Corte de sacrifícios e vinganças

Capítulo 8

Honestamente, eu sei que foi imprudente simplesmente levar as garotas para a taberna, mas minha consciência não iria me permitir dormir em paz sabendo que elas teriam que lidar sozinhas com o que aconteceu naquela noite.

Então eu tomei a decisão de levá-las até o lábios de anjo, Eve ficou boquiaberta quando me viu chegar no meio da noite com cinco garotas em uma carroça e completamente ensopada de sangue, eu havia lhe dito antes de sair que seria um simples trabalho, rápido e imperceptível, tenho certeza de isso foi uma grande mudança de planos.

Eve ouviu a breve história sobre o que aconteceu no quartel general, seus olhos ficaram frios quando eu dei sutis detalhes da situação no bordel clandestino, no fim ela decidiu acolher todas as garotas na taberna, eu sabia que Eve não poderia recusar ajudar essas garotas sabendo o que elas haviam passado.

Elize que estava fazendo hora extra hoje, acabou por ficar encarregada de cuidar dos machucados das garotas a mando de Eve, Meria também estava na taberna essa noite ela viu como as garotas estavam tremendo e assustadas e decidiu fazer um chá tranquilizante para ajudar as garotas mais nervosas a se acalmarem.

Algumas outras cortesãs que estavam trabalhando no lábios de anjo me viram chegar na carroça com as garotas e entrar em uma das salas vagas no segundo andar, elas decidiram se juntarem para ajudar as garotas a se adaptarem aqui, a maioria das cortesãs sabiam o peso do abuso e com um sentimento de solidariedade elas acabaram por decidir as ajudar a lidar com o trauma.

Eu não fiquei para ouvir a conversa de Eve e das outras cortesãs com as garotas, eu precisava me limpar já que o sangue estava começando a me incomodar e provavelmente elas não ficariam mais calmas vendo uma assassina banhada em sangue as observando na mesma sala.

Decidi usar um dos quartos desocupados para tomar banho, não me importei muito com a água fria da banheira e com o sabonete oleoso que estava pela metade no armário da pia, me limpei rapidamente e aproveitei para tirar o suporte da adaga que eu havia escondido no tecido de minha calcinha.

Quando terminei meu banho rápido me enrolei em uma toalha e fui até o corredor vazio, caminhei até o quarto onde estava minhas roupas de quando eu cheguei aqui, me troquei sozinha e decidi não vestir o espartilho dessa vez, deixei solto meu cabelo semi molhado e desci até a sala onde estavam as outras garotas reunidas.

Eu parei no último degrau da escada e observei a atmosfera mais calma e menos pesada na sala, Eve estava bebendo seu famoso vinho sentada em uma poltrona, Elize estava sentada no encosto do sofá onde três garotas estavam sentadas bebendo o chá que Meria havia preparado, ela deve ter ido cobrir seu turno já que não estava na sala.

As outras duas garotas estavam sentadas em uma mesa próximas a lareira, notei que todas estavam vestidas com outras roupas de algumas cortesãs e com seus machucados tratados, a garota ruiva que eu encontrei na fila estava com uma atadura enrolada no pescoço, por conta das cicatrizes do ferro usado para machucá-la.

Nenhuma delas parecia ter notado minha presença, mas a garota ruiva passou os olhos pela sala e me viu encostada no batente da porta, ela suspirou baixinho e seu ato fez com que as outras garotas que estavam ao seu lado olharem para onde ela estava olhando.

De repente todas as mulheres na sala se viraram para mim, as garotas já estavam mais calmas e seus semblantes pareciam mais relaxados, quando Eve me viu ela me olhou de cima a baixo e fez uma careta de desgosto o que me fez sorrir para ela de uma forma maliciosa, ela sempre fazia isso quando me via mas eu sei que ela me adora.

— Elisabeth disse que você matou todos os homens do quartel general. Eu achei que você tinha dito que isso seria um simples trabalho, não é?

Suas palavras eram duras e rígidas, ela apontava para a garota ruiva que estava me olhando atentamente agora, ela parecia quase aliviada em me ver mas envergonhada por Eve a entregar tão rapidamente.