Capítulo 16

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      —Você acha que eu não fiquei chateada que a vovó te chamou para beber e nem me convidou? 

Surpreendo-me com a afobada reclamação de Amanda, nitidamente tonta. 

—Eu...

—Não precisa se explicar, Gyulia! Eu que estou sendo uma pessoa arrogante com você e eu peço desculpas...fui uma idiota, babaca e...sei lá mais. 

—Está tudo bem. Todos somos idiotas ás vezes. 

Amanda sorri. 

—Jim, acho melhor você levá-la pro quarto. —Digo ao japonês retraído ao nosso lado. 

—O quê? Não posso ir agora, tenho que participar do brinde, por mais que meu pai tenha sido um bandido ele...era especial pra mim.

Será esse meu futuro?

Agora que sei toda a verdade de meu pai, tenho o pressentimento de que ele pode morrer a qualquer momento e que daqui há alguns anos serei eu celebrando ou praguejando sua trágica morte. A questão que ecoa em minha mente não é necessariamente essa mas sim "Meu pai tem tantos aliados e amigos assim?",do mesmo modo que este homem parece ter..? Será que terá inúmeras pessoas para prestigiar o seu legado?

—Ele estava parando com tudo isso a pedido de minha mãe...cortou alguns laços com pessoas ainda piores que nós...e não foi tratado muito bem por isso. Invadiram a casa e o mataram a tiros, meu pai morreu na hora... mamãe viu tudo e...morreu uma semana depois, teve um ataque do coração.

Amanda comenta entristecida.

Sua dor é quase,palpável, pobrezinha.

Um agudo tilintar de taça, ecoa por todo o ambiente, calando-se todos. Rute está à frente de todos, com um sorriso escandaloso, ao lado de Lorenzo.

—Eu quero agradecer a presença de todos vocês,mais uma vez ao nosso lado,nesta mesma data...que nos representa...dor mas também, coragem.  Samuel quis mudar o destino de sua vida e mudou de certa forma, quebrar alguns daqueles costumes que tanto nos machucava e morrer por isso foi algo, grande, algo que nenhum de nós teríamos coragem de fazer. Meu filho foi um homem grandioso e vamos celebrar isso!

Todos nós levantamos as taças ao céu, eles falam algumas palavras em conjunto, mas eu não entendo absolutamente nada. Bebemos o gole de um forte líquido que nelas haviam.
Por respeito ao falecido, fecho os olhos e coloco boas intenções em suas memórias.

Samuel ,filho de Rute e Augustus.

Pai de Amanda, Rick e Lorenzo.

Estou quase conhecendo a família inteira.

Caminho elegantemente até um pequeno altar feito a mão por seus familiares.

Admiro a foto enorme de Samuel ao lado do mural com velas e diversas flores.
Seu olhar é cativante e seu sorriso simpático, acho que de todas as suas características a mais parecida com Lorenzo, sem dúvidas, se trata do cabelo, cabelos escuros, cheios e perfeitamente cortados.

Com delicadeza acendo uma vela em sua memória, por mais que ele tenha sido, também, um mafioso, sinto muito por não ter o conhecido, aliás ele era o grande amigo de meu pai, e por ele estou aqui, protegida.

—Ele foi um grande homem, não foi? —Aquele senhor de cabelos grisalhos, que estava colocando "marmotas" na cabeça de Lorenzo, se aproxima.

—Ah...eu não o conheci. —Pigarreio.

Preciso me portar como uma sonsa, da qual não sabe de suas reais intenções comigo mas minhas mãos soam bastante com sua presença inoportuna ao meu lado.

Em suas mãosOnde histórias criam vida. Descubra agora