Parte 43

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Estranhei sua rispidez, mas mesmo assim o segui. O coração batia acelerado, igualzinho ao de uma adolescente apaixonada, me questionando o que aquele rato sacana queria comigo àquela hora.

Adentrei a mata densa e mal iluminada, ajustando a visão para encontrá-lo na escuridão. Não muito longe, o avistei escorado em uma das árvores. Estava em postura relaxada, com um dos pés apoiados no tronco e ambas as mãos descansando nos bolsos. Me tecia um olhar sério e penetrante.

Do alojamento não era possível vê-lo, já que a árvore o escondia perfeitamente. Entendi que queria descrição, então, não só fiquei à sombra da árvore também, como me aproximei demais e o abracei, envolvendo ambas as mãos em seu pescoço.

- O-o que pensa que está fazendo? - pego desprevenido, segurou-me pela cintura, tentando frear meu movimento.

Novamente aquela rispidez! Será que estaria assim pelo jeito com que falei com ele mais cedo, sobre ter desviado o caminho por minha causa? Eu tinha ficado muito brava na hora, mas não estava descontente com sua escolha.

Precisava que soubesse!

Posicionei o dedo na abertura de sua máscara com a intenção vergonhosa de ter acesso à sua boca. Seria bobo admitir que aquele beijo nos portões de Konoha me fizeram desejar por isso o dia todo?

O vi engolir em seco e, ainda com aquele olhar surpreso, me segurar o pulso com força. Repetiu a pergunta, dessa vez de forma mais enfática, reprovando minha atitude como se eu estivesse a ponto de cometer um crime.

- Sério? - provoquei-o, sentindo uma pontinha de rejeição. - Vai se fazer de difícil só porque briguei com você mais cedo? - encarei-o decepcionada com sua atitude infantil. Bufei, revirando os olhos. - Táááá ... me desculpeee! - as palavras saíram empurradas. Desisti da máscara, repousando a mesma mão em seu rosto, tecendo uma carícia leve, fazendo aqueles olhos acompanharem meu movimento delicado e em seguida me encararem profundamente. - Era isso que queria ouvir? - em voz doce, me aproximei devagarinho. - Um pedido de desculpas? - o beijei por cima da máscara suavemente, fazendo-o estremecer.

A coisa aconteceu tão rápido! Meus lábios ainda estavam colados aos dele quando segurei firme a cabeça do sensei e injetei uma seringa com veneno paralisante em sua jugular. O homem grunhiu de dor e caiu que nem um saco de batatas sobre meus pés, perdendo a força das pernas.

Seu cenho franziu, me olhava assombrado, num misto de indignação e espanto:

- O q-que ... - balbuciou antes de cair para o lado, imóvel e inconsciente.

Imediatamente seu corpo se desfez, revelando ser um clone das sombras!

Era uma emboscada! Sabia!

Minha percepção se ampliou drasticamente, me fazendo sentir a presença de mais dois homens, ocultos na escuridão da mata fechada. Removi duas kunais das laterais das pernas e joguei-as em suas direções, criando uma distração. Dei um salto o mais alto que pude, mirando os galhos das árvores acima de mim e, silenciosamente, sumi na escuridão.

- Para onde ela foi? - a voz de um deles veio de alguns galhos acima de mim, ao leste.

Filhos de uma puta! Rangi os dentes de raiva, cerrando os punhos em alerta total. Estavam atrás de mim, de novo!

- Como isso foi acontecer? Não era pra ser um alvo fácil? - o outro se aproximou do primeiro, alguns galhos abaixo.

Aquilo foi a perdição de ambos. Segundo aquela baboseira de princípios shinobis, enquanto oculto, um ninja não pode fazer nenhum tipo de barulho. Falar, por exemplo, entregaria sua localização! Mandaram ninjas de quinta categoria para me pegar?

Treinamento Nível S - Kakashi HatakeOnde histórias criam vida. Descubra agora