Minhas irmãs viviam na Casa do Vento desde que chegaram a Velaris.Não deixaram o palácio construído na parte superior de um dos platôs debruçados sobre a cidade. Não pediram por nada, ou por ninguém.
Portanto, eu iria até elas.
Lucien aguardava na sala de estar quando Rhys e eu descemos por fim, pois meu parceiro dera a ordem silenciosa para que retornassem.
Não era surpresa que Cassian e Azriel estivessem casualmente sentados na sala de jantar diante do corredor, almoçando e observando cada fôlego de Lucien. Cassian lançou um sorriso irônico para mim, erguendo as sobrancelhas.
Disparei um olhar de aviso a ele, desafiando-o a fazer um comentário. Azriel, ainda bem, apenas chutou Cassian por debaixo da mesa.
Cassian olhou para Azriel boquiaberto, como se para declarar: Eu não ia dizer nada, quando me aproximei do arco aberto que dava para a sala de estar. Lucien se levantou.
Lutei contra o tremor que me percorreu quando parei sob o portal. Lucien ainda vestia as roupas imundas e gastas da viagem. O rosto e as mãos, pelo menos, estavam limpos, mas... Eu deveria lhe ter entregue outra roupa. Lembrado de oferecer...
O pensamento se dissolveu quando Rhys surgiu a meu lado.
Lucien não se incomodou em esconder a leve retração dos lábios.
Como se pudesse ver o laço da parceria brilhando entre Rhys e eu.
Os olhos de Lucien — tanto o avermelhado quanto o dourado — percorreram meu corpo. Minhas mãos.
Foram até o anel agora em meu dedo, até a safira em forma de estrela brilhando como o céu contra a prata. Um anel simples de prata estava no dedo equivalente de Rhys.
Nós os colocamos nas mãos um do outro antes de descer — mais íntimo e marcante que qualquer voto feito em público.
Eu disse a Rhys antes de o fazermos que estava quase disposta a colocar seu anel no chalé da Tecelã e obrigá-lo a ir buscar.Rhys riu e disse que, se eu realmente julgasse necessário o ajuste de contas, talvez pudesse encontrar alguma outra criatura para que ele enfrentasse — uma que não sentisse prazer em remover minha parte preferida do corpo do Grão-Senhor.
Eu apenas beijei Rhys, murmurando algo sobre ele ser convencido demais, e coloquei o anel escolhido por ele, comprado ali em Velaris enquanto eu estava fora, em seu dedo.
Qualquer felicidade e risadas remanescentes daquele momento, daqueles votos silenciosos... Elas se encolheram como folhas em um incêndio quando Lucien olhou com desprezo para nossos anéis. Para o quanto estávamos próximos. Engoli em seco.
Rhys também reparou. Era impossível não ver.
Meu parceiro se inclinou contra o arco entalhado e falou para Lucien:
— Presumo que Cassian ou Azriel tenham explicado que, se ameaçar alguém nesta casa, neste território, lhe mostraremos formas de morrer jamais imaginadas.
De fato, os illyrianos deram risinhos de onde estavam, à entrada da sala de jantar. Azriel era de longe o mais assustador dos dois.
Algo se revirou em meu estômago diante da ameaça... da agressão sutil e mansa.
Lucien era — fora — meu amigo. Não era meu inimigo, não totalmente...
— Mas — continuou Rhys, colocando as mãos nos bolsos — entendo como esse último mês deve ter sido difícil para você. Sei que Feyre explicou que não somos exatamente como os boatos sugerem... — Tinha deixado Rhys entrar em minha mente antes de descermos, mostrado a ele tudo o que acontecera na Corte Primaveril.
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Corte de sacrifícios e vinganças
FanficA vida de Alyssa Archeron, a filha mais velha da família Archeron muda drasticamente quando durante uma madrugada bestas feéricas aladas invadem sua casa e levam a si e suas irmãs até o outro lado da muralha. Caindo direto nas mãos de um rei cruel e...