Capítulo 13

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Já passava das 2 da manhã, o vento frio da noite entra pela janela que eu não me dei ao trabalho de fechar, mesmo depois de todos os olhares de repreensão que Lucy me lançou antes de ir embora, as cortinas brancas farfalhavam com o vento fazendo com a luz do luar tremeluzir enquanto iluminava o quarto.

Sentada em uma poltrona de cor vinho com detalhes de arabescos entalhados na madeira escura, e uma xícara de café em cima da mesa a minha frente, um grande mapa de toda Pythian estava aberto sobre a mesa e um tabuleiro de xadrez com algumas peças faltando ao lado.

A Corte Primaveril era representada pelo peão, a Corte Estival representada pela peça da torre, a Corte Outonal era marcada pela peça do cavalo, ambas as Cortes Invernal e Crepuscular eram representadas pelas peças do bispo, a Corte Diurna era representada pelas peças do cavalo.

A Corte Noturna era representada pela peça da dama e o reino de Hybern era marcado pela peça do rei.

Minha mente funcionava a todo vapor durante as madrugadas, era como se um botão fosse apertado durante o meio da noite fazendo as engrenagens da minha mente funcionarem repetidamente.

Minha mente trabalhava sem parar em busca de alguma saída objetiva caso as rainhas recusassem a carta, sempre fui boa em prever o pior e isso fez com que eu ficasse a pelo menos horas a fio observando o mapa de toda Pythian em busca de alguma ideia.

E a única coisa em que consegui pensar foi em um plano nem um tanto agradável, um plano baseado em mentiras e manipulações.

Não era como se eu me importasse com o fato de ter que enganar algumas pessoas ou machucar os sentimentos de outras para que esse plano desse certo, empatia nunca foi minha principal característica de qualquer forma.

Suspirando pesadamente agarrei a xícara de café fumegante sobre a mesa e tomei um gole da bebida amarga, sozinha em meu quarto me lembrei de que não tive tempo para conversar com Feyre após o jantar.

Quando ela partiu há quase um ano, muitas coisas mudaram.

Isso já faz quase um ano.

As pessoas mudam com o tempo e as dificuldades da vida, e eu podia ver que Feyre havia mudado, o brilho em seus olhos cinzentos não podia passar despercebido por mim.

Eu não podia ignorar como se fosse apenas um sopro, não quando eu mesma tinha sentido na pele como a vida é cruel e impassível diante dos fracos.

Houve uma vez há alguns meses atrás em que ela havia voltado após o Grão-senhor da corte Primaveril a mandar de volta, eu não estava na propriedade no momento, eu havia feito uma viagem até o continente em busca de informações sobre as terras feéricas, e quando voltei ela já havia partido novamente de volta para o outro lado da muralha.

Quando a vi naquela sala de jantar sentada e vestida feito uma rainha eu senti meu coração se apertar, ela estava viva, quando vi o olhar do Grão-senhor da corte noturna cair sobre ela com uma ternura escondida em suas íris estreladas senti meu estômago se embrulhar.

Em um único instante eu havia percebido o que puxava Feyre até o outro lado da muralha, em um único momento percebi o porquê dela ter pintado um céu estrelado no seu puxador da gaveta na cômoda que dividimos há muitos anos.

Fechando meus olhos enquanto inclinava minha cabeça para trás contra o encosto da poltrona, a imagem de um par de olhos frios com as cores castanha e âmbar misturadas nas íris surgiu em minha mente.

Me lembrei da imagem do mestre-espião da corte noturna, seu rosto, seus olhos, sua voz, minha respiração estremeceu levemente quando me lembrei de seu olhar sobre mim, desconfiado, em alerta e frios.

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