Parte 45

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Agora, quem estava puta da cara era eu!

Parece que, ser responsável por gerar fogo amigo em uma batalha, traz represálias nada agradáveis dentro da própria equipe. Às cinco da manhã, era óbvio que o pivete ainda estava apagado, devido ao efeito da droga em seu corpo, e o Sr. Hatake fez a bondade de me deixar escolher entre carregar o moleque nas costas ou sua mochila de suprimentos pesada, até que a princesinha acordasse.

Não tive muita dificuldade para escolher.

Tentando equilibrar o corpo para não ser puxada para trás pelo peso da mochila do sensei e ao mesmo tempo não deixar a minha escorregar dos braços, bufei enraivecida, praguejando baixo e me questionando quanto tempo demoraria para o pivete acordar. Partimos do alojamento havia quase duas horas e nada do moleque parar de roncar e babar no ombro dele.

 O homem me ouviu resmungar e me repreendeu com um olhar de canto:

- A culpa é sua. - o sermão fez meu sangue ferver. - Se isso tivesse acontecido numa missão real, com companheiros ninjas reais, carregar a carga dos outros seria o menor dos seus problemas.

- Vocês são desprezíveis. - retruquei, sem medir as palavras, recebendo outro olhar torto.

Me questionei qual parte do que aconteceu ontem não havia sido real. Mas decidi não retrucar, porque senão teria que questioná-lo onde estava minha equipe de verdade, quando eu mais precisei. E eu sabia que ele se sentia culpado por isso.

Quando foi que passei a me preocupar com os sentimentos desse rato?

- Não pode me punir pelas idiotices desse pivete! - ainda argumentava em minha defesa, vendo-o se contorcer zangado com a afronta e resmungar qualquer coisa como estar de saco cheio por eu não mudar o disco desde que saimos do alojamento. - Ainda estou tentando entender o que se passou na cabeça dele para entrar num campo de batalha daquele jeito. É claro que viraria um alvo fácil! - minha expressão era de quem disse a coisa mais óbvia do mundo.

- Você não conhece o Naruto! - Sakura se intrometeu. - Ele é burro assim mesmo! - sua expressão era a mesma que a minha.

- Demais! - o emburradinho completou, revirando os olhos num ar de superioridade, nos surpreendendo com sua primeira fala do dia.

- Fiquem quietos, todos vocês! - o homem nos repreendeu, perdendo a paciência. Direcionou um olhar perfurante para os pequenos. - Vocês querem ajudar a S/N com a carga da minha mochila? - quando queria, sabia ser ameaçador com eles.

- NEM PENSAR! - exclamaram ao mesmo tempo, baixando a bola, me deixando sozinha nessa.

Pirralhos!!!

- E você, - foi minha vez de receber sua ira. - Pare de reclamar e aceite as consequências dos seus atos! O mundo ninja não é um playground e quanto mais cedo puder te ensinar como funciona, melhor! - engoliu em seco, me fazendo dar conta de quanta responsabilidade havia tomado para si nessa coisa toda.

Só desviei o olhar, meio contrariada. Afinal, fui eu quem pedi para que ele me treinasse, não foi? Quem foi que disse que treinamento ninja era só em campo? Fazia sentido me explicar como esse mundo era cruel, explicar as regras do jogo para que soubesse onde estava pisando. Estava começando a entender que, de agora em diante, não me trataria mais como uma amadora.

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Chegamos ao nosso destino, antes do meio dia. Quando avistei o grande resort de águas termais à frente, cheguei a esfregar os olhos, desacreditada. A missão de reconhecimento que o sensei havia mencionado antes, era fazer uma varredura na área para descobrir falhas na segurança do local. A construção seria inaugurada em uma semana e o Sr. Hatake precisava investigar tudo, para garantir que a estadia dos visitantes fosse tranquila.

Treinamento Nível S - Kakashi HatakeOnde histórias criam vida. Descubra agora