Parte 9

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As ruas de Konoha estavam bem mal iluminadas naquele trecho. Devido a formação de nuvens carregadas no céu, a luz natural foi bloqueada, tornando aquela escuridão mais densa do que o normal.

O comércio já fechava às portas e as pessoas se recolhiam em suas casas, apressadas pelo tempo de chuva que se formava. Era quase nove da noite e eu caminhava cabisbaixa em direção a casa do Sr. Hatake.

Depois do puxão de orelha da Hokage, voltei ao hospital e não parei de pensar um minuto sequer nas palavras daquele rato. Querendo ou não, ele tinha razão. Não passava de um projeto de ninja e, pelos grandes Kamis, como eu queria voltar para a minha vida pacata e infeliz de sempre!

O Sr. Hatake, por sua vez, deixou claro que teríamos treinamento às nove, pediu que trouxesse os livros de volta e partiu em uma missão curta perto da aldeia.

Estava cansada ... de ser a mesma. De ser fraca e rancorosa.

Ajeitei a bolsa no ombro e, sem querer, percebi um vulto no meu campo de visão, atrás de mim, mas do outro lado da rua, na calçada. Gelei a espinha, me dando conta que aquele rato poderia não estar mentindo sobre o fato de estarem me seguindo. Apertei o passo. E o vulto também.

Apreensiva, procurei algum comércio aberto para me abrigar, mas todos já estavam fechados. Dobrei a primeira esquina que me apareceu e corri o mais rápido que pude. Escutei passos pesados no meu encalço, o vulto também corria. Agora não restava mais dúvidas.

Avistei um beco e tentei despistá-lo, me escondendo lá, mas quando cheguei perto, um homem grande vestindo uma capa preta me abordou e me puxou beco adentro. Envolveu meus ombros em seu braço troncudo e enfiou uma agulha na minha jugular. Não tive chance alguma.

O líquido entrou queimando.

O homem que me seguia apareceu, freando a corrida, respirando aliviado pelo colega ter conseguido me capturar.

Não usavam máscaras, mas não conseguia ver seus rostos por causa da escuridão densa e porque minha visão começou a ficar embaçada. Meu corpo amolecia, pendendo os movimentos.

- Isso mesmo, docinho. - a voz tenebrosa do homem troncudo soou perto do meu ouvido. Me apoiava o corpo, já esperando por isso.

- Vamos logo! - o outro homem puxou a bolsa do meu braço e passou a vasculhá-la a procura de algo. - Aqui! Peguei! - mal dava para ver, mas sabia que o que ele tinha nas mãos eram os três livros do sensei.

Meus olhos lutavam para ficar abertos.

- Vá na frente se quiser, vou ficar e me divertir um pouco. - senti meu corpo ser erguido e colocado de bruços sobre uma mureta como um saco de batatas, abriu minhas pernas e se enfiou entre elas, passando a mão na minha bunda.

Quis reagir, mas meu corpo não respondia. Quis gritar, mas a voz não saia.

- Cara, você tá louco? - havia angústia na voz do outro. - A gente já tem o que pediram, vamos arranjar pra nossa cabeça!

Era algum tipo de veneno bloqueador do sistema nervoso. Estava consciente mas não conseguia mexer um centímetro sequer. Tentei rastrear a substância, mas sem sucesso. Fez efeito mais rápido do que pude ser capaz de identificá-lá e eliminá-la.

Meus olhos se fecharam, pesados. Estava às escuras agora. Senti medo.

- Ela não viu a gente! - senti seus dedos adentrarem o cós da calça. - Está dormindo que nem um bebê, olha. - ergueu um pouco meu quadril e o soltou, fazendo meu corpo bater pesado contra a mureta. - Não vou demorar ... só quero ...

Ambas as mãos seguraram firme o tecido da calça de novo, iniciando uma descida lenta e torturante. Tentei reagir mais uma vez, mas nada! Em desespero, uma lágrima escorreu dos meus olhos, como um pedido de socorro.

O barulho de uma descarga elétrica ecoou no local e ouvi os gemidos agonizantes daqueles dois. Minha calça foi solta antes de expor qualquer coisa e o som de corpos caindo contra o chão foi ouvido.

- Leve-a pra casa! Vou deixar esses imundos com a Ambu e já volto. - a voz do Sr. Hatake estava nitidamente irritada.

Pela primeira vez na vida fiquei realmente feliz com sua presença.

Fui erguida pelo braço e apoiada no colo de alguém. Pelo cheiro e porte físico era um clone da sombras do sensei.

...

Senti o colchão macio de uma cama que não era minha. O cheiro daquele homem se alastrou e entendi que estava na casa do Sr. Hatake. Minha cabeça foi cuidadosamente apoiada em um travesseiro e meu corpo coberto para manter-me aquecida.

- Descanse. - sussurrou. - Já volto.

Treinamento Nível S - Kakashi HatakeOnde histórias criam vida. Descubra agora