𝐖𝐡𝐲? 𝐖𝐡𝐨, 𝐦𝐞? 𝐀𝐥𝐫𝐢𝐠𝐡𝐭

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Eu me sentia tão sozinha numa sexta-feira á noite, dirigindo rapidamente por aquela estrada molhada, a chuva caía violentamente no solo, o que dificultava a visão do caminho a seguir.
Eu não conseguia controlar minhas lágrimas, elas saiam disparadas, eu queria apenas Hanse, se eu pelo menos tivesse meu celular comigo para poder voltar a ligar para ele, para apenas ouvir sua voz me confortando, eu não iria tê-lo de volta tão facilmente e isso me matava.
Eu não sabia para onde estava dirigindo na verdade, eu apenas seguia o caminho deixando que o destino me guiasse, talvez eu pudesse morrer hoje mesmo, porque era isso que eu desejava no momento.

O caminho atrás de mim se iluminou, as luzes de um carro familiar me seguia, ele havia me seguido, Tom suma da minha vida e me traga quem eu era antes.
Carreguei o acelerador fortemente, pegando uma velocidade intensa, mas ele era mais rápido, o carro de Tom rapidamente me ultrapassou, eu entrava em desespero mais uma vez, ele avançou com o carro alguns metros á minha frente e parou em posição lateral, antes que eu chegasse se quer perto Tom saiu do carro se colocando em frente ao meu, o que me obrigou a parar se eu não quisesse passar por cima dele, a verdade era que eu gostaria imenso de passar por cima dele com o carro, talvez  assim essa dor e sofrimento finalmente fosse embora, Niragi iria ficar satisfeito e Tokyo iria ficar leve, eu apenas iria tirar esse peso de cima de mim, mas eu não conseguia, porque eu era apenas uma garota inútil que não conseguia se livrar daquele monstro que me perturbava.

Eu bati as mãos no volante já com o carro parado, encostei minha testa ao volante e deixei as lágrimas me contaminarem, agora eu chamava e gritava por Hanse, Tom bateu os punhos na frente do meu carro.

"Cat! Me desculpe!" - Ele gritou deixando a chuva o contaminar, eu negava com a cabeça arduamente, tentando não ouvir aquilo, tentando não ouvir suas desculpas mais uma vez.

"Eu não irei te machucar mais, eu juro! Eu irei me controlar." - Ele bateu com os punhos cerrados mais uma vez, eu não podia deixar que suas palavras entrassem em meus ouvidos, eu não podia deixar que ele me manipulasse mais uma vez, mas eu me sentia tão vulnerável, eu me sentia tão dependente em tão pouco tempo.

"Não, não, não." - Eu repetia para mim mesma tentando me enganar, tentando aguentar e seguir em  frente com tudo aquilo, eu levantei minha cabeça para olhar para ele, ele estava ali, totalmente encharcado, com aquela sua expressão arrependida de sempre, era tão falsa a maneira como ele se desculpava arrependido.

"Não me obrigue a ter que te tirar do carro contra a sua vontade." - Me perguntava o que eu deveria fazer então, deixar que o predador me pegasse? Com os olhos encharcados das lágrimas eu respirei fundamente e abri a porta do carro, saindo e a fechando com força atrás de mim.

"Porquê não me deixa ir Tom? O que você tanto quer de mim? Eu não quero viver assim." - Eu fui até ele o empurrando para trás, ele se desviava até agarrar meus braços contra seu peito.

"Acredite em mim, eu não irei te fazer sofrer mais, você tem que entender que não é culpa minha." - Realmente não era culpa dele, era culpa da vida que o universo havia lhe dado, mas no sentido literal era sua culpa sim, e eu odiava como ele se fazia de vítima agora, não era ele que escorria sangue pelo rosto, era eu.

Lentamente ele me deitou no capô do carro, e olhou para em meus olhos chorosos, a chuva caía sobre nós, poderia cair o mundo naquele momento mas eu não iria reparar, porque seu rosto me prendia para fora da realidade.

"Você me quer?" - Ele perguntou juntando nossas testas, eu não tive forças para responder eu apenas soluçava afogada em meu choro violento.

