Ao encontrá-lo me esperando na calçada, senti o coração saltar e não gostei da sensação. Estava encostado no muro de casa, mãos nos bolsos, perna encostada na parede e o olhar ...
Bem, seus olhos percorreram meu corpo sem pressa, admirando minhas curvas sob o vestidinho leve e curto que usava. Não vou mentir, não fiz uma grande produção, mas me preocupei com o que usaria, mesmo isso não sendo um maldito encontro!
Que merda estava acontecendo comigo?
- Você precisa parar com isso! - o reprovei, trazendo seus olhos aos meus.
- Com o quê? - provocou, malicioso.
- Me olhar dessa forma. - primeiro no quarto, agora aqui.
- Não consigo. - sentenciou rapidamente, sem se preocupar em admitir. - E também não quero. - desencostou-se do muro e se pôs ao meu lado.
Passamos a caminhar juntos, enquanto processava o que acabara de ouvir.
- Você claramente não sabe o que significa dez minutos, né? - reclamou por ter tido que me esperar por bem mais tempo que isso.
- E mesmo assim, você esperou. Por que? - encarei-o séria.
- Por que? - repetiu a pergunta, como se pensasse nela pela primeira vez. - Vejamos ... hoje a missão é especial. - coçou a nuca, um pouco desconfortável.
- Missão? - não sei porquê, me senti desapontada.
- Sim! Você tem uma visão distorcida de mim, baseada na reprovação de anos atrás. Mas eu não sou isso! - voltou a mão ao bolso e me encarou. - Pra que a gente consiga avançar no treinamento, preciso que me conheça melhor.
- Conhecer ... melhor? - repeti, desapontada.
Então era isso! O tempo todo estava preocupado com o andamento do treinamento, em estabelecer a tal conexão real de que falavam os livros. E não, não seria possível criarmos nenhum tipo de conexão decente se ainda o odiasse. Realmente, o andamento do treinamento estava comprometido, por minha causa.
Mas então, onde se encaixavam aqueles olhares provocativos? Será que era só isso, provocação para me envolver no treinamento? Ah, quis me socar! Por que estava pensando que poderia ser outra coisa?
- Achei uma boa ideia sairmos para beber juntos ... - fez uma pausa, rindo-se meio nervoso. - ... não sei bem como essa noite vai desenrolar, mas espero que você crie uma imagem mais positiva minha.
- Você vai precisar se esforçar ... e muito! - despejei meu descontentamento, provocando-o.
- Claro! - concordou de imediato, me fazendo encará-lo, surpresa. - Assim como você se esforçou pra se arrumar pra mim! - devolveu à altura.
- Não me arrumei pra você! - menti, com raiva na voz.
- Me sinto honrado, obrigado! - baixou os olhos, fitando a calçada, suas bochechas coraram levemente.
Qual era a desse cara ????? Que raiva!
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E lá estava eu, de volta àquele bar imundo e fedorento de Konoha. O Sr. Hatake sabia mesmo como impressionar uma garota. Nos sentamos à mesma mesa de fundo, escura e discreta e iniciamos nossa primeira rodada de saquê.
Não fui obrigada a sentar do mesmo lado que ele e isso foi um alívio. Mas ainda me sentia muito desconfortável, encarando-o de frente. Virei a dose do líquido rapidamente, na esperança que a bebida entrasse e a estranheza saísse.
- Então, tá! - bati com o copo na mesa, encarando-o. - Como é que você vai fazer isso funcionar? Como vou ter uma imagem melhor de você?
- Não sei ... - baixou a máscara rapidamente e num único gole, fez a bebida descer pela garganta. Pude admirar sua boca e sentir um pouco de inveja do copo que tocava seus lábios carnudos. Voltou a cobrir o rosto e me encarou de volta. - Que tal perguntar coisas sobre mim? Podemos começar por ai.
- Mas, que tipo de pergunta? - cruzei os braços, entediada com a ideia.
- Ora, o que quiser perguntar! Mas eu decido se respondo ou não. - serviu-nos mais uma dose.
Encarei o copo enquanto o líquido o preenchia. Tinha uma coisa que não me saia da cabeça fazia um tempo.
