Capítulo 60

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Na sala espaçosa iluminada, pelos candelabros, diversas pilhas de livros estavam espalhadas pelos assentos.

Cassian estava a meio caminho de Morrigan quando ela se virou para Rhysand e falou:

— Por quê? — Lágrimas escorreram de seus olhos castanhos brilhantes.

Rhysand apenas ficou parado ali, encarando a prima. A expressão indecifrável.

Observando enquanto Morrigan lhe batia com as mãos no peito e gritava:

— Por quê?

Ele recuou um passo.

— Eris encontrou Azriel... nossas mãos estavam atadas. Fiz o melhor da situação. — Ele engoliu em seco. — Desculpe.

Cassian os observava, congelado no meio da sala.

Mor se virou para Azriel.

— Por que não disse nada?

Azriel a encarou, sem hesitar. Nem mesmo farfalhou as asas.

— Porque você teria tentado impedir. E não podemos nos dar o luxo de perder a aliança de Keir ou enfrentar a ameaça de Eris.

— Está trabalhando com aquele porco — interrompeu Cassian, depois de ter sido inteirado, aparentemente. Ele passou para o lado de Mor, a mão nas costas da feérica. Então, sacudiu a cabeça para Azriel e Rhysand, o nojo lhe contraindo o lábio. — Devia ter empalado a cabeça maldita de Eris nos portões da frente.

Azriel apenas os observou com aquela indiferença gélida. Mas Lucien cruzou os braços, recostando-se contra o encosto do sofá.

— Preciso concordar com Cassian. Eris é uma cobra.

Talvez Rhysand não o tivesse inteirado de tudo, então. A respeito do que Eris alegara sobre salvar o irmão mais novo de qualquer forma possível. Da própria desobediência.

— Sua família inteira é desprezível — disse Amren a Lucien, de onde ela e Nestha permaneciam à porta. — Mas Eris pode se provar uma alternativa melhor. Se puder encontrar uma forma de matar Beron e se certificar de que o poder passe para ele.

— Tenho certeza de que encontrará — respondeu Lucien.

Mas Mor ainda encarava Rhysand com aquelas lágrimas silenciosas escorrendo pelas bochechas vermelhas.

— Não é Eris ——retrucou Morrigan, a voz falhando. — É aqui. — Ela indicou com a mão a casa, a cidade. — Este é meu lar, e vai deixar Keir destruí-lo.

— Tomei precauções — assegurou o macho de olhos violetas com um tom tenso na voz que eu não ouvia há um tempo. — Muitas delas. Começando com a reunião com os governadores dos Palácios, e conseguindo que concordassem em jamais servir, abrigar ou entreter qualquer um da Corte dos Pesadelos.

— Estão passando as notícias para todos os donos de estabelecimentos da cidade — continuou — Todos os restaurantes e lojas e locais de recepção. Então, Keir e sua laia podem vir até aqui... Mas não acharão que é um lugar acolhedor. Ou um em que podem sequer encontrar alojamento.

— Ele ainda assim vai destruí-la — sussurrou Mor, sacudindo a cabeça.

Cassian deslizou o braço em volta dos ombros dela, com a expressão mais severa do que eu jamais vira, enquanto observava Rhys. E depois, Azriel.

— Devia ter nos avisado.

— Eu devia — respondeu Rhys, embora não parecesse arrependido. Azriel apenas permaneceu a 30 centímetros de distância, as asas bem fechadas e os Sifões reluzindo.

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