- Agora deu pra me seguir? - apertei o passo para alcança-lo. A provocação na ponta da língua. - Hein, seu rato! Vai ficar monitorando cada passo que dou pelos seus capangas de merda? - esbravejei possessa. - Saiba que eu não vou admitir isso! Vou ter uma conversinha com a Hokage! Ah, se vou!
O Sr. Hatake andava rápido a passos nervosos pelos corredores sombrios da Ambu. Ambas as mãos nos bolsos, um olhar gélido para o nada e um silêncio ensurdecedor nos lábios. Tudo, em suas feições, me dizia que ele cagava para minha indignação, menos aquele cenho franzido. Esse denunciava que ele estava puto, talvez até mais do que eu.
- Eu odeio você!- praguejei, vendo que falava com uma muralha.
Seu cenho contraiu mais, atingido pelas minhas palavras. E só!
Não era bem o mesmo tipo de ódio de antes, e meu tom de voz denunciou isso. Estava confusa e chateada, sem entender direito porque nosso distanciamento me afetava. Suas atitudes eram ambíguas, ora parecia se importar comigo e ora era isso ... um poço de frieza. Será que ele é esse tipo de homem, que envolve uma mulher e depois age como se não tivesse acontecido nada?
Me sentia triste também. Rever o Yusuke mexeu com sentimentos que já deveriam estar mortos e enterrados. Era inevitável e horrível pensar que minha chance de ter uma vida normal, de me relacionar com alguém legal e formar uma família, aqui nessa aldeia, escorreram pelas minhas mãos no dia que a Hokage me convocou para a missão.
No fim me tornei isso: um projeto de ninja que, possivelmente, seria sacrificada nessa missão.
Seu andar determinado e apressado me chamaram a atenção para o que vinha pela frente.
- O que será que a Tsunade quer? - cruzei os braços, preocupada. Falava mais comigo do que com o muro ao meu lado.
Reparei que seus olhos caíram sobre mim, surpresos com minha mudança de tom.
- Não sei! - parecia ressentido. - Talvez ela queira entender porque você sempre corre pros braços daquele idiota depois de gozar comigo. - deu pra perceber seus dentes rangendo ao terminar a frase.
Quando encarei-o, meio confusa, desviou o olhar e apressou mais o passo.
Custou-me acompanhá-lo.
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- Kakashi, amanhã você sai em missão com a turma sete, correto?
A Hokage parecia atarefada, nos dirigia a palavra sem tirar os olhos da mesa abarrotada de pergaminhos e livros. Pessoas entravam e saiam, solicitando sua assinatura. Ela parecia cansada.
- Sim, será uma missão de reconhecimento. Vou aproveitar pra treiná-los. - entediado, olhava para além da janela ampla daquela sala.
- Onde será? - chamava com um gesto simples, mais um dos secretários que apareceu na porta com uma pilha de papéis em mãos.
- Ao leste de Konoha, quase na divisa.
- Perfeito! - direcionou aqueles olhos verdes para ele e depois para mim. - Você vai levar a S/N! - voltou-se aos papéis, como se não tivesse jogado uma bomba na sala.
Foi a primeira vez que vi o Sr. Hatake perder a compostura perto dela. Suas mãos saíram dos bolsos, largando a pose arrogante de despreocupação, ao mesmo tempo que seu cenho franziu e sua voz saiu irritada da garganta:
- Nem fodendo, Tsunade! Já tenho três pirralhos pra tomar conta! - direcionou a faísca de seus olhos para mim. - Essa aí só vai me atrapalhar!
- Sorte a minha que sou eu quem decido, Kakashi! A S/N deve ir com você e ponto. - nem se abalou.
- Ela não vai, não! - a peitou, incrédulo com a possibilidade.
Tudo bem que a gente não estava se dando bem, que nossa relação era tipo gato e rato. Mas fiquei sentida por ser considerada um peso para ele. Rangi os dentes, encarando-o zangada. Senti a palma da mão arder pela pressão das unhas, em punho fechado dentro dos bolsos.
- Eu é que não quero ir com esse rato! - me senti na obrigação de me posicionar.
Terminando de assinar a última folha, pediu para o secretário se retirar e fechar a porta atrás de si.
- Rato? - a mulher nos encarou, surpresa com o apelido. - Vejo que o treinamento está caminhando muito bem, Kakashi. - ele engoliu em seco, enfiando as mãos nos bolsos de novo, recuando. - Escuta, essa é uma ótima oportunidade para treiná-la em ninjutsu. Pelo que vi em seus relatórios, você só a treinou uma vez até agora. E estou certa que as crianças podem ajudá-la com o básico. - amansou o tom da voz, tentando convencê-lo. - Vocês estarão dentro das dependências de Konoha, o que me deixa mais tranquila. Será uma viajem calma, acredite em mim.
- Se está dizendo ... - pareceu se convencer muito rápido.
Mas eu não me conformei com aquilo.
- Não posso largar o hospital assim! Tenho meus compromissos, senhora! - minha voz falhava, nervosa.
- Sobre isso, já emiti sua saída formal do hospital. - voltou-se para mim. - Estou vendo o quanto esse treinamento está exigindo de você e decidi que o hospital seria uma distração. A partir de hoje não precisa se preocupar com jornadas duplas.
- Mas ... - meu mundo desabou.
Tudo o que eu tinha, simplesmente foi arrancado de mim, como se não fosse nada. Uma distração? A minha carreira virou uma distração para os objetivos obscuros dessa aldeia? Eles achavam que estavam nos protegendo, mas eram igualmente capazes de apagar nossas vidas do mapa. Mirei o chão, incrédula, meu coração gelou. O ar me faltou.
Ela continuava a tagarelar, como se estivesse fazendo algo para o meu bem.
- Quando sair pegue umas vestes que deixei com a Shinuze na sala ao lado. - recostou-se na cadeira, tentando relaxar um pouco. - Escute com atenção, quando retornarem à Konoha, você tem que estar vestindo aquelas roupas. Entendeu bem, mocinha?
O Sr. Hatake a encarou curioso.
- O que está tramando? Isso não é só sobre treiná-la, não é? - aproximou-se mais da mesa, com certo ar de quem não estava a fim de ser enrolado.
- Treine-a Kakashi! - colocando-o em seu lugar, continuou. - E garanta que ela retorne vestindo aquelas roupas. - sorriu, dando a entender que não haveria mais conversa. - É o que vocês precisam saber por enquanto!
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Treinamento Nível S - Kakashi Hatake
Fanfiction1o lugar em #kakashi - 05/12/23 Escalada para uma missão secreta, devido a sua habilidade única, S/N precisará passar por um treinamento avançado do qual nunca imaginaria ter que participar. Aprender a arte do prazer, sem ceder, aos encantos do inst...