Treinamento Nível S - Kakashi Hatake

Parte 24

Abri os olhos, meio sonolenta, dando-me conta que já estava escuro. Depois de tomar um banho bem quente e comer tudo que vi pela frente, me tranquei no quarto e dormi pesado a tarde toda.

Revirei-me na cama, enfiando a cabeça embaixo do travesseiro, tentando negar o fato de que a hora de sair com aquele rato havia chegado. Mais uma vez, me repreendi por ter sido tão burra. Quis socar o travesseiro, mas meu corpo ainda doía muito e eu só queria continuar dormindo.

Decidi furar com ele. Que diferença faria? Relaxei-me, tentando pegar no sono de novo.

Foi quando escutei um sutil estalo na janela do meu quarto. Meus instintos me alarmaram, fazendo-me sentir sua presença quase que instantaneamente. Parece que o tempo que passamos juntos e as coisas que andamos fazendo criaram uma espécie de conexão que, se prestasse bem atenção, poderia ser sentida na pele.

- Achei que não seria idiota a ponto de invadir meu quarto de novo. - descobrindo parcialmente o rosto, encontrei-o agachado sobre o parapeito, escondido nas sombras.

Congelou-se por alguns instantes. Não achou que o perceberia?

Me sentia estranha. Meu juízo me dizia que deveria estar sentindo medo em ser observada daquele jeito, mas havia uma excitação divertida naquilo tudo, que eu, obviamente, fingia não ver, com todas as minhas forças.

Se moveu, trazendo somente o rosto para ser iluminado pela luz que vinha da rua.

- Só vim garantir que você não banque a idiota, tentando me dar bolo. - sua voz estava mais densa que o normal.

Seus olhos percorreram meu corpo semi nu, num pudor mal disfarçado. Devido ao calor daquela tarde, tinha vestido somente uma calcinha e uma blusinha de alça e havia desprezado o lençol quente, dormindo com o corpo descoberto o tempo todo. Ele podia ter me cobiçado das sombras, não dava para ver seu rosto de lá. Mas ele quis que eu visse em seus olhos o quanto o estava provocando.

- Que decepção! - resmunguei meio envergonhada, enfiando a cabeça debaixo do travesseiro de novo, tentando ignorar sua existência e como ela estava me afetando.

- Pois é, que decepção! - retrucou malicioso, movendo-se, sentando na beirada da cama.

- Olha, estou com muitas dores ... - calmamente tentei convencê-lo a desistir.

- Eu sei. Por isso te trouxe isto! - senti um pequeno objeto ser jogado na cama. Ao passar a mão, percebi que era uma cartela de comprimidos. - Tome um, vai se sentir bem melhor. Vou ficar te esperando lá embaixo. - levantou-se e ficou imóvel.

Descobri totalmente a cabeça e o peguei com o olhar perdido em minha bunda, com meia banda de calcinha enfiada ... você sabe onde. Sua cabeça estava pendida para o lado, ampliando sua visão e ambas as mãos descansavam despretensiosas nos bolsos.

- É, acho que você tem razão. - permaneceu congelado, observando-me. - É idiotice continuar invadindo seu quarto assim ... uma idiotice bem perigosa ... - parecia pensar em voz alta.

Trouxe seus olhos maliciosos aos meus, fazendo meu estômago gelar instantaneamente. Virou-se para a janela e quando vi, já estava de volta à posição de ninja sorrateiro, envolto completamente pelas sombras. Sentenciou, provocativo:

- Lá embaixo, em dez minutos! - e sumiu.