Corte de sacrifícios e vinganças

Capítulo 48

Alyssa era uma contradição.

Ela sorria como uma fera observando sua presa, os dentes brancos afiados expostos brevemente sob seus lábios curvados num sorriso predatório.

Seu dedo apontado era como uma adaga afiada mirando no centro de seu coração, pronta para cravar-se em sua carne a qualquer momento.

— Meu nome é Lucien. — engolindo em seco Lucien se endireitou, sua postura era elegante e ereta contra a cadeira mas sua feição pálida era o grande contraste com suas ações.

Alyssa sorriu para Lucien, os lábios se abriram e um nome soou cantado por sua língua atrevida.

— Lucien…belo nome. — Os olhos cinzentos da fêmea na cabeceira estavam brilhando levemente com um brilho de diversão e provocação.

Um arrepio subiu pela espinha de cada pessoa sentada na mesa de jantar. Até mesmo Amren, com sua postura inabalável e confiante não pode deixar de se arrepiar levemente sob sua pele. Apesar de não deixar transparecer em seu belo rosto afiado.

— Eu me pergunto o porquê de você tê-lo deixado ficar aqui, Feyre? — Alyssa questionou, um tom de voz incerto com uma leve inocência na fala, entretanto seu rosto frio e olhos afiados não combinavam com sua pergunta.

A taça em sua mão foi posta sobre a mesa, a ponta de seu dedo indicador batia ritmicamente sobre madeira escura da superfície da longa mesa de jantar.

— As coisas são mais complicadas do que imagina. — fora Rhysand que respondeu a pergunta da fêmea de cabelos castanhos dourados.

Os olhos azuis cinzentos de Alyssa se moveram em direção ao Grão-senhor que, inconscientemente ou propositalmente se colocou em guarda entre ela e Feyre.

— Oh.

Essa foi a única sílaba que Alyssa respondeu. Os olhos azuis ainda estavam fixos no rosto do Grão-senhor quando ela sorriu cruelmente, como um lobo feroz que buscava sua presa pelo cheiro de seu sangue fresco.

— Lucien é…meu amigo, Alyssa. E também parceiro de Elain. — Feyre colocou sua mão que estava escondida pelo ângulo em que se encontrava, sob a mão de Rhysand que estava fortemente pressionada contra o apoio da cadeira.

— Ah sim, quase me esqueci sobre essa tal parceria. — Alyssa exclamou, sorrindo com zombaria e divertimento.

Lucien não pode deixar de se mover,os nervos em seu corpo gritavam para que ele fugisse, os inúmeros instintos dentro de seu corpo o sacudiam e arranhavam sua carne por dentro pedindo para se libertar.

E Azriel, ainda com sua máscara de indiferença e frieza, não teve uma reação tão diferente da de Lucien. Suas mãos se fecharam em punhos sob suas coxas, as veias grossas marcaram sua pele, sua garganta ondulou como uma onda agitada do oceano feroz.

Os olhos âmbar não puderam de se ficar no rosto da fêmea cruelmente maligna e ao mesmo tempo cruelmente bela.

Como uma papoula, vermelha e sedutora mas inebriante e viciante, que o arrasta para um abismo de ciclo sem fim de morrer e se viciar no veneno que bebe.

Essa fêmea que era sua parceira. Sua igual, a parte que lhe completava segundo a própria Mãe.

Os lábios de Alyssa se ergueram num arco sedutor, deslizando pelo rosto de todos sobre a mesa e parando no rosto do Mestre-espião.

Os olhos azuis cinzentos escureceram por um momento, como se uma escuridão fantasma engolisse suas íris frias, os cílios escuros tremulavam por um segundo, como penas finas e longas de um corvo.