Sinto cada célula do meu corpo vibrarem de forma ardida dentro de mim, antes de abrir os olhos sinto meu pulmão subir e descer rapidamente, um frio percorre minha espinha pois tenho a percepção de que me encontro só com as roupas íntimas, minha pele está molhada e ardendo de forma inimaginável.
-Até que enfim acordou, princesa. -Encaro os olhos mais amargos que já presenciei em minha vida.
Tento me mover mas minhas mãos estão amarradas de forma dolorida atrás da cadeira que me colocaram sentada.
-SOLTEM ELA! ISSO É ENTRE NÓS DOIS.
Meus olhos agarram sua silhueta robusta, também preso a uma cadeira. Papai, ele está um pouco a frente de mim, enraivecido, pronto para matar alguém. Nunca o vi dessa forma mas agora tenho consciência de que essa sempre foi sua verdadeira face.
O homem velho e magricelo acena a seu colega, meu coração dispara ainda mais ao vê-lo se aproximar de mim com um balde, sem pestanejar ele vira o objeto em minha cabeça, a água gelada alisa todo meu corpo, deixando-me com calafrios. O inimigo de meu pai, acende um bastão que pulsa eletricidade.
-Não,não,não o que você vai fazer?! -Suplico ao vê-lo caminhando até mim.
Papai grita palavras inaudíveis mas sua voz ressoa estrondosa, uma dor da qual jamais imaginei sentir repercute por todos os meus músculos, pele e até ossos, meus gritos são incessantes e impossíveis de guardar para mim.
-QUANDO EU SAIR DAQUI VOCÊ É UM HOMEM MORTO.
As mãos frívolas do homem asqueroso agarram meu rosto em desprezo:
-Papaizinho, vem me salvar vem, olha o que esses homens malvados estão fazendo comigo...-O velho caí em uma risada maléfica após proferir estas palavras debochando da minha indisposição para dizer qualquer palavra que fosse. -Olha que eu ainda nem comecei...-Ele desliza o bastão desativado entre minhas pernas descobertas.
Meus olhos se fecham em desalento, não choro só por dor mas por nojo, nojo de senti-lo me tocando dessa forma, sinto pena de meu próprio corpo e vergonha também...
-NÃO TOQUE NELA, NÃO TOQUE. -Papai grita em desespero se debatendo na cadeira.
-Ela nem ao menos sabe o que Arthuro fez, Roberto. -Ele ri no canto da sala imunda e escura, Rick esta aqui assistindo tudo de camarote.
Roberto. esse é o nome do meu perseguidor.
-Você quer ouvir a história, Gyulia? -O homem pega uma cadeira no canto da sala e se aproxima de mim. -Há alguns anos atrás, seu papai veio na minha boate atrás de mim para procurar uma tal de Rosa, modéstia parte eu sou muito bom em encontrar até agulha num palheiro...quando a encontrei pedi uma quantia a mais...
-Desgraçado, você me pediu mulheres para vender! -Rick soca o rosto de papai com um força considerável fazendo-o se calar.
-Você sabia no que estava se metendo mas seu desespero para encontrar a sua esposa patética era maior que qualquer coisa...ele não me pagou Gyulinha...houve uma breve discussão recheadas de tiros e um deles acertou minha esposa grávida que faleceu segundos depois. -Meu coração entra em uma profunda aflição, papai...ele matou uma mulher...grávida. -Triste não é? Não pela minha mulher afinal ela era um pé no saco mas me importava com o filho que ela estava esperando, afinal eu sou um velho solitário e preciso de um herdeiro... mas tudo foi por água abaixo. -Ele cospe no chão em forma de maldição.
-Deixe Gyulia ir, o assunto é entre você e eu. -Diz meu pai de forma frívola.
-Sabe, Gyulinha eu queria mata-la mas vendo você ,finalmente, pela primeira vez, vejo que tem potencial, eu e você faríamos lindos filhos.
Meu estômago se revira em repudia:
-Eu jamais me deitaria com você, seu nojento.
Isso foi o suficiente para fazê-lo golpear meu rosto com um soco dolorido, minha visão fica turva por alguns instantes e meu rosto...ele fica adormecido, sinto o gosto amargo de meu sangue em meus lábios. Seu capanga joga mais um balde de água gelada em minha cabeça e de forma maldosa Roberto coloca o bastão elétrico em minha pele o ligando e iniciando conturbadas sensações dentro de mim.
É como se meus ossos se contorcessem dentro da pele que queima e arde cada milésimo de segundo a mais, meu pulmão e meu coração trabalham de forma frenética, sinto dor até nas pontas dos dedos .
Ele desliga o bastão mas meu corpo permanece quente como tochas de fogo, minha visão fica cada vez mais debilitada como se minha consciência estivesse sumindo aos poucos mas consigo notar os homens de Roberto caindo ao chão, um por um, Rick corre para longe, o homem que prestava seus serviços jogando água em meu corpo atira freneticamente para algo perigoso nas sombras do lugar, meus olhos não acreditam no que estou vendo, é Vivian...ela está aqui, veio me salvar?
Ela mata o cara com apenas dois tiros certeiro na cabeça, Roberto tenta se aproximar de uma arma solta no chão mas Vivian agarra o homem pelo pescoço, vejo ela bater sua cabeça duas vezes na parede grossa do ambiente, em poucos segundos ela o joga no chão desacordado:
-Melhor deixar você todinho pro Lorenzo.
Meu coração bate forte no peito, aliviado, eu estou salva, Vivian me salvou.
-Gyulia, não precisa chorar, você está bem agora. -A ruiva se aproxima soltando minhas mãos daquela corda maldita, caio em seus braços em angústia, desespero e dor, ela me enrola em sua jaqueta e em instantes eu apago.
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Em suas mãos
RomanceOs respingos de sangue se chocam em meu vestido vermelho clássico, um tanto curto demais. O barulho de estouros estalam os meus ouvidos fazendo-me incômodo com o agudo que agora, ecoa em minha mente, os homens bem vestidos que me prenderam nesta sal...