Capítulo 03

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     Fecho a porta do carro dando-me de cara com meu reflexo no vidro, dou uma leve organizada entre meu vestido de linho e na boina na cabeça, a cor champanhe certamente valorizou meus cabelos escuros. 

Apoio a pequena bolsa em meu antebraço e com um suspiro confiante caminho até a belíssima entrada do restaurante "Le cordon pasta". 

—Boa noite, Gyulia! Seu pai está a sua espera. 

Sorridente caminho ao lado de Anaís pelo ambiente grande e luxuoso, o cheiro de comida boa percorre todo o lugar. Observo alguns dos clientes de hoje, o restaurante está repleto de homens bem vestidos e estranhamente silenciosos, alguns observam-me rapidamente como se analisassem cada passo que minha bota de salto off white desse no chão. 

—Filha! Que bom te ver! —Olho para o velho se levantando de seu lugar com ajuda de David, seu guarda costas, papai é advogado e já resolveu vários casos aonde pessoas perigosas se deram mal. "Estamos em constante ameaça" é o que ele sempre dizia, está aí mais um motivo para sua superproteção. 

O coloco em meus braços calorosamente de maneira apertada. —Eu estava morrendo de saudades! 

—Ual, que botinhas bonitas! —Elogia meus sapatos tocando o tecido com sua bengala amadeirada de sempre. 

Se sentamos na mesa bem arrumada em tons de branco, rapidamente o garçom começa a servir nossas taças com seu melhor vinho tinto.  

—O mesmo de sempre? 

Papai e eu confirmamos nosso pedido ao garçom com sorrisos e balanço de cabeça. 

—Convidei tio Henrique para se juntar a nós mas ele não aceitou. 

—Ah filha, deixe seu tio Henrique ter o tempo dele...ele sempre foi o mais difícil, sabia? 

—Acho que vocês dois estão no mesmo nível...

O velho caí em risada. 

—Mas me diz como estão as coisas na casa nova? 

Sorrio presunçosa. —Está ótimo, tenho tudo que sempre quis! Priva-cidade, sem David e companhia caminhando a cinco metros de mim!  —Encaro os 3 seguranças ali presentes.

—Filha, sabe que precisamos nos cuidar...e olha, está sendo difícil demais saber que está morando em um bairro medíocre sozinha e sem proteção alguma...

—Papai, não se faça de coitado! Sei muito bem que eles estão revezando turnos da noite para vigiarem o apartamento. 

—C-...como você....?

—Não é muito difícil  não ver uma Ferrari azul céu parada na vizinhança. —Dou goladas generosas do vinho suave enquanto papai encara seus seguranças com fervor nos olhos. —De qualquer forma papai está tudo bem, Margot passará uns dias em casa comigo. 

—Ufa! Na Margot eu confio, fico mais aliviado em saber que tem companhia! 

Pobrezinho, se ele souber do real comportamento de Margot ele morreria do coração, imagina se ele a visse em uma das festas que já fomos juntas? Loucura. 

—Me conta como foi o caso lá em Madrid.

—Ah...bem...foi ótimo, venci mais uma vez.

—Foi contra quem?

—Ah, filha, vamos deixar esses assuntos chatos para outro dia! —Responde meio embanananado.

Papai parece um tanto nervoso, ansioso, parece querer me dizer algo mas não sabe por onde começar.

O garçom nos serve os pratos mais deliciosos e famosos do restaurante, e tudo está perfeito, cada garfada é um conjunto de boas sensações.

—Papai eu...estou com alguém. —Solto de forma rápida.

Em suas mãosOnde histórias criam vida. Descubra agora