Parte 27

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Meu queixo caiu, sem conseguir processar direito o que acabara de escutar. O Sr. Hatake tinha sentimentos por mim? Eu estava entendendo bem? Foi por isso que se esquivou da minha pergunta? Admitir algo sobre aquela noite seria um grande problema para nós dois e para a missão também. O Gai tinha razão.

Será que foi por isso que me perguntou o que estava acontecendo entre nós, mais cedo, quando nos beijamos daquela forma em sua cozinha? Será que queria saber se eu também sentia a mesma coisa?

O que eu sentia? Não podia nomear ao certo. Só sei que aquele beijo foi muito diferente do beijo do Yusuke. Muito diferente! O beijo do meu amigo me trazia paz e segurança. Já o beijo daquele homem era um turbilhão de sentimentos ... era um misto de luxúria, com ira, desespero e admiração.

Era isso o que ele sentia também?

Minha voz saiu trêmula:

- O-o que ele te disse exatamente, Gai?

O homem olhou de relance para o lado e mudou completamente a postura, voltando a ser o mesmo bobo de antes. Entendi, rapidamente, que o Sr. Hatake se aproximava. Mudei o tom da voz, falando a primeira coisa que me veio à mente:

- É sério, Gai? Estou chocada! - levei ambas as mãos à boca, numa expressão exagerada.

Fitei o Sr. Hatake, que se sentava e já nos encarava curioso:

- Está chocada com o quê? - perguntou preocupado ao amigo, que sorriu nervoso em resposta.

- Pedi pro Gai me contar coisas sobre você. É a missão de hoje, não é? E ele me disse que vocês competem entre si, desde pequenos. Até no tamanho ... - analisei com desdém suas partes baixas e voltei a encará-lo, provocativa. - ... das suas ferramentas! - sorri, divertida.

O Sr. Hatake não era burro, esperava que essa conversa tivesse colado.

- Ferramentas? - questionou, decepcionado pelo adjetivo que dei, fitando o amigo que deu de ombros, perdido.

 - Lógico que ele disse que vence você de longe nesse quesito. - cruzei os braços, provocando-o. - Que o seu é pequeno, é verdade?

Estranhei sua calma, era para estar me fuzilando com o olhar agora:

- Não sei, é verdade? - devolveu-me a pergunta, sem pestanejar. - Acha que é pequeno, coisinha? - me tecendo um olhar curioso, nos serviu de mais bebida.

O desgraçado me deixou sem palavras, corei na hora. Rato desgraçado! O Gai sabia de tudo, sabia até do que se tratava o treinamento que fazíamos! Que vergonha!

Comecei a gaguejar ... e fui salva pelo Gai, que riu alto para chamar a atenção, pedindo para mudarmos de assunto.

A noite correu rápida com o Gai nos entretendo com suas histórias sobre o Sr. Hatake. Não poupou detalhes das aventuras e encrencas que os dois se meteram durante a vida. Pude constatar que aquele rato era mesmo um poço de imbecilidade, não tinha como negar.

E, por mais que tivesse passado por situações bem mais difíceis que a minha, mantinha um bom coração e era leal às suas amizades e princípios.

Droga, eu estava conseguindo enxergar um cara bem diferente do que decidi odiar pelo resto da vida.

Já estava embriagada e por isso mais leve. Falava pelos cotovelos, contando sobre as coisas que aconteciam na minha rotina hospitalar, que não eram nada demais comparadas às coisas que eles me contavam sobre o mundo ninja, mas que ainda assim, me faziam sentir orgulho de ter escolhido essa profissão.

- Ela é incrível, Kakashi! Temos muita sorte de tê-la como médica, não acha? - todo bobo e bêbado, o Gai não poupou elogios.

O Sr. Hatake e eu nos encaramos profundamente, enquanto sentenciou, segurando o queixo com uma das mãos:

Treinamento Nível S - Kakashi HatakeOnde histórias criam vida. Descubra agora