Capítulo 20

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Para a fala de Elain, eu não comentei nada mas um sorriso fantasma cruzou meu rosto, suave e sutil, que logo desapareceu rapidamente.

A sala estava silenciosa, Feyre e seus companheiros estavam com suas bocas fechadas e não emitiam nem um único suspiro.

Estavam contemplando o fracasso do acordo? Ou os inúmeros deslizes de língua que cometeram durante a reunião?

Não me importava, já que, eu possuía um trunfo escondido caso as coisas não saíssem da maneira como eu planejei.

Lentamente começo a caminhar em direção a escadaria, o som dos meus saltos se chocando contra o chão de madeira polido ecoavam junto ao farfalhar da bainha do vestido que eu vestia.

A atenção de todos fora voltada para mim agora, ignoro os olhares em minha direção e vou até Lucy que apareceu como um espectro no último degrau da escadaria, sua longa franja cobria seu rosto mas eu podia saber que sua expressão estava cheia de desgosto em relação às rainhas.

A mão de Lucy se estende em minha direção, meus dedos longos e pálidos cobriam sua palma áspera com calos e cicatrizes pequenas enfeitando sua pele.

Antes de começar a subir os degraus com a ajuda de Lucy me viro para o Grão-senhor, que estava no mais completo silêncio e olhava diretamente para o nada.

— Eu espero, que a tal garantia que você prometeu as rainhas, Grão-senhor, não seja algo de grande importância, caso contrário já posso prever o que acontecerá assim que as rainhas colocarem a mão nessa informação.

Os olhos violetas do Grão-senhor me encaram, posso ver um mar de águas turbulentas se formando em suas íris. Apreensão, incerteza, talvez até mesmo arrependimento.

— Não temos outra opção, só nos resta apostar na sorte. — Sua voz contém uma rouquidão, que acredito ser pela súbita explosão que teve durante a reunião.

Eu apenas olho para seu rosto por um instante antes de me virar e começar a subir os degraus lentamente.

No último degrau, com Lucy ainda segurando minha mão, minha voz cheia de arrogância mas com um tom de aviso ecoa escada abaixo.

— Espero que não se arrependa de sua decisão. E lembre-se, que a sorte não está do lado de ninguém, Grão-senhor.

É a última coisa que digo antes de sumir nos corredores e voltar para meu quarto.

Algum tempo depois

É primavera nas terras humanas, e também o dia em que as rainhas voltaram para receber a garantia apresentada pelo Grão-senhor na reunião de tempos atrás.

A sala já havia sido preparada ontem durante a noite, como da última vez os móveis foram colocados longe do espaço vazio no centro da sala, local onde as rainhas apareceram assim que atravessaram para cá.

Hoje, porém, apenas a rainha mais velha e a rainha de cabelos dourados estavam presentes junto com seus sentinelas ao seus lados.

Feyre vestia um vestido de cor marfim esvoaçante e a coroa de penas de ouro, mais uma vez estava ao lado do Grão-senhor, porém suas mãos estavam unidas uma com a outra.

Minha sobrancelha se curvou quando notei o ato carinhoso entre minha irmã e o Grão-senhor, as rainhas também notaram, a mais velha, vestindo um vestido de cor esmeralda muito parecido com o qual eu usará na reunião anterior, os observou de cima a baixo e simplesmente se sentou sem que fosse convidada.

A mais nova, não se moveu por um momento antes de inclinar sua cabeleira cacheada dourada e se sentar ao lado da companheira.

— Agradecemos por tomarem o tempo para nos ver de novo. — O Grão-senhor pronunciou sem inclinar sua cabeça.

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