Capítulo 20

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 —...eu sei que ele não é uma pessoa boa, Lúcia ...é errado eu querer que ele fique bem e que tudo isso acabe com aquele outro homem se dando mal? —Desabafo em sinceridade a minha amiga que segura seu espanador nas mãos. 

—Claro que não, minha querida. Ele é seu pai! —Lúcia me envolve em um abraço caloroso. —Não quero mais que fique trancada neste quarto! Seu pai te ama e ele vai ficar bem, fim de papo.

Me jogo novamente na cama em desânimo. Tem dias que não acordamos entusiasmados esse é um dia em que eu gostaria apenas de ficar deitada na cama, fazendo somente o básico de um ser humano para sobreviver:

Beber água. 

Dormir.

Comer algumas besteiras. 

e banheiro. 

—Eu não quero sair daqui hoje, pode falar para Jim e Beto...Beto ficará muito feliz em saber que não verá minha fuça por horas! —Bufo. 

—Você não ficou sabendo? 

Sento-me, encarando a senhora com uma feição "Lá vem fofoca". 

—Do quê?! —Respondo em extrema curiosidade.

—Lorenzo dispensou Jim e Beto como seus guardas co...

—O quê!? 

—Primeiro foi o Jim, Lorenzo parecia irritado com ele e...

—Como assim irritado? Foi por causa do que aconteceu na piscina?...—Penso alto. 

—O que aconteceu depois que eu saí, Gyulia?

—Isso, não importa agora...eu não acredito que ele os colocou na rua por minha causa! —Exclamo irritada.

—Calma, Gyulia, ele não os mandou embora, só os colocou em outras tarefas, não seja exagerada. 

Suspiro aliviada. —Ufa! 

Então Lorenzo, tirou Jim e Beto de perto de mim, será que ele ficou com ciúmes pela forma que agi com Jim ontem?

Um sorriso malicioso brota em meus lábios. 

—Vamos,Gyulia, coloque uma roupa, estou te esperando lá no jardim. 

E a mandona Lúcia abandona o cômodo, me deixando com uma pulga atrás da orelha. 

Adoraria ter a certeza que Lorenzo estaria com ciúmes de Jim comigo mas por outro lado não quero ter falsas esperanças, afinal...melhor eu esquecer essa história. 

Falar com papai ontem foi cruel, saber que ele estava literalmente cruzando a fronteira de um país de forma ilegal apenas para poupar sua vida por mais alguns meses, deu me calafrios. Isso por ser meu pai, imagina se eu me relaciono firmemente com alguém, viveria com esses calafrios pelo resto da vida. 

Não posso mais deixar as fortes mãos de Lorenzo, seu pescoço tatuado sendo ressaltado em seu terno negro bem passado, seu perfume forte dançando com o oxigênio dentro de minhas narinas, sua boca e seu corpo rígido atrapalharem isso. 

Isso foi muito especifico, não foi? 

Eu estou ferrada. 

Com um longo suspiro e coragem eu desprendo-me dos lençóis macios. Vou ao guarda roupas aonde visto um macacão jeans curto, acompanhado de uma blusinha lilás, sento-me na penteadeira passando rapidamente a escova entre os fios desalinhados , faço uma trança, uma maquiagem leve com blush e saio do quarto vestindo o primeiro tênis que encontrei dentre as outras caixas. 

Ok. Estranhamente estranho sair do quarto e não encontrar a dupla dinâmica, aqui parados no batente de minha porta conversando sobe assuntos aleatórios, como no outro dia quando Jim disse a Beto que se ele fosse um objeto seria um vaso de flor. 

Em suas mãosOnde histórias criam vida. Descubra agora