Corte de sacrifícios e vinganças

Capítulo 67

Azriel se sentiu em uma tortura sem fim enquanto levava Alyssa em seus braços até a casa na cidade. Talvez ele esteja ficando louco, entretanto, ele pode jurar que seu corpo está cada vez mais consciente da presença de sua parceira.

Suas mãos frias causaram arrepios em sua espinha, os fios de seu cabelo soltos ao vento raspavam seu pescoço e causavam uma sensação de coceira em sua pele, a pele macia de seu rosto tocava seus ombros e apesar de não ver seu rosto, Azriel sabia que Alyssa estava sorrindo contra seu corpo.

Em todos seus anos como Mestre-espião, Azriel nunca precisou lutar tanto com seu autocontrole como agora. Do contrário ele sentia que a besta em seu coração sairia e arrebataria Alyssa em plenos ares.

O suspiro de alívio que escapou involuntariamente por seus lábios quando ele avistou a janela aberta do quarto de Alyssa foi tão perceptível que a fêmea alinhada em seus braços ousou rir levemente contra seu pescoço.

Ciente do que causava em seu coração e se vangloriando com isso.

Com os pés firmes no batente da varanda, Azriel se moveu cuidadosamente para entrar no quarto escuro e silencioso de Alyssa, a qual não dera indícios de soltá-lo mesmo sabendo que há haviam chegado em seu destino.

— Você precisa se limpar. — Ele disse com a voz rouca raspando a carne sensível de sua garganta seca. O cheiro de vinho e suor que era exalado pela feérica se fundiu com seu cheiro natural metálico e a mistura deles o intoxicava como uma droga tão viciante que Azriel temia se tornar dependente dela.

A fêmea em seus braços se moveu, tirando o rosto da curva de seu pescoço e o encarando fixamente.

Os olhos azuis cinzentos pareciam cobertos por uma camada de vapor úmido, os lábios avermelhados estavam franzidos num beicinho, as bochechas pálidas ligeiramente coradas como rosas e fios de cabelo castanho grudados em seu rosto magnífico.

— Está insinuando que estou fedendo? — Alyssa o questionou, a voz ligeiramente rouca parecia estar coberta por um tom de tristeza e seu rosto franzido como se ele tivesse a ofendido de maneira impiedosa.

Ah, Azriel poderia jurar que seu coração quase caiu de seu peito e se chocou contra seu estômago pela falta de ar que o atingiu violentamente.

Ele sempre soube que Alyssa era divinamente bela, mesmo quando ainda era humana, e mesmo sendo feérica. Entretanto ele pode jurar pela sua alma que ela nunca esteve tão bela quando agora, sua beleza era celestial, algo moldado pela própria Mãe.

Ele nunca virá fêmea mais deslumbrante quando sua parceira.

Seus braços presos a cintura de Alyssa se apertaram, sua respiração parecia queimar em seus pulmões e seu coração certamente perderá algumas batidas.

— Não. — Ele a respondeu, porém Alyssa não pareceu convencida, bufando pelo nariz arrebitado ela usou suas mãos apoiadas em seus ombros para se empurrar para baixo e moveu seus pés para cima e pra baixo na tentativa de se desvencilhar de seu abraço.

— Mentiroso. — Declarou ela, ainda lutando para se soltar de seu toque enquanto se movia como uma criança fazendo birra.

— Coloque-me no chão. — Ordenou Alyssa com os lábios franzidos num bico.

Uma centelha de luz surgiu nos olhos âmbar de Azriel e um sorriso suave cruzou seu rosto, seus lábios torcidos num arco fizeram um par de covinhas pequenas surgirem em suas bochechas e os olhos azuis de Alyssa se fixaram nos pontos afundados em sua pele bronzeada.

— Como desejar. — Com movimentos cuidadosos ele a colocou no chão e ficou parado em frente a grande janela observando Alyssa se virar e caminhar com calma em direção a porta do banheiro enquanto ela acenava com a mão levemente no ar e as luzes do quarto se acendiam com um brilho suave.