Estava tão escuro que não era possível enxergar nada a mais de um palmo em frente ao meu nariz, minha camisola branca estava molhada e pegajosa contra minha pele quente e suada.Eu odiei a sensação.
Tomando cuidado em onde pisava comecei a caminhar calmamente tentando não tropeçar em alguma raiz ou pedra, com as mãos eu tateava as cascas grossas das árvores para evitar dar de frente com uma delas.
Folhas secas e galhos se partiam cada vez que eu pisava no chão com meus pés descalços, meus tornozelos quase se afundavam com a mistura de neve e lama que revestia a floresta.
Continuo caminhando em frente enquanto ignoro os farfalhares das folhas das árvores que se parecem com sussurros ao vento, minhas mãos estão vermelhas e arranhadas de tanto se apoiarem nos troncos ásperos.
Meus pés descalços estão ardendo com o frio cortante da neve, a bainha de minha camisola estava cheia de lama e o tecido molhado deixando meus passos mais pesados do que eu gostaria.
O pensamento de que já estou caminhando há horas passa pela minha cabeça.
Há quanto tempo eu estou andando?
Sinto um arrepio percorrer minha espinha quando a brisa fria da noite se choca contra minha pele quente, um estalar de galho ecoa a minha direita e eu paro imediatamente de andar.
De repente me sinto tonta, cheiro pungente de ferro invade meus pulmões, um cheiro desconhecido mas ainda assim familiar, era cheiro de magia.
Em meio às árvores sinto pares de olhos me observando, eu esperava que fossem lobos, esperava que fossem olhos de algum animal escondido entre os troncos e galhos das árvores, e não o de uma besta feérica pronta para me devorar.
Eu não podia ver o que era, não sabia quem ou o que estava me observando, a única coisa que eu sabia era que precisava correr, e foi o que eu fiz.
Corri pela floresta escura sem me importar com meus pés descalços que se chocavam contra pedras e raízes, corri sem me importar com o rastro de pegadas de sangue que era deixado para trás enquanto meus pés sangravam.
Corri sem me importar com a queimação em meus pulmões, corri sem me importar com o aperto doloridos em minhas costelas me tirando o oxigênio, me sufocando aos poucos.
A floresta parece se abrir pra mim enquanto eu corro, árvores estalam enquanto se curvam para fora de meu caminho, a neve parece derreter, a lama escorre para fora de onde meus pés tocam para facilitarem minha fuga.
Uma risada ecoa pela floresta, uma risada que se parecia antiga, cruel e errada, como se eu não deve-se a ouvir, a risada parecia vir de todos os lugares, entre os galhos, as pedras e do céu escuro. Ela retumbava pelo chão fazendo meus pés estremecerem.
Em meio a floresta escura um ponto de luz brilha a poucos metros de mim, talvez seja uma fogueira ou uma clareira? Não importa o que seja, meu objetivo nesse momento era correr até ela.
De repente quando começo a correr em direção ao ponto brilhoso uma mão fria abre caminho pelo chão e agarra meu tornozelo, me prendendo no chão, eu a chuto tentando me libertar enquanto ela me puxa para baixo.
Cada vez mais mãos saem em meio a neve e agarram meu corpo, apertando e beliscando minha pele, as mãos dançam por meu corpo, se enrolando em meus braços e apertando minha cintura, me sufocando.
Eu tento lutar, arranhar, chutar, gritar e morder, luto até meus braços ficarem doloridos e minhas pernas queimarem de dor.
As mãos rasgam minha pele com suas unhas escuras feito garras, se infiltrando em minha pele, arrancando e queimando minha carne crua. Quase todo meu corpo já estava sendo puxado para o chão, minhas coxas estavam prestes a serem puxadas para baixo.
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Corte de sacrifícios e vinganças
FanfictionA vida de Alyssa Archeron, a filha mais velha da família Archeron muda drasticamente quando durante uma madrugada bestas feéricas aladas invadem sua casa e levam a si e suas irmãs até o outro lado da muralha. Caindo direto nas mãos de um rei cruel e...