𝐆𝐢𝐯𝐞 𝐌𝐞 𝐀𝐥𝐥 𝐘𝐨𝐮𝐫 𝐔𝐥𝐭𝐫𝐚𝐯𝐢𝐨𝐥𝐞𝐧𝐜𝐞

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Eu estava cheia de veneno, abençoada com a beleza e a raiva.

As luzes do carro negro se apagaram, assim como toda a energia que haviam naquele transporte incrível e veloz.
O carro estava parado estacionado na grande garagem.
A viagem teria sido toda silenciosa, nós dois estivemos em silêncio, porém a raiva de Tom gritava através dos motores, maxilar cerrado, os dedos estavam brancos com a força que ele usava para segurar o volante que guiava o carro.

Eu não te chamei por nenhum outro nome, eu deixei você saber, que eu conhecia a verdadeira natureza do seu coração, que era má, e que me convenceu que a escuridão era real, que o demónio é o verdadeiro demónio, e que nem os monstros sabem que são monstros.

Tom saiu do carro, indo diretamente para o meu lado, abrindo a porta e me agarrando fortemente pelo braço, a maneira com que ele me puxou para fora do carro foi violenta, meu braço era esmagado com a pressão que sua mão fazia sobre ele.
Mas sinceramente, eu mal sentia essa dor.
Eu mal sentia que meu próprio corpo era real.
A morfina estava do meu lado agora, eu podia dizer que ela estava me ajudando.

Entrámos em casa, os passos pesados de Tom predominavam o ambiente, e eu? Eu ria loucamente agora.
Eu deveria estar com medo, eu sentia que sim, mas eu estava com uma vontade rir descontrolada.

"Tom, que porra-"
Bill, que estava com o corpo apoiado na grande ilha central da cozinha, agora ajeitava sua postura ao ver a raiva que estava esboçada no rosto de Tom.
Apenas ele estava ali, pelo menos entre a sala e a cozinha, apenas Bill ali estava.

"Essa puta fugiu para se "engolir" com o Loren." - A maneira frustrada com que Tom falava aumentava mais ainda ao ver minhas expressões risonhas.

"Com Loren?!" - Bill pareceu bastante surpreso.
"Ela não parece sóbria, Tom." - Murmurou Bill enquanto se aproximava de nós.

"Ninguém se mete porra! Eu cuido dessa vadia sozinho." - Gritou Tom, fazendo com que Bill recuasse.
Tom simplesmente passou por Bill, subindo as escadas enquanto me puxava com ele, entrámos no quarto, ele não soltou meu braço.
Agora ele fechava a porta atrás dele com força.
Seu olhar queimava olhando para mim, eu podia sentir sua raiva queimar altamente.
Era a adrenalina do momento, talvez ela fosse doer.

Tom me empurrou então contra o grande espelho na parede, era um espelho retangular que era possível observar toda sua estrutura através dele.
Eu estava de costas para Tom, ele pressionava minha cabeça fortemente contra o espelho, eu sentia que ele estava fazendo tanto pressão que o vidro poderia se rachar a qualquer momento.
Mas eu simplesmente não sentia aquilo especificamente, meu corpo estava contaminado de uma substância que estava sendo minha amiga agora, o que eu sei, é que eu não estava com vontade de rir mais.

"Você pertence a quem, Cat?" - Tom questionou gritando em meu ouvido.
Eu não respondi, porque eu simplesmente não conseguia fazê-lo, eu não respondi ou reagi, mas eu deixava pequenos gemidos escaparem, aquelas vozes insuportáveis contaminavam minha cabeça.

Por enquanto, o que eu sei é que embora eu não mereça você, não no seu melhor e em seu esplendor com imponentes eucaliptos que balançam em meu domínio.

Sua mão se entrelaçou em meus cabelos negros, puxando me para trás e em seguida causando uma forte colisão com o espelho novamente.
Dessa vez eu senti.
A forte pancada com que Tom havia feito minha cabeça colidir com aquele espelho, desta vez pude ouvir as partículas do vidro espelhado racharem, o que cortavam minha pele ligeiramente.

"A quem você pertence, Cat?!" - Repetiu Tom novamente.
Ele estava desesperado por ouvir minha rendição contra ele.

Quando você estiver louco, eu vou deixá-lo ser mau, eu nunca ousaria mudá-lo por algo que você não é.
Era eu me rendendo, pois meu pensamento invasivo de que um dia eu iria poder mudá-lo, de que um dia ele mudaria por mim, eu não acredito nessas merdas mais, eu tinha simplesmente que aceitar que meu destino com ele era esse.

Ultraviolence - Tom Kaulitz.Onde histórias criam vida. Descubra agora