- Tem uma coisa que quero saber, Sr. Hatake. - o vi me fitar com atenção. - Naquela noite, quando foi atacado, por que não procurou a Ambu diretamente? O que aconteceu naquela noite, que não quis acender as luzes? ... Afinal, você sabia que tinha sido envenenado, por que não os procurou sendo que era certo que poderiam te ajudar? E se ... e se eu tivesse faltado ao treinamento?
- Uau! - riu-se devolvendo a garrafa à mesa. - Pensei que perguntaria qual mulher fazia meu tipo! - confessou, debochando de mim.
- Se não quer levar isso a sério ... - nem me deixou terminar a frase.
- Por causa de você, por isso! Foi uma emboscada do pessoal da aldeia das Ervas, fiquei com medo que fossem atrás de você. - tomou mais um gole. - Você sabe como eles tentaram me derrubar rapidamente, foram precisos no tipo de ataque e poderiam ter informações de onde você estaria ...
- Você aguentou tudo aquilo, pra me defender? - virei a dose também, tentando digerir a informação. - Foi isso o que te manteve de pé? Porque aquela dose foi cavalar ...
- Eu precisava garantir sua segurança! - serviu-nos de mais bebida. - E no final das contas, foi você quem me salvou! - sorriu alegre, fazendo seus olhos se fecharem com o movimento.
Achei doce e não pude deixar de sorrir de volta.
- É estranho, sinto muito! - confessei, fazendo um movimento de negativa com a cabeça. - Te ver como sensei, saber o quanto é dedicado e cuida dos seus alunos ... - mandei outro gole para dentro, começando a sentir os primeiros efeitos do álcool. - É conflitante!
- Foi o que te disse! Agora consegue me enxergar um pouco além da ideia do rato maldito que criou em sua cabeça? - provocou-me.
- Um pouquinho? Sim! - debochei, me envergonhando levemente pelo apelido nada carinhoso que dei a ele. - Você não vai esquecer disso facilmente, né?
- Não! - disse seco e, ao terminar de beber, ergueu a mão em sinal à garçonete, pedindo mais bebida.
- Mas você também não deixa para trás, Sr. Hatake! - cruzei os braços, indignada. - Desde quando nos conhecemos, só me chamou de coisinha! - o vi rir. - Acha isso engraçado? Não houve uma única vez que meu nome saiu de sua boc ...
- Tem certeza disso? - seus olhos faiscaram, provocativos e me arrependi de ter entrado nesse assunto. - Te chamei pelo primeiro nome ... - olhou para o lado, vendo a garçonete se aproximar com as bebidas. - ... em certos momentos, se é que me entende! - conteve-se no uso do vocabulário.
- Isso não conta! - retruquei.
- Conta sim! - me enfrentou.
A garçonete observou-nos em silêncio e saiu.
- Quer saber? Tem um lado seu beemmm fofinho que conheci também, seu rato! - o vi erguer as sobrancelhas, se divertindo com minha irritação.
- Até agora era Sr. Hatake ... o que eu fiz pra virar o rato de novo? - ria-se, erguendo as mãos em rendição.
Ergui-me um pouco, debruçando o corpo sobre a mesa, na direção do homem. Ele só me observou enquanto meu dedos finos alcançaram sua testa e descarregaram um peteleco bem forte e ardido. O vi contorcer o rosto em dor e resmungar. Senti um prazer enorme com isso!
- Que porra foi essa? - esfregava a testa, confuso, enquanto eu me sentava, sorrindo satisfeita.
- Tomara que acorde antes de você ... quero ver como vou me explicar se nos pegar assim ... - repeti tudo que ouvi dele naquela noite, quando me paralisaram todo o corpo e aquele rato achou que eu estava apagada. - ... só dessa vez tá difícil resistir! ... - levei as mãos ao rosto, encostando os cotovelos sobre a mesa e fiz uma expressão fofa.
Observei seus olhos surpresos me fitarem um pouco assustados. Corou o rosto imediatamente, desviando o olhar. Era para ter sido engraçado, mas parece que trouxe à tona um lado do Sr. Hatake que ele não estava preparado para me apresentar ... não aquela noite.
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Treinamento Nível S - Kakashi Hatake
Fanfiction1o lugar em #kakashi - 05/12/23 Escalada para uma missão secreta, devido a sua habilidade única, S/N precisará passar por um treinamento avançado do qual nunca imaginaria ter que participar. Aprender a arte do prazer, sem ceder, aos encantos do inst...