Dormi feito um bebê na noite anterior, sequer tirei minhas roupas do jantar de ontem, o cabelo castanho dourado despenteado e a boca cheirando a vinho.
Bocejei o hálito quente da manhã, minha língua estava áspera e meus dentes pareciam cobertos por uma camada pastosa nojenta.
Olhando para o teto do meu quarto me lembrei das imagens quebradas dos sonhos incompletos que tive na noite anterior.
Sangue quente me encharcou da cabeça aos pés, grudando em minha pele suada, uma armadura pesada cobria meu corpo, fumaça encheu meus pulmões e uma sensação fria amarrada em meus pulsos me arrastou até um abismo.
Amarrada com inúmeras correntes frias contra meu corpo, apertando minha pele enquanto eu me debatia e rugia aos céus. Algumas imagens borradas de pessoas acima de mim falavam frases incoerentes e pessoas gritavam em minha direção, berrando palavras e jogando qualquer coisa que encontrassem na minha frente.
Dor cortou meu corpo, pedaços rasgando e pele cortada, carne e lâminas se encontrando e um par de olhos dourados me observando na escuridão.
Vendo frio rasgou meu rosto enquanto eu caia pelo ar sem fim, água fria encheu meus pulmões, escuridão cobriu meus olhos e gelo me cercou.
Um coração começou a bater em meu peito, pulsando baixo, coberta de calor e líquido viscoso, me sentia pequena e frágil, mas aconchegada.
Pisquei por um instante e então tudo sumiu. Estiquei meu braço em frente aos meus olhos e observei minha mão, fechei lentamente meus dedos em um punho e senti uma sensação de fraqueza dolorosamente boa, os ossos que pareciam formigar e a carne que pulsava.
Abri e fechei minha mão mais algumas vezes e então me sentei observando meu quarto. Iluminado pela luz do sol que entrava pela janela aberta e o vento fresco da manhã.
Me levantei calmamente, meus pés descalços tocando o chão de mármore frio enquanto eu caminhava até o banheiro para tomar banho.
Fechei a porta atrás de mim e me despi em frente ao espelho, me observando inteiramente. A pele pálida e fria, a única cicatriz em todo meu corpo estava em meu quadril, uma que ganhei após uma surra que levei de Katerina há muitos anos.
Parei por um momento, minha boca se abriu lentamente e cantou o nome da mulher que me dera a luz.
— Katerina… — Me lembrei que há anos não falava esse nome em voz alta.
Entretanto logo afundei tal pensamento em minha mente e voltei a me despir, caminhando nua até a banheira enquanto desmanchava a trança em meu cabelo e abria a torneira para deixar a água quente encher a banheira.
Não esperei que a banheira enchesse completamente e entrei lentamente na banheira, me sentando contra o mármore frio branco e deixando a água quente submergir meu corpo.
Comecei a me lavar da cabeça aos pés, esfregando meu cabelo com um shampoo de açúcar mascavo e menta, e lavando meu corpo com um sabonete de lavanda.
O banho foi demorado, fiquei por pelo menos 50 minutos dentro da banheira sem me mover.
Talvez eu estivesse um pouco letárgica hoje.
Abri o tampão da banheira e deixei a água escorrer, saí da banheira lentamente e me enrolei em uma toalha branca, me movi em direção ao espelho e comecei a lavar meu rosto na água fria da torneira da pia e logo depois escovei meus dentes.
Sequei meu cabelo com outra toalha menor e sai do banheiro enrolada na toalha branca, fui até o guarda-roupa e procurei algum conjunto de peças íntimas e um conjunto de roupas.
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Corte de sacrifícios e vinganças
FanficA vida de Alyssa Archeron, a filha mais velha da família Archeron muda drasticamente quando durante uma madrugada bestas feéricas aladas invadem sua casa e levam a si e suas irmãs até o outro lado da muralha. Caindo direto nas mãos de um rei cruel e...