- Assinatura? Do que está falando, mãe? - já não estava entendendo mais nada.
Observei-a com mais atenção, aquela mulher, bem na minha frente, não parecia mais minha mãe. Era seu corpo, sua voz, seu cheiro ... mas a sua atitude tinha mudado completamente. Já não era mais a mãe carinhosamente irritante que resmungava pelos cantos. Tinha a pose de uma rainha, com seu olhar cortante, julgador e ... triste.
Comecei a duvidar que ela fosse um clone das sombras. Minha visão se ampliou para o entorno, tentando encontrar vestígios de algo ou alguém com intenção de ataque.
Minha atenção foi deslocada para passos pesados subindo as escadas da casa correndo. Nessa hora entendi porque o Sr. Hatake tinha um arsenal de armas sob a cama. Fechei a mão em punho, debaixo do lençol e enrijeci o corpo, pronta para revidar.
Não estava acreditando que poderia ser atacada por figuras imitando meus pais, mas ... isso era totalmente possível!
- Ah, lá vem seu pai! - ela suspirou frustrada, cruzando os braços como fazia quando ele a chateava. - Será que não consigo ter uma conversa EM PAZ com minha filha? - olhava por cima do ombro, resmungando contrariada com a porta ainda fechada.
Ele a abriu num solavanco estrondoso e isso me fez encolher o corpo contra a cabeceira, assustada. Nos analisou e analisou o ambiente de cima abaixo, como um cão farejador de perigo. Encontrou o olhar carrancudo da minha mãe e retrucou preocupado:
- Nem a pau! Ainda mais esse tipo de conversa. - me questionei como ele conseguiu ouvi-la, observando-o fechar a porta atrás de si e vir em nossa direção. - Tem certeza disso, pompom? - era como ele a chamava quando queria acalmá-la.
Puxou a cadeira da minha mesa de estudos, sentando-se bem em frente ao criado-mudo e fechou-nos num triangulo. Puxou a mão dela na sua, dando um apertão firme e apoiador.
- Você a ouviu, amor. - seu tom estava mais calmo. - Já passou da hora de termos essa conversa. - me olharam como se eu fosse morrer ou algo assim, havia algo como pena em seus olhares.
- Quem são vocês? - denunciei nervosismo na voz e isso os fez rir, achando graça. - Responda logo que história é essa de assinatura! - preparei meu corpo para atacar no primeiro sinal.
- Filha ... - minha mãe se pronunciou primeiro, tentando me acalmar. - ... quando seu pai e eu ficamos juntos pela primeira vez, aconteceu uma coisa ... que resolvemos dar o o nome de assinatura ... - parecia atrapalhada em sua fala, o que fez meu pai assumir a conversa.
- Eu passei a ouvi-la, como se estivesse dentro da minha cabeça e ela ...
- Sinto a presença do seu pai, onde quer que ele vá. Posso dizer exatamente onde está! - completou.
Parei de respirar. Pisquei incrédula, por segundos a fio, tentando acreditar que aquelas palavras estavam saindo mesmo da boca dos dois. Era a mesma coisa que havia acontecido entre o Sr. Hatake e eu! Exatamente a mesma coisa!
- Pelo visto isso aconteceu com ela também, amor! - deduziram surpresos, observando minha reação.
- C-como ...? - baixei a guarda, tirando da mente a ideia de que eram clones. Ali estavam somente meu pai e minha mãe, revelando segredos de família. - P-por que nunca me contaram?
- Filhota ... - foi a vez do meu pai tomar a frente. - Nem nós sabemos ao certo! Descobrimos isso quando nos casamos. Nem sabíamos que isso poderia ser herdado geneticamente. Combinamos inicialmente de te contar quando fizesse quinze anos, entendíamos essa idade como um marco para sua entrada na fase adulta, mas não tivemos coragem. Tudo estava indo tão bem, as coisas aqui em Konoha estavam tão estáveis, que resolvemos não nos colocar em risco ...
- Risco? Como assim? - o interrompi.
Foi nessa hora que minha mãe contou a verdadeira história deles. Disse que vieram fugidos do país da Terra, de uma aldeia chamada Aldeia das Ervas, alguns meses depois do casamento. Meu pai era um dos soldados que guardavam a fronteira e minha mãe, filha de mercadores locais. Até então, pessoas comuns, servindo ao seu povo.
Quando se casaram e tiveram a primeira relação, descobriram imediatamente o vínculo que chamaram de assinatura e que mantiveram isso como um segredo só deles. Era tão só deles que dava liga ao casamento:
- Quando queria provocar seu pai, ficava falando baixinho coisas picantes ... eu sabia que ele ouviria! - ria-se divertida, observando meu pai corar um pouco.
- E quando queria me infernizar bastava ficar resmungando pelos cantos! - cruzou os braços, revirando os olhos cansados. - Pensa filhota, se coloque no meu lugar! Além de lidar com sua mãe em casa, ela não saia da minha cabeça! Literalmente!
Eu ri, achando um pouco de graça. E fiz uma anotação mental, para nunca deixar que o Sr. Hatake soubesse dessa possibilidade e usasse isso contra mim!
- É por isso que a mãe começa a falar as coisas e sai pelo ambiente como se pudéssemos escutá-la? - constatei, entendendo-a um pouco melhor.
- E no caso, EU posso! - meu pai suspirou, lamentando-se da própria sorte, enquanto minha mãe socava-o no braço, chateada.
- Pai, até onde vai sua capacidade de escuta? - fitei-o curiosa, precisava entender mais sobre isso, já que estava diante de pessoas que lidavam com essa habilidade há um bom tempo.
- A maior distância que sua mãe estava de mim e pude ouvi-la falar com nitidez, foi coisa de uns trezentos metros. - ergui as sobrancelhas, admirada. - Então, como pode ver, não tenho muita saída por aqui! - apontou com a cabeça para o teto, se referindo a nossa casa. - Sorte a sua que você não passa por isso ...
- Então, pai ... - estava um pouco receosa. - ... só que no meu caso foi ao contrário. Sou eu quem posso escutar o ...
- O Yusuke? - minha mãe me cortou, curiosa, e dei graças aos kamis por isso, porque teria falado o nome do outro homem sem prestar atenção. - Então, ele é a pessoa que sabe onde você está? - achou graça na inversão de papéis.
- S-sim ... - concordei, desviando o olhar, tentando não transparecer que não estávamos falando do meu colega.
- Que os Kamis te ajudem! - vi meu pai resmungar e levar outro safanão da minha mãe.
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Treinamento Nível S - Kakashi Hatake
Фанфик1o lugar em #kakashi - 05/12/23 Escalada para uma missão secreta, devido a sua habilidade única, S/N precisará passar por um treinamento avançado do qual nunca imaginaria ter que participar. Aprender a arte do prazer, sem ceder, aos encantos do inst...