma fraude que ele quis fazer.

Não tive contato com meu pai  por doze anos, até ele ser solto e responder em um regime semi-aberto.
Eu sempre gostei de Sunshine, lembro perfeitamente o último dia que a vi, ela estava com um lindo vestido rosa floral de tule.
Meus pais demoraram pra me buscar em sua festa de sete anos, até um funcionário da empresa do meu pai me buscar. Tudo aconteceu tão rápido que nem me despedir pude.

Tinha planos de me formar esse ano e ir atrás dela no Brasil. Sempre quis dar um abraço nela e me desculpar por não ter ficado quando ela mais precisou. Quando fiz dezesseis anos, fiz uma conta escondido da minha mãe e comecei acompanhar Sunshine nas redes sociais. Minha mãe não deixava eu ter redes sociais e onde eu ia ela estava comigo. Hoje estou com vinte e dois anos, ela parou de ser tão controladora. Moro na Italia tem dois anos, já encontrei algumas vezes com Pablo.
Ele leva uma vida bem diferente da minha, é um playboy sem limites. Vive nas noitadas, rodeado de mulheres. Ele tem uma noiva que mora em uma cidade vizinha de onde moramos, mas ele a trai com muitas meninas.
Eu não saio a noite por dois motivos: por causa dos meus estudos e por causa da minha mãe, que mesmo de longe me controla um pouco ainda.

Hoje acordei animado, ia aproveitar que minha última paciente tinha desmarcado e ia fazer um passeio com um guia turístico. Ao chegar no consultório minha secretária informou que tinha um encaixe. Que  pela a voz da pessoa no telefone, ela estava precisando muito de atendimento e não teve como falar não.
Ela já me conhecia, sabia que eu dava sempre prioridade em atender alguém necessitado. Até se não tivesse vaga eu arrumaria tempo pra atende-la.

Mas eu não sabia que seria "A pessoa". Quando levantei os olhos e vi Sunshine, parada em minha frente, tive que esfregar os olhos para vê se eu não estava vendo uma miragem.
Como isso poderia ser verdade? Com certeza meu semblante mudou. Não pude deixar de ver o chaveiro que eu dei a ela em sua mão.
Como eu queria dar um abraço nela e me desculpar pela minha ausência, já atendi tantos casos de pessoas depressivas, pessoas que tentaram suicídio por não saber lidar com a dor da perda.
Fique parado, boquiaberto. Sem falar que Sunshine era mais linda ainda pessoalmente. 
Não sabia como pedir pra dar um abraço nela, mas ela foi logo se adiantando e me perguntou se podia me abraçar.
Lógico que eu não ia negar aquele abraço, que normas e ética o que... Eu queria poder trazer um pouco de alegria pra ela, compensar esse tempo perdido.
Ali não era uma relação entre médico e paciente e sim uma relação entre amigos.
Me segurei pra não chorar quando ela desabou em lágrimas. Confesso que meus olhos ficaram rasos de lágrimas.

- Que saudade eu senti de você. Você não sabe como eu te procurei... - Disse Sun em meio as lágrimas, eu me senti um péssimo amigo.

- Eu também estava morrendo de saudades de você. Como você está? - Não tinha muito o que dizer pra ela.

- Não muito bem, por isso estou aqui, né? - Ela ainda está abraçada comigo. Ela ria e chorava ao mesmo tempo.

- Verdade. - Não pude conter meu riso. - Eu te acompanho tem uns seis anos. Sempre quis entrar em contato, mas minha mãe dizia que era melhor não. Eu ia viajar para o Brasil esse mês e tentar encontrar você, daí olha quem me encontra...

- Verdade. Que coisa louca! Venho me tratar e encontro uma pessoa que sempre me ajudou indiretamente.
- Nos soltamos e começamos a conversar.

- Como assim? Indiretamente? - Eu coloquei meus óculos novamente após nos sentarmos.

- Sim. - Ela levantou o chaveiro que eu a dei. - Eu carrego para todos os lugares. Me ajuda muito quando estou nervosa e me sentindo sozinha.

- Sério? Que felicidade poder saber que contribui para algo bom em sua vida. - Que bom que ela não ficou com uma imagem ruim de mim, isso me trouxe um conforto. - Mas me conte, o que te traz aqui?

- Bem... Como você deve saber, perdi meus pais em um trágico acidente. Eles morrerem afogados. Minha mãe caiu no mar e meu pai tentou salva-la, acabou que não conseguiu salvar minha mãe e nem se salvar.

- Não fiquei sabendo como foi, sempre tive muito receio de perguntar. Eu sofri muito por não poder ficar perto de você. Meu pai no mesmo dia foi preso, me disseram que ele tinha ido fazer uma viagem, só depois de muitos anos que descobri que ele quis aplicar um golpe na empresa, daí foi preso. Ainda paga até hoje pelo erro cometido. Fui ter contato com ele após doze anos de sua prisão. Minha mãe se separou dele e desde então tem investido em me isolar do mundo. - Eu ri pra ela.

- Ela é superprotetora?

- Você não imagina quanto, agora até que está menos. Estou morando aqui tem dois anos. Mas ela me liga todos os dias, se eu não atender é bem capaz dela aparecer aqui atrás de mim.

- Pelo menos você tem ela, ela deve ter medo de perder você ou coisa assim.

- Sim, por isso não reclamo. Eu entendo ela. Mas voltando a você, me conte...

SunshineOnde histórias criam vida. Descubra agora