Capítulo 10

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  Paro de ler o livro em minhas mãos, por um instante para varrer meus olhos pelo imenso lugar. Jim e Beto estão há uns 5 metros de distância, parados como estátua com suas mãos cruzadas na frente do corpo. Parece que me desacostumei em ter "seguranças" sempre tão próximos, estou desconfortável, mesmo sentada nesta deliciosa poltrona a frente de uma grande janela de vidro, com direito á bela vista para o jardim; Eles me atrapalham na leitura, sinto com se eles estivessem lendo este caloroso livro de romance comigo. 

Dou um grande suspiro e volto minha atenção ao livro, já perdi as contas de quantas vezes li e reli a mesma frase. 

De repente, escuta se a grande porta da sala abrir e fechar em um estrondo, uma pequena mulher adentra o local carregando uma pesada pilha de livros e folhas, a pilha é tão alta que dificulta sua visão, mas pelos tênis All-star e a cantoria desafinada percebo que se trata de Amanda. 

A garota coloca sua pilha em uma das mesas de madeira do lugar e quando seus olhos caem em mim, sua garganta se fecha, causando-se um silêncio constrangedor .

—O que você está fazendo aqui? 

Jim e Beto exalam nervosismo. 

—Estou lendo. -Respondo em deboche. 

Amanda esbanja uma feição um tanto...irritada, a garota posiciona seus olhos árduos nos homens ali presentes, move seus lábios nervosos para dar lhes uma bronca mas rapidamente acrescento alguns detalhes:

—Lorenzo disse que poderia ficar aqui. 

Os olhos da garota se voltam á mim e um sorriso sacana brota de seus lábios. 

—Então você já se deitou com ele? Não deram o trabalho de esperar uma semana pelo menos? 

Levanto-me nervosa. —Do que você está falando? Eu não dormi com seu irmão e não pretendo fazer isso, nunca, mas se te incomoda tanto minha presença aqui eu vou embora. 

Amanda se aproxima de mim de forma tranquila. 

—Só foi uma pergunta, ok? é que Lorenzo está diferente e...bom, eu sei que você está passando por um momento difícil, a princesinha do papai descobriu que na verdade ele é um bosta e blá blá blá...—Gesticula indiferente. —Eu também passei por isso, a diferença é que eu descobri quando tinha 6 anos, quando pela madrugada encontrei um corpo no chão da sala. 

Meus olhos quase caem pra fora com sua revelação. 

—Você não faz parte disso? —Foi como se meus lábios tomassem vida própria. 

—Claro que não, Gyulia. Quero estudar, namorar e ter amigos como uma pessoa normal! Sempre fui contra essa parte da minha família, papai me obrigava a ajudar ou pelo menos a me defender de possíveis...situações mas assim que ele morreu, Lorenzo assumiu e me deixou com minha escolha. Nunca agradeci á ele, mas não há o que agradecer, não sou obrigada a participar dessas coisas horríveis, mas pra ser sincera eu gosto do dinheiro, você não? 

Engulo em seco. Como vou responder? Se há dias atrás estava no shopping comprando bolsas e sapatos com dinheiro vivo.

—Então...eu posso vir aqui? Quando quiser ? —Mudo de assunto. 

Amanda sorriu. —Sim, claro. Só não estrague nada. Essa biblioteca era da minha mãe , é importante pra mim!

—Claro eu...entendo. 

Na verdade não entendo muito, se minha mãe tivesse me deixado uma biblioteca eu provavelmente ateria fogo. 

—Henrique conversou comigo hoje depois da aula. 

Em suas mãosOnde histórias criam vida. Descubra agora