Eu te amo, mas você me deixa louca, insana e selvagem, eu nasci para ser livre, por favor, me ame altamente e não me machuque mais, eu sinto que estou morrendo por dentro mas você não consegue ver, me ame por favor, não me faça chorar, porque eu não sei se irei conseguir continuar com isso.
Se eu morrer agora mesmo? Eu quero morrer em seus braços.
Eu te amo, mas eu te odeio.
Você é tudo o que eu vejo, você é tudo o que eu odeio.
Você é tão doce, você é tão cruel.
Você está tão bêbado, gritando comigo.
Você está tão pedrado, dizendo lindas palavras para mim.

Agora ele apontava uma arma em minha testa e repetiu.
"Você me quer?" - Eu poderia morrer ali mesmo, porque ele estava mesmo em minha frente. Sempre ouvi dizer que todos possuíam um propósito aqui na terra, será esse o meu? Morrer com ele? Ele não era bom para mim, me perguntava se ele era bom para alguém.
Eu soluçava de tanto chorar, com aquela arma apontada para mim, parecia hábito.
Tom não parecia chateado, parecia preocupado.

Sinceramente se ele atirasse ali mesmo, eu não me importaria, é o que é.
Ele então tirou a arma de minha testa e afundou o rosto em meu pescoço e então ele gritou, podia sentir seu corpo tremer, podia ouvir a dor daquele grito, ele não conseguia simplesmente arrancar as palavras de mim, ele não podia saber o que eu estava sentindo porque nem o que ele sentia ele entendia.

Se ele é um serial killer, então o que há de pior?
O que pode acontecer com uma garota que já estava machucada? Eu já estava machucada. Se ele é tão ruim quanto dizem, então acho que estou amaldiçoada, olhando nos olhos dele, eu acho que ele já estava machucado, ele já estava machucado.

"If he's a serial killer, then what's the worst?
That can happen to a girl who's already hurt? I'm already hurt. If he's bad as they say, then I guess I'm cursed, looking into his eyes, I think he's already hurt, he's already hurt." - Happiness Is A Butterfly, Lana Del Rey.

"Eu mataria por você, garota!" - Ele exclamava em meu pescoço, fazendo minha pele se arrepiar com sua voz tão perto de mim, eu sabia que ele o faria, mas também sabia que ele era capaz de me matar a mim.

"Me deixe ser livre." - Eu murmurei entre soluços.
"Você não pode fugir de mim, Cat." - Ele olhava em meu rosto novamente, com seus braços apoiados em minha volta, eu sentia que meu destino era ficar com ele para sempre, e não é como se eu conseguisse fugir, porque querendo ou não ele era maior que eu, e ele nunca desistiria de algo que tanto deseja, eu não podia passar o resto da minha vida fugindo dele, mas eu também não poderia continuar com esse sofrimento eterno, eu o queria, era verdade, eu o queria muito, mas o queria diferente, eu o queria quando ele pensava o mesmo que eu, eu o queria quando ele não estava me agredindo fisicamente e verbalmente, eu me sentia totalmente apegada e submissa a alguém como ele, eu o odiava até á morte, mas não o suficiente para ficar longe.

"Volte comigo, uh? E eu prometo que te farei feliz." - Soava tão diferente vindo dele, eu não via verdade naquele coração quebrado, eu não confiava nele.
Era engano ou desejo?
Você pode me fazer sentir em casa, se eu te disser que você é meu? É como eu te disse, querido.
Não me faça ficar triste, não me faça chorar, ás vezes o amor não é o suficiente quando o caminho se torna difícil, eu não sei porquê.
Continue me fazendo rir, vamos ficar chapados juntos, o caminho é longo e nós continuaremos, tente se divertir nesse meio tempo.
Venha e dê um passeio pelo lado selvagem, deixei-me te beijar na chuva corrente, você gosta de garotas insanas.

"I feel so alone on a Friday night, can you make it feel like home, If I tell you you're mine? It's like I told you, Honey.
Don't make me sad, don't make me cry, sometimes love is not enough and the road gets tough, I don't know why.
Keep make me laugh, let's go get high, the road is long, we carry on, try to have fun in the meantime.
Come and take a walk on the wild side, let me kiss you hard in the pouring rain, you like your girls insane." - Born To Die, Lana Del Rey.

Ultraviolence - Tom Kaulitz.Onde histórias criam vida. Descubra agora